Ela dorme primeiro, me enrosco em seu corpo pequeno, num abraço gostoso e reconfortante. Novamente tenho um sono dos deuses, durmo pesado enrolado a ela. Minha presa está enlaçada, no laço das minhas pernas e dos meus braços, não tem para onde fugir.
De repente sinto um leve toque que sobe por minhas costas, na ânsia por me proteger, volto rapidamente do meu sono delicioso. Respiro fundo e inalo aquele aroma tão maravilhoso que só ela tem. Quando abro os olhos sonolentos encontro com duas safiras que brilham para me avisar: venha, acorde, a vida te espera!
Não era sonho, ela está aqui comigo. Lentamente recupero a memória do dia anterior e lembro que estou em sua cama.
— Bom dia! —murmuro e franzo a testa. — Jesus, até em meu sono eu estou atraído por você. — Me movo devagar, sem vontade de desgrudar dela e percebo que alguém em meu corpo despertou primeiro que eu e já está ereto, pronto para começar o dia. —Bom dia também, Greyzinho...
Percebo que ela se deu conta da minha ereção, pois me lança um olhar e um sorriso mais que sensual. Retribuo com o mesmo sorriso sensual e lento.
— Hmm… isso tem possibilidades, mas acho melhor esperarmos até domingo. — Me inclino e roço sua orelha com meu nariz.
Ela ruboriza e murmura.
— Você é muito quente.
— Você que me acende. — Respondo e me esfrego nela, sugestivamente.
Ela cora um pouco mais. Escoro-me num cotovelo e olho para ela, divertido. Inclino-me, e planto um beijo gentil em seus lábios. Como é bom acordar ao lado dela!
— Dormiu bem? — Pergunto.
Ela concorda com a cabeça, olhando fixamente para mim, esperando minha resposta.
— Eu também. — E franzo a testa. — Sim, muito bem. — Levanto minhas sobrancelhas surpreso e confuso, pois até poucos dias atrás passar a noite inteira com alguém era um limite rígido para mim. Já rompi este limite com ela por três vezes e, sinceramente, acho que vou romper outras vezes mais.
De repente me ou conta que o dia já está muito claro e que minha agenda é bem apertada, começando logo pela manhã.
— Que horas são?
Ela olha para o relógio de cabeceira.
— São 7:30.
— 7:30? Merda. — Pulo da cama rapidamente e pego minha calça jeans.
Ela fica me observando com o olhar divertido, enquanto se senta. Percebo que se diverte com meu atraso e agitação.
— Você é uma péssima influência para mim. Eu tenho uma reunião. Tenho que correr para estar em Portland às oito. Você está rindo de mim?
— Sim.
Também sorrio com a situação inusitada.
— Estou atrasado. Não costumo me atrasar. Outra primeira vez, Srta Steele. — Puxo meu casaco e em seguida me abaixo e agarro sua cabeça, com uma mão de cada lado.
— Domingo! — Digo carregando minhas palavras com uma promessa não dita.
Inclino-me e beijo-a rapidamente numa despedida rápida. Pego as minhas coisas na mesa de cabeceira e os sapatos, que não coloco por falta de tempo.
— Taylor virá avaliar o seu Fusca. Eu estava falando sério. Não o dirija. Vejo você em minha casa no domingo. Vou enviar um e-mail mais tarde. — E saio apressado como um vendaval.
Galopo, literalmente, escadaria abaixo, atropelo e quase derrubo um senhor de óculos que sobe carregando um saco de compras.
— Oh, desculpe Sr. , bom dia!
Ele me olha ressabiado, assustado. Ajeito o pacote de compras em seus braços e digo.
—Melhor assim, tenha um bom dia.
Não espero a resposta. Continuo minha cavalgada doida até chegar ao carro onde Taylor já me aguarda com as portas abertas.
— Estou atrasado, Taylor. Por que você não me ligou?
— Bem Senhor... eu tentei, mas o Senhor não atendeu.
— Que merda! Eu odeio me atrasar. Executivos competentes não se atrasam!
—De qualquer forma, Senhor, comprei esta xícara de café e estas torradas com geleia para seu desjejum.
Pego o café improvisado e começo a devorar como um leão faminto. Emburrado e faminto... Taylor dá partida no carro e arranca velozmente. Quase derrubo café na minha roupa. Era só o que faltava! Ele então me encara pelo retrovisor e diz.
—Sr. Grey, tem também um troca de roupa aí no banco. Até chegarmos ao hotel o Senhor poderá se trocar. Além disso, seu nécessaire com produtos de higiene estão aí, dentro da pasta do notebook, há um banheiro logo na entrada do salão de reuniões...
Dou uma checada no banco e encontro um terno e uma camisa impecáveis. Bem diferentes da roupa que estou usando: informal e amarrotada. Assim que devoro meu café da manhã, me troco no banco traseiro. Pareço um fugitivo que acaba de fazer um grande roubo e precisa mudar de roupa para fugir da polícia.
Pensando bem, deveria acionar a polícia pra mandar prender uma certa Srta de olhos de safira que anda roubando meu sossego e minha sanidade. —Ah, Anastasia Steele, mais duas primeira vezes: chegar atrasado a uma importante reunião e improvisar uma troca de roupa.
Mesmo com todo este estresse, estranhamente não estou mal humorado. Lembro-me do sorriso dela se divertindo com minha trapalhada com as roupas logo pela manhã e me divirto também. A noite maravilhosa que tivemos ainda exerce fascínio sobre mim.
Taylor mantém sua discrição ao dirigir como se nenhum homem atrapalhado semipelado estivesse no banco traseiro. Faz de conta que não vê minha atrapalhação. Eu interrompo o silêncio.
— E Ros já está no hotel, Taylor?
—Sim Sr Grey, ela também tentou falar com o Sr, mas disse que deixaria tudo sob controle.
Somente agora me dou conta de olhar o BlackBerry. Tem nove ligações perdidas: duas de Ros, duas de Taylor e... cinco de Elliot. — Caralho, isto deve ser coisa da fofoqueira da Chaterine. — Depois eu ligo para ele para saber o que ela narrou sobre minha invasão domiciliar. Com certeza deve ter acrescentado requintes de crueldade na minha conduta, como se ela fosse um poço de gentilezas comigo.
Me dou conta que chegamos porque o carro para abruptamente e Taylor salta para me abrir a porta. Olho para o relógio 7:55, uau!
— Uau Taylor, nem percebi que você acionou o modo Batmóvel. Chegamos em tempo recorde!
Vamos caminhando para a entrada do hotel conversando.
—O trânsito estava livre esta manhã, Sr. Grey.
—O que é um milagre para este horário, Taylor.
—É que, às vezes Sr., o universo conspira a nosso favor...
Dou uma olhada para ele achando estranho o comentário, mas somos interrompidos por uma Ros apressada que nos alcança e me cumprimenta com um beijo no rosto.
—Bom dia Grey! Estava acionando o FBI para te localizar. Nossa que cabelo é este? Parece até que foi atropelado, o que aconteceu? Os executivos já chegaram!
—Depois explico Ros. Vai dando um jeito, preciso de um banheiro, volto rapidinho!