20 de fev. de 2014

Capítulo 20: Saudade ou paixão?




Na minha cabeça exausta e confusa este e-mail embaralha ainda mais o que sinto. —Ah, Srta Armadura Pesada, vá detonando estas pequenas bombas, ou granadas, em meu coração desconfiado.
Respondo ao e-mail de forma bastante sutil para não afugentá-la, pois satisfatoriamente ela está se abrindo por escrito, então preciso manter este tipo de contato.

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De: Christian Grey
Assunto: Você é Muito Bem-vinda
Data: 30 de maio 2011 21:59
Para: Anastasia Steele

Querida Senhorita Steele

Dr. Flynn está de volta, e eu tenho um encontro com ele esta semana.
Quem massageou suas costas?

Christian Grey
CEO com amigos nos lugares certos
 Grey Participações e Empreendimentos Inc.

Os minutos passam lentamente e fico como um idiota olhando para a tela que começa a brilhar, depois diminui a intensidade, mas minha monumental ansiedade está a trilhões. Minha imaginação é digna de ganhar um Oscar, por que ela me trata assim? Por que joga estas coisas no ar e sai tranquilamente para passear? Até que, finalmente, ela responde:

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De: Anastasia Steele
Assunto: Hábeis e fortes mãos
Data: 30 de maio 2011 22:22
Para: Christian Grey

Querido Senhor.

Um homem jovem e muito agradável massageou minhas costas. Sim. Realmente muito agradável. Eu não teria encontrado Jean-Paul na sala de embarque comum – então muito obrigada novamente por esse tratamento.
Eu não estou certa se terei permissão para responder seu próximo e-mail uma vez que nós decolamos, e eu preciso de meu sono de beleza porque eu não tenho dormido tão bem recentemente.
Sonhos agradáveis Sr. Grey… pensando em você.
Ana
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Ah, sim... Coitado do filho da puta que colocou as mãos nas costas da minha mulher! Nem tentarei descobrir quem foi, porque além de provocar a demissão do desgraçado vou quebrar seus dedos miseráveis e suas mão também, assim ele nunca mais tocará em nenhuma mulher e, muito menos, na minha. Pois é Srta Boca Inteligente, se queria me provocar, aplausos! Conseguiu.
Teclo cegamente e respondo:
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De: Christian Grey
Assunto: Aprecie isto Enquanto Você Pode
Data: 30 de maio 2011 22:25
Para: Anastasia Steele

Querida Senhorita Steele

Eu sei o que você está tentando fazer – e acredite – você conseguiu. Da próxima vez você irá no bagageiro, atada e amordaçada em um engradado. Acredite que me encarregar que você viaje nessas condições me dará mais prazer do que trocar a passagem por uma de primeira classe.
Eu espero ansiosamente seu retorno.

Christian Grey
CEO Com Coceira na Mão
 Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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Não espero um a resposta, pois a esta hora o avião já decolou e ela tem que desligar os aparelhos para a segurança de bordo. Mas, para minha surpresa, cinco minutos depois ouço o som da caixa de entrada.

3 de fev. de 2014

Capítulo 19- Dominação ou Paixão?



Os primeiros raios de sol invadem o quarto e me fazem despertar. O entrelace de nossos corpos formam uma mistura de maciez e rudeza, delicadeza e força, músculos e contornos. É a inebriante mistura do macho e fêmea que despertam minhas melhores sensações, numa fração de segundo.
Lembro que na madrugada ela teve um pesadelo e por vezes disse meu nome:
— Christian, fique comigo!
—Sim Baby, estou aqui...
Agora ela ressona tranquilamente enquanto inalo o cheiro de seu pescoço, seus cabelos... No quarto ainda exala o aroma impregnado de sexo, o nosso sexo, o melhor cheiro do universo. Olho para ela e neste momento está tão doce e tão meiga, mas me envaideço ao lembrar que se transforma numa felina quando o tesão invade seus sentidos. —Tesão que você sabe despertar nela muito bem, Grey. Boa, garoto!
Consulto o relógio e ainda é muito cedo. Levanto devagar para garantir seu repouso, coloco uma roupa confortável e, antes de sair pego seu vestido e deixo sobre a bancada da cozinha para que Gail dê um jeito. Sigo para a sala de ginástica, preciso manter a forma para superar as expectativas da minha garota.
Assim que chego, encontro Taylor correndo na esteira.
—Bom dia, Sr Grey!
—Bom dia Taylor, como vai esta corrida aí? —Percebo que está muito suado, num esforço extra. Acho bom que meu braço direito cuide mesmo da sua saúde.
—Bem senhor, muito bem.
Preparo minha esteira e digo para ele:
—Muito bem, vou te acompanhar nesta empreitada.
Algum tempo depois subimos para a cobertura e no elevador vou instruindo Taylor sobre os detalhes do dia. Sigo diretamente para o quarto e muito cautelosamente para não acordá-la, tomo um banho revigorante. Visto-me com calça preta e camisa branca e resolvo colocar uma camisinha no bolso, afinal nunca se sabe se terei que usá-la com a Srta Desperta Tesão. Em se tratando de passar boa parte do dia ao lado de Anastasia Steele, melhor estar preparado.
A segunda-feira será intensa e preciso resolver vários assuntos de trabalho antes de dedicar minha manhã para ela. Antes de sair do quarto observo que o sol atravessa as janelas e adentra o quarto livremente, colorindo-a e coroando-a com uma luz maravilhosa, clara e morna. Um sentimento diferente me revigora para o dia que promete ser longo. Será que o que sinto é felicidade? Eu prometi a ela que tentaria o “mais”, então vou à busca disso.
Desço para a cozinha e encontro Gail em suas arrumações.
— Bom dia, Gail.
—Bom dia Sr. Grey, já temos café fresquinho. Sente-se, vou servi-lo.
— Obrigada Gail, estou realmente faminto.
Ela me serve o café da manhã que devoro em poucos minutos. Preciso recompor as energias para estar pronto para Anastasia.
— Gail, vou resolver alguns assuntos no escritório. Bem, Anastasia a minha na... bem, a Srta Steele está dormindo no meu quarto e assim que ela levantar sirva-lhe o café da manhã.
Gail me olha com seus olhos azuis angelicais e percebo que eles estão sorridentes, mas mantém sua postura profissional e apenas diz:
—Pode deixar Sr. Grey, cuidarei muito bem da sua namorada. —Claro, Taylor...Hunpf...
— Ah, ela gosta de chá Twinings English no café da manhã.
—Certamente Senhor, servirei o chá para a Srta Steele. A propósito, a vestimenta dela já está na secadora, em poucos minutos estará impecável para ser usada.
— Eu sabia que você daria um jeito, Gail. Assim que eu gosto.
Saio da cozinha e sigo diretamente para meu escritório. Abro o notebook e a caixa de entrada de e-mails está lotada. Dedico algum tempo a esta tarefa selecionando e separando-os de acordo com os encaminhamentos necessários.

2 de fev. de 2014

Capítulo 18- Bolas Prateadas



Cruzo como um ciclone a porta de madeira da casa de embarcação e pauso para acender algumas luzes. As luzes fluorescentes cintilam e zumbem em sequência, enquanto luzes fortes inundam o grande edifício de madeira. Passo pela lancha motorizada que flutua na água escura e subo pelas escadas de madeira até atingir o quarto de cima. Paro na entrada do sótão com teto inclinado e ligo o interruptor da lâmpada halogena que expande uma luz mais suave e difusa. Gosto da decoração do sótão com tema náutico da Nova Inglaterra: azul marinho e creme, com listras vermelhas. Os móveis esparsos com apenas dois sofás serviram para muitas correrias, lutas e brincadeiras entre mim e meus irmãos.
Apesar de Anastasia ser muito leve, chego cansado ao sótão, com certa dificuldade para respirar. Coloco-a de pé no chão. —Viu o que faz a falta de treinamento, Grey? Podia pagar um mico estratosférico agora, não?
Sinto que ela está hipnotizada... assistindo-me como se eu fosse um daqueles predadores raros e perigosos. Ela uma presa indefesa esperando pelo ataque. —Bingo Srta Steele, você é caça, eu... predador!
Meus olhos cinzentos queimam com raiva, necessidade e luxúria pura, inalterada. Seu olhar de medo e apreensão fazem com que estes sentimentos se aflorem ainda mais dentro de mim e, neste momento, tudo o que quero é sugar seus lábios generosos e colorir sua bunda gostosa, que merece uma bela surra de punição pelas “surpresas” desagradáveis da noite.
— Por favor, não me bata. —Ela sussurra, implorando.
Levo um susto com suas palavras, ao ponto de expressar em minhas feições, já que sinto minhas sobrancelhas franzirem e meus olhos se arregalam. Pisco duas vezes processando a veemência de seu pedido e o significado disso. Ela adivinhou minhas intenções, ok! Ela está com medo de mim, oh... isso não!
— Eu não quero que você me dê palmadas... não aqui, não agora. Por favor, não faça. — Continua com voz manhosa.
Minha boca se abre levemente pela surpresa, mas a falta de palavras me deixa fragilizado. Ela estica o braço e corre seus dedos pela minha bochecha, ao longo de minha costeleta, até a barba em meu queixo. Seu toque terno, suave e corajoso me desarma completamente, ao mesmo tempo em que me acende para outro tipo de desejo.
Lentamente fecho os olhos, inclino o rosto para receber seu toque suave e delicado, enquanto a respiração se prende em minha garganta. Ela estica a outra mão e corre os dedos pelo meu cabelo. Sinto um calor suave que se espelha por minhas entranhas e um prazer tranquilo, completamente diferente. Não resisto e solto um gemido suave, quase inaudível, não entendo muito bem estas sensações, muito menos a atitude dela. Curto muito o prazer deste momento inusitado e abro os olhos tentando disfarçar minha preocupação com o que estou sentindo. É tudo estranho, diferente, avassalador...
Ela dá um passo para frente e fica praticamente grudada em meu corpo. Eu fico paralisado, como se estivesse hipnotizado, sem condições de mudar de atitude. —Porra, quem é a caça e quem é o caçador aqui?
Depois, puxa gentilmente meu cabelo e vai se aproximando num movimento sexy. Fico observando sua boca gostosa chegando muito próxima à minha até que, dominado por completo, ela me beija, forçando a língua entre meus lábios. Em seguida, simplesmente penetra minha boca com total doçura e gentileza, mas com completa determinação e controle da situação. É uma sensação indescritível e deliciosa, não seguro um gemido. Meus braços afoitos a enlaçam e a trazem para mais perto. O desejo de possuí-la grita dentro de mim e minhas mãos encontram o caminho para o seu cabelo. Eu retribuo o beijo, com força, volúpia e possessivamente. Nossas línguas se entrelaçam e travam uma batalha deliciosa. Somos consumidos pelo desejo mútuo e seu gosto divinal aguça ainda mais minha masculinidade.
Sinto o coração disparar, um leve torpor me distancia do espaço e da realidade em que nos encontramos. É como se mergulhasse num oceano de infinitas emoções. Sei que, de alguma forma, fracassei em minha possessão e, sem saber o porquê e o como, passei o controle para ela. Percebo claramente que, neste exato momento, sou o dominado e ela a dominante. —Caralho, ela me disse não na mesa do jantar, ela desencadeou minha raiva, ela me acalmou com um toque, ela invadiu minha boca com um beijo. Ela é sim, ela é não...

Capítulo 17- Jantar em família



Fico por um tempo admirando sua beleza inacreditável. Mas inacreditável mesmo é ter a certeza de sua presença em minha casa. Saio do quarto com passos leves para não acordá-la, depois da tarde de hoje ela precisa descansar para estar bem no jantar.
Volto para o quarto de jogos e ajeito os apetrechos usados no decorrer da nossa... digamos... interação. Pego o chicote e cheiro o couro fresco. Agora tem cheiro de couro e Anastasia, uma mistura deliciosa. Depois de deixar tudo em ordem como eu gosto, saio e levo seu vestido deixando-o pendurado na porta do armário de seu novo quarto. Ela precisará dele impecável para o jantar. Ajeito o sutiã na cadeira e lembro-me da calcinha no bolso da minha calça jeans. Retiro do bolso, abro e analiso o pequeno pedaço de renda fina que agora desliza entre meus dedos. Inalo e hummm, sinto seu cheiro embriagador, delicioso, perfeito. É um cheiro de fêmea pronta para foder que nunca senti igual, que mistura a beleza da inocência com a altivez de quem gosta de sexo selvagem, de uma foda bem dada, uma mulher felina.
Viro-me para contemplar sua beleza que agora repousa sossegadamente na ampla cama. Na minha cabeça várias imagens da deliciosa tarde se formam e eu tenho uma ideia contagiante. Decido não devolver a calcinha, segurá-la comigo. Tenho certeza que ela vai corar e chegará nervosa, agitada, tímida... linda, para pedi-la de volta. Aí terei o domínio da situação para responder sim ou não, para aguçar seus sentidos e fazê-la sentir mais um pouco da minha dominação, do meu poder. Esta sensação de homem bárbaro e poderoso são molas propulsoras da minha masculinidade, da minha autenticidade e adoro vivenciar isto, ainda mais agora, com ela.
Chamo Taylor para avisar sobre o jantar.
—Pois não Sr. Grey.
—Taylor, prepare o Audi para sairmos por volta das dezenove e trinta.
—Pois não Sr, devo preparar uma longa locomoção?
—Não, vamos somente jantar na casa dos meus pais.
Percebo que Taylor, mesmo na sua discrição arregala os olhos diante desta revelação e esboça uma sombra de sorriso, mas mantém-se como se não entendesse a real situação.
—Terei muito prazer em levá-los Sr.
Olho para ele, já temos certo grau de intimidade e ele sabe dos meus relacionamentos anteriores, meu estilo de vida.
— Eu também espero que seja um jantar prazeroso Taylor, sem arrependimentos futuros.
—Se me permite, Sr Grey, acredito que será uma bela noite, presságios de muitas alegrias que virão.
—Assim espero Taylor, assim espero. A Gail já está por aí?
—Sim, chegou faz um tempinho, o Sr deseja alguma coisa?
—Avise que o quarto de jogos está liberado para limpeza e peça a ela para caprichar num lanche leve, estou faminto, não vou aguentar até o jantar.
—Devo pedir um lanche para a Srta Steele também?
—Não, neste momento ela está repousando e não vou incomodá-la.
Taylor se retira e em minutos já estou saboreando um bom lanche para aplacar um pouco minha fome canina.

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1 de fev. de 2014

Capítulo 16- Jogue e realize um sonho



Estou me preparando para deitar quando recebo uma mensagem:
E aí Grey, desistiu dos treinos?
Está com medo de mais uns chutes no traseiro?
Sou ainda seu professor?
Bastille
Respondo imediatamente.
Medo? Quer provar? Tem horário para amanhã?
Seu ainda aluno, Grey
Claude Bastille, meu treinador, responde:
Está brincando, só se for à dez.
Venha de fraldas para amortecer os golpes no traseiro.
Bastille
Calmamente escolho uma reposta para digitar enquanto fico pensando...—Sei, lá sou fujão e cagão... Cada uma! Só este Bastille para ter esta coragem.
Combinado. Amanhã, às dez.
Tenha lenços higiênicos preparados para limpar as SUAS fraldas.
Tente dormir depois desta- Grey
Começo a acreditar que realmente o universo conspira a favor. Estava precisando de um bom treino para colocar em ordem as energias. Bastille caiu como um luva.
Deito-me, já é tarde. Fico observando o tempo passar em minha cama. A cidade está silenciosa, mas suas luzes parecem refletir meu cérebro em chamas, povoado de pensamentos contraditórios. Adormeço na madrugada.
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Eu não gosto deste escuro eu não gosto deste cheiro. Lá fora há silêncio.
De repente uma luz inunda os meus olhinhos e uma mão magra, cheia de ossos aparentes me tira do armário do castigo.
—Vem, Chris. Ele já foi. Vem comer alguma coisa.
Ela me dá um pouco de mingau que está quentinho. Ela está cheirosa. Seu cabelo está molhado, tomou banho.
—Depois de comer tudinho você vai tomar um banho também.
Eu gosto quando ela está assim. Só comigo. Eu só com ela. Tem dias que ela é carinhosa comigo.
Eu como todo o mingau. Não sei do que é, mais é gostoso. Olho para o lugar onde estavam os pedaços do meu heli... As peças não estão mais lá e meus olhos se enchem de lágrimas. Era meu único brinquedo. Ela diz:
—Eu recolhi aquelas peças. Ele foi duro com você novamente, não foi?
Eu balanço a cabeça afirmativamente.
—Não provoque mais, não desobedeça. Você tem que ser um menino bom, obediente para não ir para o castigo. Eu disse que ele é perigoso.
Eu derrubo algumas lágrimas em silêncio. Ela passa os dedos por meus olhos, recolhe uma lágrima e beija os dedos molhados. Em seguida, me diz:
—Sabe o que eu acho?
Eu arregalo os olhos para ela e espero as palavras. Sempre aproveito os momentos que ela está assim sendo minha mamãe de verdade.
— Eu acho que você vai ser um homem muito bonito, inteligente e poderoso. Eu acho que você vai ter outro helicóptero, branco como este que você tanto gostava, só que ele vai ser de verdade. Vai voar no céu azul, te levando para lá e para cá.
Eu me imagino um homem bem grandão. Bem fortão. Se eu fosse grandão e fortão eu não ia deixar ela apanhar deste jeito. Eu ia socar a cara daquele filho da puta e colocar ele de castigo no armário fedido. Ia ver ele sufocando lá dentro e pedindo socorro também e não ia nem ligar.
Olho para o céu azul que está lá fora e me imagino voando no meu heli de verdade. Eu gosto de imaginar isso. Sorrio para mamãe e ela sorri para mim. Mas eu noto que o sorriso dela é triste. Seu cabelo marrom está tão bonito esta manhã, mas não combina com o olho roxo e a pele amarelada. A mamãe está muito magra porque não come o mingau como eu. Ela dá só uma colheradinha e deixa o resto no prato. Por isso está fraquinha e tão pálida. Vai acabar ficando doente.
—Pense sempre assim, querido. Você foi o único sobrevivente do seu helicóptero, não foi? Você ficou vivo depois que ele quebrou, não foi?
Eu balanço a cabeça que sim, com a boca cheia de mingau.
— Você quer pentear o meu cabelo? Você gosta de fazer isso, não gosta?
Eu sorrio, pois adoro pentear os cabelos dela.
— Vai comendo, vou buscar a escova de cabelo.
Eu fico lambendo até a última gota do meu mingau. Eu estava com muita fome. Estou feliz porque o dia começou muito bem e eu vou ser um homem poderoso e voador de helis... Esta palavra é difícil, mas eu vou ter um heli poderoso, a mamãe disse.
Fico esperando pela mamãe e acho que ela está demorando muito para achar a escova de cabelo. Vou atrás dela e quando chego ao quarto a encontro caída no chão. Tremendo, revirando os olhos e babando. Será que o mingau fez mal para ela?
Fico desesperado, não sei o que fazer, começo gritar:
— Mamãe... mamãe.. ma...
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Capítulo 15- Atrasos e imprevistos.



Ela dorme primeiro, me enrosco em seu corpo pequeno, num abraço gostoso e reconfortante. Novamente tenho um sono dos deuses, durmo pesado enrolado a ela. Minha presa está enlaçada, no laço das minhas pernas e dos meus braços, não tem para onde fugir.
De repente sinto um leve toque que sobe por minhas costas, na ânsia por me proteger, volto rapidamente do meu sono delicioso. Respiro fundo e inalo aquele aroma tão maravilhoso que só ela tem. Quando abro os olhos sonolentos encontro com duas safiras que brilham para me avisar: venha, acorde, a vida te espera!
Não era sonho, ela está aqui comigo. Lentamente recupero a memória do dia anterior e lembro que estou em sua cama.
— Bom dia! —murmuro e franzo a testa. — Jesus, até em meu sono eu estou atraído por você. — Me movo devagar, sem vontade de desgrudar dela e percebo que alguém em meu corpo despertou primeiro que eu e já está ereto, pronto para começar o dia. —Bom dia também, Greyzinho...
Percebo que ela se deu conta da minha ereção, pois me lança um olhar e um sorriso mais que sensual. Retribuo com o mesmo sorriso sensual e lento.
— Hmm… isso tem possibilidades, mas acho melhor esperarmos até domingo. — Me inclino e roço sua orelha com meu nariz.
Ela ruboriza e murmura.
— Você é muito quente.
— Você que me acende. — Respondo e me esfrego nela, sugestivamente.
Ela cora um pouco mais. Escoro-me num cotovelo e olho para ela, divertido. Inclino-me, e planto um beijo gentil em seus lábios. Como é bom acordar ao lado dela!
— Dormiu bem? — Pergunto.
Ela concorda com a cabeça, olhando fixamente para mim, esperando minha resposta.
— Eu também. — E franzo a testa. — Sim, muito bem. — Levanto minhas sobrancelhas surpreso e confuso, pois até poucos dias atrás passar a noite inteira com alguém era um limite rígido para mim. Já rompi este limite com ela por três vezes e, sinceramente, acho que vou romper outras vezes mais.
De repente me ou conta que o dia já está muito claro e que minha agenda é bem apertada, começando logo pela manhã.
— Que horas são?
Ela olha para o relógio de cabeceira.
— São 7:30.
— 7:30? Merda. — Pulo da cama rapidamente e pego minha calça jeans.
Ela fica me observando com o olhar divertido, enquanto se senta. Percebo que se diverte com meu atraso e agitação.
— Você é uma péssima influência para mim. Eu tenho uma reunião. Tenho que correr para estar em Portland às oito. Você está rindo de mim?
— Sim.
Também sorrio com a situação inusitada.
— Estou atrasado. Não costumo me atrasar. Outra primeira vez, Srta Steele. — Puxo meu casaco e em seguida me abaixo e agarro sua cabeça, com uma mão de cada lado.
— Domingo! — Digo carregando minhas palavras com uma promessa não dita.
Inclino-me e beijo-a rapidamente numa despedida rápida. Pego as minhas coisas na mesa de cabeceira e os sapatos, que não coloco por falta de tempo.
— Taylor virá avaliar o seu Fusca. Eu estava falando sério. Não o dirija. Vejo você em minha casa no domingo. Vou enviar um e-mail mais tarde. — E saio apressado como um vendaval.
Galopo, literalmente, escadaria abaixo, atropelo e quase derrubo um senhor de óculos que sobe carregando um saco de compras.
— Oh, desculpe Sr. , bom dia!
Ele me olha ressabiado, assustado. Ajeito o pacote de compras em seus braços e digo.
—Melhor assim, tenha um bom dia.
Não espero a resposta. Continuo minha cavalgada doida até chegar ao carro onde Taylor já me aguarda com as portas abertas.
— Estou atrasado, Taylor. Por que você não me ligou?
— Bem Senhor... eu tentei, mas o Senhor não atendeu.
— Que merda! Eu odeio me atrasar. Executivos competentes não se atrasam!
—De qualquer forma, Senhor, comprei esta xícara de café e estas torradas com geleia para seu desjejum.
Pego o café improvisado e começo a devorar como um leão faminto. Emburrado e faminto... Taylor dá partida no carro e arranca velozmente. Quase derrubo café na minha roupa. Era só o que faltava! Ele então me encara pelo retrovisor e diz.
—Sr. Grey, tem também um troca de roupa aí no banco. Até chegarmos ao hotel o Senhor poderá se trocar. Além disso, seu nécessaire com produtos de higiene estão aí, dentro da pasta do notebook, há um banheiro logo na entrada do salão de reuniões...
Dou uma checada no banco e encontro um terno e uma camisa impecáveis. Bem diferentes da roupa que estou usando: informal e amarrotada. Assim que devoro meu café da manhã, me troco no banco traseiro. Pareço um fugitivo que acaba de fazer um grande roubo e precisa mudar de roupa para fugir da polícia.
Pensando bem, deveria acionar a polícia pra mandar prender uma certa Srta de olhos de safira que anda roubando meu sossego e minha sanidade. —Ah, Anastasia Steele, mais duas primeira vezes: chegar atrasado a uma importante reunião e improvisar uma troca de roupa.
Mesmo com todo este estresse, estranhamente não estou mal humorado. Lembro-me do sorriso dela se divertindo com minha trapalhada com as roupas logo pela manhã e me divirto também. A noite maravilhosa que tivemos ainda exerce fascínio sobre mim.
Taylor mantém sua discrição ao dirigir como se nenhum homem atrapalhado semipelado estivesse no banco traseiro. Faz de conta que não vê minha atrapalhação. Eu interrompo o silêncio.
— E Ros já está no hotel, Taylor?
—Sim Sr Grey, ela também tentou falar com o Sr, mas disse que deixaria tudo sob controle.
Somente agora me dou conta de olhar o BlackBerry. Tem nove ligações perdidas: duas de Ros, duas de Taylor e... cinco de Elliot. — Caralho, isto deve ser coisa da fofoqueira da Chaterine. — Depois eu ligo para ele para saber o que ela narrou sobre minha invasão domiciliar. Com certeza deve ter acrescentado requintes de crueldade na minha conduta, como se ela fosse um poço de gentilezas comigo.
Me dou conta que chegamos porque o carro para abruptamente e Taylor salta para me abrir a porta. Olho para o relógio 7:55, uau!
— Uau Taylor, nem percebi que você acionou o modo Batmóvel. Chegamos em tempo recorde!
Vamos caminhando para a entrada do hotel conversando.
—O trânsito estava livre esta manhã, Sr. Grey.
—O que é um milagre para este horário, Taylor.
—É que, às vezes Sr., o universo conspira a nosso favor...
Dou uma olhada para ele achando estranho o comentário, mas somos interrompidos por uma Ros apressada que nos alcança e me cumprimenta com um beijo no rosto.
—Bom dia Grey! Estava acionando o FBI para te localizar. Nossa que cabelo é este? Parece até que foi atropelado, o que aconteceu? Os executivos já chegaram!
—Depois explico Ros. Vai dando um jeito, preciso de um banheiro, volto rapidinho!