21 de set. de 2014

Capítulo 21: Inseguranças e Dr. Flynn


Saio logo cedo acompanhado de Taylor que me indica que tudo está preparado e acertado para o dia e a viagem. Ainda no carro assino alguns documentos urgentes. Taylor vai leva-los até o escritório enquanto ficarei na visita com Flynn. No caminho combino com ele algo que quero fazer para surpreender Anastasia e ao mesmo tempo me divertir um pouco. Vou apresentar a ela um dos meus hobbies favoritos, mais um dos meus brinquedinhos voadores. Ninguém mais quebra meus brinquedinhos voadores e eu posso comprar todos os que quiser. Por um breve momento as cenas da minha infância invadem meu pensamento, mas hoje não. Hoje não permitirei que a tristeza me visite.
—Taylor, enquanto fico aqui com Flynn quero que tome as providências para que o planador esteja à minha disposição amanhã, na Geórgia.
—Claro Sr Grey, resolverei isto agora cedo. Alguma recomendação especial?
—O de sempre: equipamento seguro, tudo vistoriado e desta vez com mais segurança ainda, pois levarei Anastasia junto. Que esteja tudo preparado para o amanhecer. Anastasia vai conhecer de perto o nascer do sol amanhã Taylor, bem de perto...
—Não se preocupe Sr. Grey, tudo estará providenciado do jeito que deseja.
Ele para o carro em frente ao consultório. É tão próximo do Escala que costumo vir à pé, chegamos rapidamente de carro. Taylor fica observando minha demora em descer. Estou sem coragem para dizer tudo ao meu analista e confidente. Serão tantas novidades... Olho novamente para frente e encontro os olhos indagadores de Taylor, que apesar de saber o que está acontecendo se mantém em seu silêncio sepulcral. Digo para mim mesmo em meus pensamentos tortos: —Coragem Grey, em frente e enfrente!
Saio do carro e enquanto encaro a subida do elevador. Vou preparando o espírito para o rol de informações que darei, já que as férias de John coincidiram com meu encontro de Anastasia, por isso ele nem imagina quantas novidades trago hoje nesta minha mala de pesadas e confusas emoções. Imagino a cara de John Flynn a hora em que eu disser: —Sim ela era virgem, estou praticando sexo baunilha e curtindo de montão esta nova experiência...
Chego ao andar e assim que passo pelas robustas portas de madeira maciça do consultório sou recebido pela delicada Sra. Diane, que tem idade suficiente para ser minha mãe. Ela é muito discreta e isto é muito importante para mim.
—Bom dia Sr. Grey, acompanhe-me, por favor. O Dr. Flynn está à sua espera.
Sua voz é terna, baixa e gentil e com seu andar suave me acompanha imediatamente ao consultório. Ela não abre a porta, pois sabe que eu prefiro fazer isto. Detesto ver mulheres abrindo as portas, isso é papel de homem, em qualquer situação.
—Obrigado, Diane!
Ela sorri e retorna à sua mesa na sala de espera. Adentro ao consultório luxuoso e ventilado de Flynn. O mesmo visual de sempre. Uma mesa de madeira maciça, acompanhada de estante recoberta de livros, poltronas confortáveis de couro de frente para dois sofás verdes escuros. As paredes são pintadas de um verde claro, elegante e discreto. Não existe um divã como na maioria dos outros consultórios que frequentei e abandonei. Este parece mais um clube de cavalheiros, fato que me deixa mais à vontade para soltar meus demônios e exorcizar meus pecados. John se levanta da mesa e vem sorrindo me receber.
—Ora, ora, quem veio me visitar hoje!
—Por livre e forçosa necessidade, John. E isso não é uma visita. É uma consulta.
—Muito obrigado pelas palavras. Estava com saudade de você também, Christian, mas da sua sinceridade... Nem tanto meu amigo, nem tanto.
Abraçamos-nos e rimos da situação. John aponta para o sofá sugerindo meu local de assento e se instala na poltrona em frente. Observo que sua aparência está mais jovial, seu aspecto mais saudável, apesar de estar sempre trajado de sua calça preta e camisa branca de linho, numa eterna sobriedade e discrição inglesa.
—Vejo que a viagem lhe fez bem John, você rejuvenesceu.
—Ah, claro que sim. Férias existem para isto Christian, para descansar e relaxar, você devia experimentar.
Reviro os olhos para ele, sentido a indireta direta.
—E como está a família?
—Muito bem. Todos felizes e descansados com energia para restabelecer a rotina depois de muito descanso e diversão. Nada como recarregar as baterias meu jovem.
 Um silêncio pesado recai na sala. Sinto que estou desconfortável e John me observa sem nada dizer. Passo a mão pelos cabelos, olho para o abajur simples que está sobre a mesa. Observo a caixa de lenços macios ao lado do abajur. Fico imaginado o quanto os demais pacientes choram nas consultas, pois percebo que a caixa é constantemente substituída. Nunca usei estes lenços, já que nunca chorei numa consulta.  Não sou homem que fique derramando lágrimas à toa. —É... Já na infância você deixou de produzir lágrimas não Grey?
É uma situação estranha. John segura um lápis entre os dedos e roda de um lado para o outro, enquanto equilibra aquele maldito caderninho de capa de couro no colo. De repente, ele quebra o maldito silêncio.
—Eu tenho muito tempo para você Christian, mas veja bem, esta nem é sua primeira consulta, nós já estabelecemos vínculo e confiança. Tenho um palpite de que você me trará novidades estarrecedoras hoje. Francamente, minha aposta nisto é tão alta que se não acontecer mudo de nome.
Eu respondo sarcasticamente tentando desarmá-lo.
—Ah, então a partir de hoje pode começar a atender pelo nome de Joana Flynn, vai ser lindo e hilário!
—Será mesmo? Será que minhas aulas de leitura corporal foram tão ruins assim? Olha aí, braços cruzados em atitude defensiva, pés batendo numa demonstração de ansiedade, tom de voz alterado pela respiração ofegante e ansiosa...
—Que merda John! Meu charme nunca te convence?
—Não. Não convence. Mas tenho tempo e você tem dinheiro. Então está tudo certo...
Respiro fundo. Este John Flynn é realmente um sacana filho da puta. Ele consegue desvendar alguns mistérios que eu tento esconder. Tomo coragem e começo de uma vez.
— Anastasia Steele.  Este é o nome da dona de uma boca muito inteligente que vem me confrontando nos últimos dias, ou melhor, nas últimas semanas.
—Certo...
—Certo nada John. Está tudo errado.
Levanto-me e vou para trás do sofá. Ele nem se movimenta. Continua segurando o maldito lápis, me encarando com seus olhos espreitadores de lince. Ainda de pé, seguro no sofá como se encontrasse a segurança necessária para acabar a narrativa.
— Algo tem me desviado da órbita do meu mundo tão centrado e controlado. Este algo  tem um corpo esguio, pele bem macia, cabelos castanhos de um cheiro inebriante e os olhos de céu mais fantásticos que já vi. Ela invadiu meu mundo de um jeito tão diferente que não consigo mais parar mais de pensar nela.
— Ahã...
—Bem e neste momento, minha órbita segura está abalada pela ausência dela porque viajou para a Geórgia, foi visitar a mãe e o padrasto.
—Vamos com calma, Christian. Preciso entender esta história melhor. Onde você conheceu Anastasia, foi num destes clubes, foi Elena quem apresentou? O de sempre?
—Não. Eu a conheci despencada no chão do meu escritório. —E não tenho como conter uma risada alta, lembrando-me da cena dantesca. Pela primeira vez John franze o cenho e muda de posição na cadeira.
—Ah, agora sou eu que posso ler sua postura corporal Doutor. Curvado para a frente demonstrando total curiosidade e expectativa pela história.
—Realmente “Doutor Christian”, mais deixemos de charlatanismo, a consulta é sua.
—Sim, é exatamente assim que Anastasia te chama: Doutor Charlatão que cobra caro.
— Oh, que bom. Sinal que você já se abriu e me apresentou a ela. Isto é realmente um ganho. E eu não me importo de ser chamado de charlatão. Nós dois sabemos que isto não é verdade. Mas estou realmente curioso, continue por favor.
Dou a volta pelo sofá e me sento de frente para ele novamente.
—Bom, ela substituiu sua amiga de faculdade numa entrevista para a SWU, que eu marquei com muita relutância. Estava tão nervosa que escorregou e caiu assim que entrou em minha sala.
Ele me espreita curioso, mas não interrompe me deixando à vontade para falar.
— Bom, o jeito simples e inocente dela me chamaram a atenção.
—Um jeito submisso, você quer dizer?
—Isso, um jeito submisso. Mais por incrível que pareça, meu maldito focinho farejador de submissas, impecável até agora, foi nocauteado pela Srta Steele.
John se move no sofá e dispara.
—Você está me dizendo que ela...
—Que ela não é submissa. Até agora não se mostra disposta em ser.
—Interessante...
Fico de pé novamente, coço o queixo e continuo.
—Então... Assim que saiu da sala coloquei minha equipe de investigação para trabalhar e descobri que ela trabalhava numa loja de materiais de construção.
—Colocar sua equipe de investigação para trabalhar não é novidade, mas continue, por favor.
—Pois bem. A loja fica em Portland. Dei um jeito, fui até lá comprar umas “ferramentas”. Ela me atendeu e se surpreendeu com minha presença na loja e com o “encontro inesperado”. Aí, você sabe, conversa vai, conversa vem, se bem que a timidez inicial dela não permitiu muita conversa, dei um jeito de entregar meu cartão com meus contatos.
—Até aí tudo dentro do seu padrão.
—Para minha surpresa, ela me ligou e me dispus a tirar umas fotos para o tal jornal. Fui aos poucos me aproximando. Conheci sua amiga metida e seu amigo filho da puta.
—Que avaliação interessante das amizades dela, Christian.
— Bem, depois disso eu a busquei num bar. Ela tinha bebido muito e o tal amigo filho da puta e canalha quase a beijou a força. Sorte que cheguei em tempo e a salvei.
—Sem truculências?
—Sem... Quer dizer, somente o necessário.
—Ok, continue.
—Bem aí começaram uma série de primeiras vezes entre nós e para mim: ela dormiu no hotel, depois dormiu em casa, na minha cama. Conheci a casa dela, o padrasto, ela jantou na casa dos meus pais, conheceu minha família. Enfim... Fomos aos poucos nos  conhecendo melhor, nos afinando até engatarmos... Bem... Você sabe.
—Não Christian, não sei. Deixe de rapapés e vá direto ao ponto como você costuma agir.
—Bom, ela quis assim... Ela quis algo a mais e aí, diante das circunstâncias e após a conversa com o padrasto dela, assumimos um namoro.
John levanta a cabeça e me encara com os lábios abertos. Percebo que está surpreso tentando mostrar indiferença.
—Todo este rodeio para me contar que está namorando? Qual o problema disso, exatamente?
—O problema é a mudança de padrão que estou vivendo. Tudo está diferente do que construí...
—Entendo que suas estruturas estão abaladas. Afinal você já teve tantos relacionamentos, mas nunca considerou namoro...
Fico em silêncio, buscando palavras para continuar, mas ele interrompe meus pensamentos.
—Não sei, mas tenho a nítida impressão que você não me disse tudo.
—John, ela está me fazendo ter uma série de primeiras vezes.
—Me explique melhor, Christian.
— Você sabe que ela foi a primeira que eu consenti em dormir na minha cama. Foi uma conquista enorme para mim, ficar uma noite inteira tão próximo de uma pessoa. E... Além de tudo, eu fui a primeira experiência sexual dela.
Ele fica me olhando boquiaberto.
—Você está querendo dizer...
—Estou dizendo que ela era virgem, John. Fui seu primeiro e espero que único homem.
Pela primeira vez ele para de rodar aquele maldito lápis entre os dedos e me olha com os olhos arregalados. Coço o queixo e fico esperando por suas palavras.
—E como você se sente quanto a isto?
—Sério? Você está perguntando “como EU me sinto”? Você deveria estar perguntando como foi ela se sente!
—Meu paciente aqui é você, Christian. Mas por que exatamente eu deveria me preocupar com a reação dela?
—Por que você conhece toda a minha história, mas ela não. Ela sabe parcialmente. Corro o risco de a qualquer momento ela entender como realmente sou e não me querer mais.
—E como você realmente é?
— Ah, você sabe muito bem. Sou fodido, sou confuso, sou perseguidor, sou controlador e... Sou perverso, sou um demônio tentando domesticar um anjo.
Ele me olha com seus olhos azuis agora bem serenos e dispara.
—Já suspeitava que quando aparecesse uma história diferente em sua vida sua Atelofobia apareceria num grau muito mais elevado, Christian.
—Ah, lá vem você de novo com estas palavras difíceis.
—Nós já falamos sobre isto Christian. Você sabe muito bem que se não se cuidar pode vir a ter sérios problemas de ordem mental ou física, podendo inclusive evoluir para uma depressão. Isso é muito sério!
Fico encarando suas explicações e ele continua com voz pausada.
 —Nós sabemos que você desenvolveu esta fobia por causa dos traumas de infância. Nós sabemos também que você vive uma angústia constante pelo medo da imperfeição e do julgamento alheio...
—Eu não estou nem aí para julgamento alheio, John. Fodam-se os julgamentos. Sou eu quem paga minhas contas, então concedo-me o prazer de fazer o que bem entender.
— Sério? E neste momento você não está com medo de não ser bom o bastante ou não se sentir suficiente para agradar Anastasia? Você não pensa nisto? Ainda não entendi a desordem da tal “órbita do seu mundo organizado”. Estas palavras são suas não são?
Ele resgata as palavras olhando as anotações que fez no tal caderninho de capa de couro.
—Bem... pode ser... Quer dizer, é isto de certa forma. Talvez você tenha um pouco de razão, eu acho.
—Você acha? Pois eu tenho certeza que este seu medo de falhar ou de ser imperfeito é classificado como uma ansiedade ou distúrbio e deve mesmo ser tratado por um profissional.
— É deve ser por isso que eu desembolso uma grana mensal muito alta pra você John. Eu venho aqui e você vem com estas palavras esquisitas para explicar minhas esquisitices.
—Você tem medo de continuar com Anastasia e não completar este relacionamento com perfeição? Responda com sinceridade.
—Sim, tenho. Claro que tenho. A inocência dela me conquista e ao mesmo tempo me apavora. Tenho medo de não corresponder às expectativas dela e, ao mesmo tempo, medo de ser uma marca ruim em sua vida. Medo que depois de tudo isso, acorde de um sonho e a perca para sempre. Quero que ela confie em mim, que sinta-se segura ao meu lado.
—Viu como tenho razão? Você com medo de cometer erros se julga, se condena e se pune. Você nunca lembra um detalhe importante: esta é SUA visão, não significa que as pessoas estão pensando assim. Será que Anastasia neste momento não está feliz, pensando em você? Afinal se ela aceitou namorar, assumir um compromisso, se entregar a você pela primeira vez, isto já não é uma resposta clara?
—Pode ser, John. Mas eu gostaria muito de ter o domínio desta situação, tenho muito medo de acabar este momento que estou vivendo. Tenho medo de não ter controle sobre ela, de não controlar a situação. Por mais que tente ela me prega peças, consegue fugir do meu controle. Assume suas vontades próprias com segurança. Eu não tenho domínio sobre ela.
—Muito bem, fale-me então somente das coisas boas que você consegue sentir neste relacionamento. Deixemos os medos e aflições de lado por hora.
— Bem, há sim muitas coisas boas. Tenho sentido uma paz incrível quando estou ao lado dela, como se uma luz acendesse minha escuridão. Ela me confronta, me confunde, embaralha minha cabeça e...
—E...
—E... Ao mesmo tempo me traz muita felicidade. Com ela eu fico bobo, faço planos, fico leve, sorrio com mais facilidade.
—Que tipo de planos você faz?
—Bem, planos de continuarmos juntos, de construirmos uma relação amorosa, sei lá. De termos o “mais” que ela tanto quer e eu ainda não sei bem o que significa.
—Bem, a lista que me passou agora é muito interessante. São sentimentos muito bons que esta moça desperta em você. Agora, sexualmente dizendo... Conheço seu modo de agir que até agora te satisfazia. Considerando que Anastasia era virgem, deduzo que sua experiência está sendo construída contigo. Se ela não demonstra ser uma submissa, logo deduzo que sua vida sexual está passando por transformações.
Ele toca no ponto que realmente me encabula e causa muitas confusões.
—Isto mesmo. Acredite se quiser, John. Ela era virgem e eu só soube disso quando não dava mais para voltar atrás, quando já espumava de tesão por ela, literalmente dizendo. Estava enlouquecido para possuí-la e ela escondeu sua condição até o último momento.
— E para você foi detestável...
—Esta é a pior parte, John. Foi adorável. Daí vem minha confusão. Ela era virgem, mas de certa forma eu também era.
—Como assim Christian, você também era virgem?
—Bem, no quesito sexo baunilha, quero dizer, sexo convencional. Você sabe que sempre naveguei em outros mares. Mas praticar sexo convencional, baunilha como dizemos no meu universo, foi uma novidade incrível. Eu nem sabia que gostava...
—Você está me dizendo que não pratica BDSM com ela, que nunca particou?
—Já fizemos sim algumas cenas, mas nada que se aproxime do mundo real, você sabe, das práticas que sempre tive. Com ela é bem mais água com açúcar.
—Ela não demonstra interesse por este universo?
—Não sei, ainda estou sondando. Ela topa algumas coisas, mas com certeza não é uma submissa, pelo menos não do jeito que eu sempre conheci. Ela não suporta a ideia de sentir dor, de apanhar, mesmo que com técnica e controle. Ela sequer apanhou na infância, sua vida foi construída com dificuldades financeiras, mas com muito amor e carinho. Tudo tão diferente do meu mundo... Tão fora da minha órbita...
—E para você este estilo sexual novo não está bom? Não é prazeroso?
—Não, é sufocante. —Paro por um momento e a figura de Anastasia nua, mordendo os lábios, gemendo de prazer passa por minha mente.
—Nossa, Christian! Quantas novidades você me apresenta hoje. Que resposta é esta “não, é sufocante” acompanhada de um sorriso tão sincero e aberto, de um jeito que nunca vi você dar?
—Bem... Eu estava sorrindo? Sorrindo como um adolescente babaca?
—Exatamente, como um adolescente. Discordo do babaca, mas concordo com o adolescente.
—É que... é que... veja bem...
—Desenrola...
—Não é só prazeroso. É sufocante, inebriante, viciante. Eu durmo, acordo, levanto, trabalho, malho, como, respiro pensando nela. Na figura dela. Querendo sentir o cheiro dela, o prazer que ela me dá e a ver tendo prazer. Parece uma tatuagem no meu cérebro, ou luzes que ficam o tempo inteiro faiscando: Anastasia, Anastasia, Anastasia... Isso está me dando nos nervos porque estou enlouquecendo longe dela, eu queria vê-la agora, e daqui a pouco e depois, e depois...
—Sei, é por isso que você vai viajar hoje. Vai encontrá-la, não é?
—Sim, Elena me encorajou a ir ao encontro dela, disse que ela ficará surpresa e feliz. Não sei muito bem se vou agradar, se isto vai dar certo porque havia prometido não sufocá-la dar um tempo para ela respirar da minha marcação cerrada.
—E a Atelofobia que te persegue, te sufoca de insegurança...
—Sim... Sou obrigado a concordar, talvez eu sofra deste treco aí, sei lá. Mas não me mande tomar remédios, você sabe que eu não gosto.
Ele sorri e retruca.
—Acho sinceramente que depois de dois longos anos de consulta, finalmente apareceu um remédio poderoso para te “curar” Christian.
—Sério? E você acha realmente que vai me convencer a tomar remédio?
—Eu não. Você se automedicou meu amigo.
—Como assim, do que você está falando?
—Você está tomando doses curativas de Anastasia Steele. Bendita seja esta moça.
Olho para ele com seu sorriso aberto. Percebo que epois de tudo que contei o miserável está sorrindo, feliz com minha história. Nem um pouco preocupado com minhas preocupações. —Ah, maldito charlatão, deu para fazer piadinhas agora?
—Você acha mesmo John? —Retruco com desdém.
—Não acho, não. Tenho certeza. Seu diagnóstico de hoje é muito fácil e ao mesmo tempo é grave.
—Como assim, fácil e grave?
—Você está vivendo o que se privou na adolescência, Christian. Você sabe que praticamente pulou esta etapa da vida. Para mim o diagnóstico é simples: paixão.
—Ah, não. Você está de combinação com Elena? Ela também acha que estou vivendo meu momento flores e corações.
—E Elena te conhece muito bem. Creio então que meu diagnóstico é preciso. Basta ver seus sorrisos, seu brilho nos olhos quando fala desta moça. Há alguma restrição a este tipo de sentimento para você?
—Não sei o que dizer...
—Então vamos pensar no tipo de terapia que praticamos aqui: terapia de solução, não é? Não vamos falar do passado porque ele não tem mais sentido. Estabeleça suas metas e desejos com esta moça e faça suas escolhas. O que você quer alcançar? Aí vá a busca do alcance dos seus objetivos, trabalhe, aja!
Pela primeira vez considero realmente a possibilidade de estar apaixonado por Anastasia. Pela primeira vez entendo que estou vivendo um sentimento novo e inspirador, bom de sentir. Tanto que me atrevo a pedir uma opinião, sei lá, um conselho de Flynn.
— Você acha que estou certo ao voar para a Geórgia, mesmo que seja de surpresa?
—Se o seu objetivo é estar perto dela, qual é a estratégia mais acertada? Ir até lá? Então é isso, vá e confie em si próprio.
—Você acha mesmo que estou apaixonado? Eu nunca lidei com este tipo de sentimento, é difícil para mim.
—Eu acho que você demonstra felicidade e esta resposta só você poderá dar Christian. Cada um sente a paixão a seu modo, ou melhor, o amor a seu modo. Isto só o tempo e seu íntimo poderão responder. Você lembra-se do nosso lema?
—“A gente precisa aprender a caminhar antes de correr”.
—Exatamente! Caminhe Christian, caminhe. Mesmo que a estrada seja diferente, sinuosa, perigosa, acidentada, não deixe de experimentar. Caminhe!
—Eu só queria ter mais segurança e saber que tipo de calçados utilizar nesta caminhada, John.
—Que tal começar como toda criança faz? Caminhe descalço, despreocupadamente. A natureza se encarrega disso. Com o tempo você se acostuma com os tropeços, às quedas e quando menos esperar estará tão seguro que começará a correr.  E, se você realmente quer entender o sentimento do amor, a descrição mais coerente que conheço foi dada pelo poeta Camões. Se me permite eu sei de cor.
—Era só o que me faltava, um terapeuta poeta. Mas vamos lá, John. Tente. Eu ouvirei.
E ele começa com voz empostada, mas bem suave, olhando fixamente para mim. Fico ali, imóvel, sentado naquele sofá e ao mesmo tempo absorvendo palavras tão absolutas e tão verdadeiras.
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?”
Ele termina e nos olhamos sem nada dizer. O silêncio se estabelece por um breve momento até eu dizer:
—Está bem, vou tentar esta caminhada... Acho que meu horário já deu. Taylor está me aguardando.
—Sim, te vejo em breve? Vou ter a honra de conhecer sua namorada um dia?
—Vai sim, mas se você deitar um milímetro desses seus olhos em Anastasia...
Ele levanta as mãos e sorri largamente.
—Eu? Logo eu que, além de ser bem casado, não quero levar um soco nos olhos? Fique tranquilo meu amigo, este risco eu não correrei.
—Acho bom, John, acho bom...



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O voo até Savannah foi tranquilo. Chegamos ao hotel e me preparo para acostumar-me às três horas de diferença. Fusos horários me enervam literalmente, não gosto de tempos perdidos. O meu quarto é bastante confortável e assim que me instalo checo meus aparelhos do bem. Tem e-mail de Andrea, chamada de Ros e um breve e-mail de Barney com o roteiro seguido por Anastasia até agora.
Para minha alegria nada de anormal na rotina de minha mulher. Ela está aproveitando para descansar já que o rastreamento mostra que passou o dia próximo à casa da mãe. Andou logo pela manhã pelo comércio local e passou longo tempo na praia. Ligo para Andrea que me passa informações sobre o terreno. Fico feliz, pois há realmente uma possibilidade de fazer bons negócios por aqui.
Tomo um longo banho e me visto com camisa de linho e calça jeans branca habitual. Realmente não sei como vou controlar minha ansiedade até amanhã, minha vontade de ver Anastasia é maior que tudo. Queria muito ir ao seu encontro e dar-lhe aquele amasso gostoso. Faz horas que não nos falamos e sinto sua falta, mas terei que responder seu questionamento sobre Elena. Não vou mentir, mas tenho que me preparar para a artilharia que está por vir. —Ah, Srta Artilharia Pesada, vou te apresentar minha “arma/dura”, assim que nos encontrarmos...
A conversa com Flynn foi reconfortante. Encheu-me de gás e energia. É isso, vou caminhar  nesta estrada longa e deliciosa estrada chamada Anastasia. Só espero que ela não apresente nenhuma armadilha, nenhum precipício.
Desço para jantar e o garçom me oferece um local muito agradável e tranquilo. Peço o trivial: vinho, um bom filé ao molho madeira e legumes salteados na manteiga. Estou faminto e uma carne boa satisfará meu desejo. O prato servido me sacia rapidamente e, ainda saboreando o excelente vinho, quase pronto para me retirar, recebo uma mensagem de Barney.
“Sr. Grey, de acordo com minhas averiguações
a Srta Anastasia Steele deslocou-se há pouco mais de uma hora.”
Antes de terminar a leitura da mensagem meu coração dispara
“Segundo os apontamentos do GPS ela está exatamente
no mesmo hotel que o Sr. está instalado.”
Meu chão se abre e quase mergulho nas profundidades da alegria e da ansiedade. O céu conspira a seu favor, Grey? Será?
Sinto uma alegria plena por saber que vou reencontrá-la, quem sabe abraçá-la, beijá-la. Comê-la, claro que é o que você mais quer.
Começo a operar em modo GPS última geração. Mantenho-me no mesmo local, tentando observar as mesas do restaurante. Mas nada, nem um sinal de minha Anastasia.
O garçom aparece, assino a nota e saio feito louco em direção ao bar. Sim, quem sabe é lá que ela se encontra? Se Barney me passou uma informação errada garanto que lhe darei uma demissão sumária, sem alternativas de explicações. Ninguém pode me tratar como criança que está prestes a lamber um pirulito e de repente ele desaparece. Lamber, Grey, lamber...
Logo que saio do restaurante, avisto o bar. Vou me aproximando lentamente, com olhos atentos de lobo que fareja sua presa. Bem próximo à entrada de vidro uma luz se acende sobre uma mesa. Lá está ela, minha linda mulher. Mais bela e radiante que de costume. O brilho de sol está impregnado em sua pele e contrasta lindamente com uma linda blusa de seda verde. Tentadora, desafiadora, maravilhosa.
Fico observando seus gestos e movimentos, seu leve balançar de cabelos e meu coração acelera ainda mais. O desejo de tocá-la cresce assustadoramente e meu coração opera em desafiantes batidas aceleradas, céus como é linda! Ela e a mãe bebem Cosmopolitan. De repente a Sra. Carla se levanta e sai da mesa. Percebo que Anastasia checa o BlackBerry e aí está minha deixa. Respondo ao seu e-mail, sabendo que o assunto Elena provoca tantas interpretações erradas em Anastasia:
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De: Christian Grey
Assunto: Companheiros de jantar
Data: 1 de junho 2011 21:40 EST
Para: Anastasia Steele

Sim, eu jantei com a Sra. Robinson. Ela é só uma velha amiga, Anastasia.
Esperando ansiosamente ver você novamente. Eu sinto sua falta.


Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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Fico observando sua reação e, como supunha,  seu olhar adquire uma preocupação absurda. Fico com os olhos presos ao BlackBerry  lendo a mensagem e rapidamente ela digita a resposta.
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De: Anastasia Steele
Assunto: Velhos COMPANHEIROS de JANTAR
Data: 1 de junho 2011 21:42 EST
Para: Christian Grey

Ela não é só uma velha amiga.
Ela achou outro menino adolescente para afundar seus dentes?
Você ficou muito velho para ela?
Esta não é a razão pela qual sua relação terminou?
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Que merda Anastasia! Este ciúme dela me envaidece e ao mesmo tempo irrita. São tantos anos sem dar satisfação a ninguém e, de repente, nem minhas satisfações são suficientes. Ah mulher irritante esta Anastasia. Minhas mãos coçam de vontade de mostrar quem é que manda. —Quem está no comando aqui, Grey?
Continuo observando as duas e vejo sua mãe retornar e perguntar algo. De onde estou não consigo ouvi-las, mas acompanho suas reações. Ao responder algo para a mãe  segura o BlackBerry aguardando a chegada da minha resposta.
Observo ela agitar a cabeça numa negativa, provavelmente para responder à pergunta que lhe foi feita por Carla. Em seguida sua mãe faz um sinal para o garçom pedindo outra bebida. Apontando para os copos pede a mesma. Porra, será que ela vai embebedar minha garota?
Observo que Anastasia não reparou ainda no fuso horário dos e-mails, ainda não notou que estou aqui. Então envio uma resposta com a deixa para que ela perceba minha presença é meu momento de surpreendê-la. Aperto o enter apreensivo, pois esta cartada é realmente uma jogada muito alta. Ela pode me adorar ou odiar, depois de minha viagem até aqui. Santa Geórgia dos namorados desesperados, protegei-me, amém!
 A mensagem atinge as ondas dos satélites que agora gravitam na mesma velocidade da minha ansiedade. Ela abaixa a cabeça e lê.


De: Christian Grey
Assunto: Cuidado…
Data: 1 de junho 2011 21:45 EST
Para: Anastasia Steele

Isto não é algo que eu desejo discutir via e-mail.
Quantos Cosmopolitan você vai beber?
           
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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E.... bingo! Minha garota inteligente dá indícios de que compreendeu, começa a olhar para todos os lados nervosamente a minha procura. Sua mãe percebe seu estado nervoso e pergunta algo para ela. Em seguida ambas começam a olhar para o bar e para os lados, estão me procurando.
Saio do meu recente esconderijo e caminho na direção delas. Sinto as mandíbulas tensas, os olhos faiscando. Tenho medo de sua reação. Além de estar aqui sem seu consentimento, tem mais esta: sua raiva por Elena. Vou caminhando com passos seguros em sua direção. —Há, há, há, tão seguros quanto prego em gelatina, Grey!
Sei que ela está brava comigo e o medo de sua reação gera em mim uma desconfortável insegurança. Porém o fato de estar me aproximando dela coloca meu coração naquele frenético modo retumbante, disparado total. Há uma multidão em torno de nós, mas só consigo avistá-la, sua luz brilha intensamente, atravesso este mar revolto em busca do meu farol.
Chego à mesa olhando para ela cautelosamente que rapidamente, com a voz firme diz:
— Oi! — Ela nitidamente está em choque e aparentemente muito brava.
— Oi— Respondo e inclino para baixo, beijo seu rosto lindo e macio e sinto seu cheiro reconfortante. Pronto, minha muralha cai por terra, desmorona numa fração de segundo. Ela enrubesce e se apressa em apresentar a mãe.
— Christian, essa é minha mãe, Carla.
Eu giro para saudar sua mãe.
— Sra. Adams, estou encantado em conhecê-la. —Abro-lhe um franco sorriso e aprecio a beleza da mãe de Anastasia ela é muito simpática. Ofereço minha mão e ela aceita dando um aperto prolongado.
— Christian! — Ela responde sorridente.
Em seguida somos interrompidos por Anastasia.
— O que você está fazendo aqui? — Sua voz soa inquisitiva, meu sorriso desaparece e o sinal amarelo volta a brilhar.
Com cautela, respondo.
— Eu vim para ver você, claro. — Olho para ela com mais cautela ainda. Oh, o que ela está pensando? O que pretende fazer? Vai me mandar embora?— Estou ficando neste hotel.
— Você está ficando aqui? — Ela diz com surpresa e o tom de voz mais estridente que o normal.
— Bem, ontem você disse que desejava que eu estivesse aqui. Então cheguei hoje— Pauso tentando medir sua reação. — Nossa intenção é agradar, Senhorita Steele. — Minha voz soa calma, mostrando para ela minha intenção, minha mensagem dúbia.
Sua mãe interrompe nossa conversa.
— Porque você não se junta a nós para uma bebida, Christian? — Ela acena para o garçom que está ao seu lado em um segundo.         
— Eu quero uma gim-tônica. — Digo. — Hendricks se você tiver isto ou Bombay Sap-phire. Pepino com o Hendricks, lima com a Bombay.
Faço o pedido e Anastasia complementa.
— E mais dois Cosmos, por favor. — Ela adiciona, olhando ansiosamente para mim. —Me provocando, Srta Steele?
— Por favor, puxe uma cadeira, Christian.
— Obrigado, Sra. Adams.
Puxo uma cadeira perto e me sento ao seu lado.
— Então você está hospedado no hotel que estamos agora, só por coincidência? — Ela pergunta, tentando fortemente manter seu tom leve.
— Ou você está bebendo neste hotel que estou hospedado só por coincidência. — Respondo. — Acabei de terminar de jantar, entrei aqui, e vi você. Estava distraído pensando sobre seu e-mail mais recente, olhei para cima e você estava aí. Uma coincidência, não?
Viro minha cabeça para um lado, a fim de conter um rastro de um sorriso.
— Minha mãe e eu fomos fazer compras esta manhã e fomos para praia esta tarde. Nós decidimos tomar alguns coquetéis hoje à noite. — Ela murmura, como se explicasse algo que eu já não soubesse.
— Você comprou essa blusa? — Aceno com a cabeça para sua blusa nova de seda verde. — A cor lhe cai bem. E você pegou um pouco de sol. Está adorável.
Ela ruboriza e se movimenta na cadeira com meu elogio.
— Bem, eu iria visitá-la amanhã. Mas aqui está você.
Pego sua mão e aperto suavemente, correndo meu dedo polegar através das suas juntas e paro sentindo a eletricidade familiar. Aquela descarga elétrica correndo pelo meu corpo, atiçando meu pau que já endurece em baixo da minha calça só pelo contato do meu dedo polegar em sua pele. O fluxo de sangue dispara e pulsa, aquecendo tudo em seu caminho. Faz dois dias desde que eu a vi, mas doeu uma eternidade. Nossas respirações se entrecortam. Ela pisca para mim, sorrindo bobamente e eu retribuo. Sinto que ela não está indiferente e que sente o mesmo que eu ao ser tocada.
— Pensei que surpreenderia você. Mas como sempre, Anastasia, você me surpreende estando aqui.
Sinto que a Sra. Adams está me olhando fixamente, examinando o homem que está ali, aos pés de sua filha.
— Eu não quero interromper o tempo que você tem com sua mãe. Tomarei uma bebida rápida e então me retirarei. Tenho trabalho para fazer. — Declaro seriamente, tentando disfarçar o desejo de ficar com ela.
— Christian, é adorável encontrar você finalmente. — A Sra. Adams me diz. — Ana falou muito ternamente de você.
Sorrio satisfeito para ela. Então Anastasia falou sobre mim?
— Realmente? — Levanto uma sobrancelha para certa Srta Steele, com uma expressão divertida ao vê-la escarlate após ser entregue pela própria mãe.
O garçom chega com nossas bebidas. Após servir as damas ele me serve.
— Hendricks, Senhor. — Ele diz com profissionalismo adequado.
— Obrigado.— Murmuro em reconhecimento.
Anastasia dá um gole no seu Cosmo meio que nervosamente.
— Quanto tempo você ficará na Geórgia, Christian? — Sua mãe pergunta.
— Até sexta-feira, Sra. Adams.
— Você jantará conosco amanhã à noite? E por favor, chame-me de Carla.
— Eu teria muito prazer, Carla.
— Excelente. Se vocês dois me dão licença, eu preciso retocar a maquiagem.
Anastasia olha para ela desesperadamente enquanto ela levanta e vai embora, deixando nós dois sozinhos juntos.
— Então, você está brava comigo por jantar com uma velha amiga. — Viro meu quente e cauteloso olhar para ela, erguendo sua mão para meus lábios e beijando cada junta suavemente.
Ela estremece, sensível ao meu toque e responde languidamente.
— Sim.
— Nossa última relação sexual foi há um longo tempo, Anastasia.— Sussurro, me lembrando do último ataque de Elena a mim. Ataque este que nem considero como uma relação sexual, pois não foi harmônica, muito menos consensual. Naquele dia era Anastasia que povoava os meus pensamentos e intenções. — Eu não quero ninguém exceto você. Ainda não percebeu isto?
Ela pisca para mim.
— Eu penso nela como uma molestadora de crianças, Christian. — Ela segura a respiração e espera por minha reação.
Fico pálido. Como ela pode interpretar minha relação com Elena desta maneira? Não foi assim, ela desconhece muita desta história.
— Isto é muito crítico de sua parte. Não era assim. — Sussurro, chocado e solto sua mão.
— Oh, como era então? — Ela pergunta de forma valente, me deixando confuso e sem saber o que responder. Ela continua.
— Ela aproveitou-se de um menino de quinze anos de idade vulnerável. Se você tivesse sido uma menina de quinze anos de idade e Sra. Robinson fosse um Sr. Robinson, iniciando você em um estilo de vida BDSM, isso teria sido certo? Se fosse Mia, por  exemplo, diga?
Ofego e franzo a testa. Esta pergunta me pegou de surpresa.
— Ana, não era assim. —Ela me encara. — Certo isso não parece assim para mim. — Suavemente continuo. — Ela era uma força positiva. Eu precisava.
— Eu é que não entendo. — É sua vez de parecer confusa.
— Anastasia, sua mãe brevemente voltará. Eu não estou confortável conversando sobre isto agora. Mais tarde talvez. Se você não me quiser aqui, eu tenho um avião me aguardando no Hilton Head. Posso ir embora a qualquer momento.
— Não... Não vá. Por favor. Estou feliz por que você estar aqui. Estou só tentando fazer você entender. Fiquei brava porque assim que parti você jantou com ela. Pense sobre como é quando eu chego a qualquer lugar próximo de José. E ele é apenas um bom amigo. Nunca tive uma relação sexual com ele. Considerando que você e ela...
— Você está com ciúme? — Olho fixamente para ela, confundido, e seus olhos ligeiramente suavizam, se aquecendo.
— Sim e brava sobre com o que ela fez com você. —De alguma forma sinto alegria por ela confessar que está com ciúme.
— Anastasia, ela me ajudou, isto é tudo que direi sobre isto. E quanto ao ciúme, ponha você mesma em meu lugar. Eu não tive que justificar minhas ações para ninguém nos últimos sete anos. Nenhuma pessoa. Eu faço como quero, Anastasia. Gosto de minha autonomia.  E não fui visitar Sra. Robinson para chatear você. Fui porque de vez em quando nós jantamos. Ela é uma amiga e uma companheira de negócios.
Olho para ela, avaliando sua expressão.
— Sim, nós somos companheiros de negócios. O sexo acabou entre nós. Tem sido assim por anos. —Menos naquela noite idiota, que quero apagar da memória...
— Por que sua relação terminou? —Oh, não sinal amarelo. Este assunto incomoda minha rainha, mas são lembranças tão desgastantes para mim. Tenho que enfrentar o momento com precisão, como deve ser.
— Seu marido descobriu. — Nós podemos conversar sobre isto em outro momento? Em algum lugar mais privado? — Falo incomodado com a situação.
— Eu não acho que você me convencerá de que ela não seja algum tipo de pedofilia.
— Eu não penso sobre isso desse modo. Nunca pensei. Agora isto é suficiente! — Respondo tentando por um basta na conversa.
— Você a amou?
— Como vocês dois estão? —Um salve para as Santas Carlas, sogras protetoras de homens aflitos.  Sua mãe retornou, sem que déssemos conta e engessamos um sorriso em nosso rosto. —Sogra, Grey? Foi isso mesmo que você pensou?
Anastasia, completamente desconcertada, responde com voz desanimada.
— Estamos bem, mãe.
Dou um gole em minha bebida, assistindo-lhe, observando suas expressões com cautela. O que ela está pensando? Elena não pode se transformar num fardo entre nós. Elena é passado vivo, que deixou boas lembranças, apenas isto e não um fantasma que irá nos assombrar. Resolvo sair para deixa-las matando a saudade. Não quero que minha presença se torne um martírio para ela. —Será que sou um martírio? Que situação mais frustrante!
— Senhoras, eu devo deixá-las por esta noite.
Faço sinal para o garçom que atende prontamente:
— Por favor, ponha estas bebidas em minha conta, número do quarto 612. Eu ligarei para você de manhã, Anastasia. Até amanhã, Carla.
— Oh, é tão agradável ouvir alguém usar seu nome inteiro.
— Nome bonito para uma menina bonita.— Respondo para Carla, oferecendo minhas mãos a ela num cumprimento de despedida. Ela ri com espontaneidade.
Anastasia permanece o tempo todo olhando para mim e me despeço com um beijo suave em seu lindo rosto.
— Até mais, Baby...— Sussurro em sua orelha e me retiro antes que meu desejo de agarrá-la e levá-la para meu quarto me dominem e eu faça uma besteira.



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