27 de set. de 2014

Capítulo 22- O quarto de hotel e nós...



Subo para meu quarto desanimado. Como criança que esteve próximo a uma loja de brinquedos e não pode entrar ou que avistou uma barraquinha de algodão doce, mas não pode experimentar. Fiquei com água na boca, mas vou ter que dormir assim, nesta fissura, não tem jeito.
Taylor me espera à porta para passar as informações.
—Sr. Grey, as providências necessárias para o voo amanhã estão devidamente tomadas, tudo corretamente providenciado.
—Muito bem Taylor, logo ao raiar do dia sairemos. Os primeiros raios de sol serão nossos amanhã.
—Sim Sr.,  estarei a postos para que tudo dê certo.
—E o que mais temos na agenda?
—Temos a reunião com os donos do terreno, no período da tarde. Assim que confirmarem o horário eu passo para o Sr., mas creio que será por volta das três.
—Ótimo, assim ficarei tranquilo para almoçar com Anastasia.
—Mais alguma coisa Sr.?
— Sim, você viu que Anastasia estava no bar com a mãe, não viu? —Claro que viu né Grey? Imagine que os olhos espreitadores de Taylor perderiam esta cena.
—Vi sim, Senhor. Na verdade, se me permite, levei um susto ao vê-la, não sabia que vinha.
—Mais uma surpresa, Taylor, mais uma. Nem mesmo eu sabia. Quero que você siga as duas para ver se chegam bem à casa de volta. Depois é só descansar para amanhã.
—Perfeito Sr. Grey, já descerei para não perdê-las de vista. Boa noite.
—Boa noite, Taylor. Qualquer novidade me avise.
 Assim que entro no meu quarto o telefone toca e é Ross que precisa falar comigo urgente.
—Grey, desculpe, mas é urgente, senão não ligaria.
—Manda ver Ross, o que aconteceu?
­—Lembra-se daquela investigação sobre os negócios da Purpure Corporation?
—Claro que lembro, novidades?
—Sim, saíram os resultados. Como prevíamos demos um tiro no pé. Os pacotes de viagem que foram vendidos terão que ser ressarcidos antes de fecharmos definitivamente a empresa, realmente estamos com um elefante branco nas mãos.
—Puta que pariu, eu sabia que isto ia dar merda.
 —A notícia boa é que os pacotes excedidos foram concluídos, mas vamos ter perdas consideráveis.
Ouço batidas tímidas em minha porta enquanto falo ao telefone. Ao abrir não contenho minha surpresa e meus olhos piscam traindo minha insegurança camuflada: é ela. Seguro a porta aberta e aceno para que ela entre em meu quarto.
— Todos os pacotes excedidos estão concluídos? E o custo?
—Joga aí umas milhas de dólares, fazendo todas as deduções possíveis.
Assobio entre dentes, ouvindo Ros e observando a deusa que desfila em meu quarto.
—É isso, mas pelo menos vamos nos livrar em tempo, antes da coisa ficar pior.
—Puxa… esse foi um caro engano…
—Se foi, mas vamos recuperar na próxima. Já estou de olho numa nova consultoria que está abrindo o bico e nós vamos liquidar em tempo real.
—E Lucas?
—Está pianinho, terminando todos os dados que pedimos. Vai entregar em tempo recorde os diagramas. Acho que amanhã ele já entrega para Andrea.
Anastasia observa o quarto. A mobília aqui é extremamente moderna, muito atual. Toda púrpura e dourada com motivos em bronze nas paredes.
— Faça Andrea mandar para mim os diagramas assim que forem entregues.
—Sim, assim que ele entregar ela dispara para o seu e-mail.
Ando para um armário de madeira escura e abro a porta para revelar um minibar. Indico para que ela se sirva e continuo andando pelo quarto doido para encerrar logo esta conversa.
 —Barney disse que ele achou o problema…
—Depois da sacudida que você deu nele, tinha que achar né, Grey? Adoro quando você coloca cada um no seu devido lugar. Afinal ninguém quer despertar a ira do chefe, ou perder um emprego de ouro desses. Você volta amanhã?
Dou risada com a fala de Ros e respondo:
 — Não, sexta-feira… existe um lote de terra aqui que estou interessado.
Enquanto converso caminho até o banheiro e aproveito para abrir as torneiras e começar a encher a banheira de água. —Hum, um banho relaxante com ela... A cabeça de cima continua atenta à conversa e a de baixo começa a se manifestar em seu divino esplendor. Aproveito para acender as velas aromáticas que estão dispostas ao redor da banheira enquanto retorno relaxadamente ao quarto.
—Ah, ok. Será excelente uma filial por aí, acho que é bem estratégico para a empresa. Vou ver com Bill sobre as estatísticas do local, já devem estar prontos os dados de custo/ benefício.
— Sim, ligue para Bill…
—Quer que ligue hoje?
 —Não, amanhã… eu quero ver o que Geórgia oferecerá se nós mudarmos.
Não consigo tirar os olhos de Anastasia. Sim, ela está aqui, pronta para mim. Entrego-lhe um copo e aponto para o balde de gelo.
—Vou ligar logo pela manhã, acredito que Bill já fez o comparativo entre a Geórgia e Detroit.
— Se seus incentivos forem atraentes o suficiente, penso que nós devíamos considerar isto, entretanto eu não estou certo sobre o maldito calor daqui.
—Sim, o calor aí é complicado. Neste ponto Detroit sai na frente e também o mercado lá está em franca expansão.
— Concordo que Detroit tem suas vantagens também, e sim é mais fresco.
—Mas já tem gente aqui dos recursos humanos achando que será difícil conseguir uma equipe afinada com as suas regras, para migrar para qualquer um destes lugares.
 Meu rosto momentaneamente escurece. Detesto gente frouxa, preguiçosa.
—Por quê?  Cada uma! Era só o que me faltava! Faça Bill ligar. Amanhã… Não muito cedo.
—Ok, chefe. Boa pesquisa por aí e divirta-se um pouco.
Desligo e olho fixamente para ela enquanto um enorme silêncio cai entre nós.

21 de set. de 2014

Capítulo 21: Inseguranças e Dr. Flynn


Saio logo cedo acompanhado de Taylor que me indica que tudo está preparado e acertado para o dia e a viagem. Ainda no carro assino alguns documentos urgentes. Taylor vai leva-los até o escritório enquanto ficarei na visita com Flynn. No caminho combino com ele algo que quero fazer para surpreender Anastasia e ao mesmo tempo me divertir um pouco. Vou apresentar a ela um dos meus hobbies favoritos, mais um dos meus brinquedinhos voadores. Ninguém mais quebra meus brinquedinhos voadores e eu posso comprar todos os que quiser. Por um breve momento as cenas da minha infância invadem meu pensamento, mas hoje não. Hoje não permitirei que a tristeza me visite.
—Taylor, enquanto fico aqui com Flynn quero que tome as providências para que o planador esteja à minha disposição amanhã, na Geórgia.
—Claro Sr Grey, resolverei isto agora cedo. Alguma recomendação especial?
—O de sempre: equipamento seguro, tudo vistoriado e desta vez com mais segurança ainda, pois levarei Anastasia junto. Que esteja tudo preparado para o amanhecer. Anastasia vai conhecer de perto o nascer do sol amanhã Taylor, bem de perto...
—Não se preocupe Sr. Grey, tudo estará providenciado do jeito que deseja.
Ele para o carro em frente ao consultório. É tão próximo do Escala que costumo vir à pé, chegamos rapidamente de carro. Taylor fica observando minha demora em descer. Estou sem coragem para dizer tudo ao meu analista e confidente. Serão tantas novidades... Olho novamente para frente e encontro os olhos indagadores de Taylor, que apesar de saber o que está acontecendo se mantém em seu silêncio sepulcral. Digo para mim mesmo em meus pensamentos tortos: —Coragem Grey, em frente e enfrente!
Saio do carro e enquanto encaro a subida do elevador. Vou preparando o espírito para o rol de informações que darei, já que as férias de John coincidiram com meu encontro de Anastasia, por isso ele nem imagina quantas novidades trago hoje nesta minha mala de pesadas e confusas emoções. Imagino a cara de John Flynn a hora em que eu disser: —Sim ela era virgem, estou praticando sexo baunilha e curtindo de montão esta nova experiência...
Chego ao andar e assim que passo pelas robustas portas de madeira maciça do consultório sou recebido pela delicada Sra. Diane, que tem idade suficiente para ser minha mãe. Ela é muito discreta e isto é muito importante para mim.
—Bom dia Sr. Grey, acompanhe-me, por favor. O Dr. Flynn está à sua espera.
Sua voz é terna, baixa e gentil e com seu andar suave me acompanha imediatamente ao consultório. Ela não abre a porta, pois sabe que eu prefiro fazer isto. Detesto ver mulheres abrindo as portas, isso é papel de homem, em qualquer situação.
—Obrigado, Diane!
Ela sorri e retorna à sua mesa na sala de espera. Adentro ao consultório luxuoso e ventilado de Flynn. O mesmo visual de sempre. Uma mesa de madeira maciça, acompanhada de estante recoberta de livros, poltronas confortáveis de couro de frente para dois sofás verdes escuros. As paredes são pintadas de um verde claro, elegante e discreto. Não existe um divã como na maioria dos outros consultórios que frequentei e abandonei. Este parece mais um clube de cavalheiros, fato que me deixa mais à vontade para soltar meus demônios e exorcizar meus pecados. John se levanta da mesa e vem sorrindo me receber.
—Ora, ora, quem veio me visitar hoje!
—Por livre e forçosa necessidade, John. E isso não é uma visita. É uma consulta.
—Muito obrigado pelas palavras. Estava com saudade de você também, Christian, mas da sua sinceridade... Nem tanto meu amigo, nem tanto.
Abraçamos-nos e rimos da situação. John aponta para o sofá sugerindo meu local de assento e se instala na poltrona em frente. Observo que sua aparência está mais jovial, seu aspecto mais saudável, apesar de estar sempre trajado de sua calça preta e camisa branca de linho, numa eterna sobriedade e discrição inglesa.
—Vejo que a viagem lhe fez bem John, você rejuvenesceu.
—Ah, claro que sim. Férias existem para isto Christian, para descansar e relaxar, você devia experimentar.
Reviro os olhos para ele, sentido a indireta direta.
—E como está a família?
—Muito bem. Todos felizes e descansados com energia para restabelecer a rotina depois de muito descanso e diversão. Nada como recarregar as baterias meu jovem.
 Um silêncio pesado recai na sala. Sinto que estou desconfortável e John me observa sem nada dizer. Passo a mão pelos cabelos, olho para o abajur simples que está sobre a mesa. Observo a caixa de lenços macios ao lado do abajur. Fico imaginado o quanto os demais pacientes choram nas consultas, pois percebo que a caixa é constantemente substituída. Nunca usei estes lenços, já que nunca chorei numa consulta.  Não sou homem que fique derramando lágrimas à toa. —É... Já na infância você deixou de produzir lágrimas não Grey?
É uma situação estranha. John segura um lápis entre os dedos e roda de um lado para o outro, enquanto equilibra aquele maldito caderninho de capa de couro no colo. De repente, ele quebra o maldito silêncio.
—Eu tenho muito tempo para você Christian, mas veja bem, esta nem é sua primeira consulta, nós já estabelecemos vínculo e confiança. Tenho um palpite de que você me trará novidades estarrecedoras hoje. Francamente, minha aposta nisto é tão alta que se não acontecer mudo de nome.
Eu respondo sarcasticamente tentando desarmá-lo.
—Ah, então a partir de hoje pode começar a atender pelo nome de Joana Flynn, vai ser lindo e hilário!
—Será mesmo? Será que minhas aulas de leitura corporal foram tão ruins assim? Olha aí, braços cruzados em atitude defensiva, pés batendo numa demonstração de ansiedade, tom de voz alterado pela respiração ofegante e ansiosa...
—Que merda John! Meu charme nunca te convence?
—Não. Não convence. Mas tenho tempo e você tem dinheiro. Então está tudo certo...
Respiro fundo. Este John Flynn é realmente um sacana filho da puta. Ele consegue desvendar alguns mistérios que eu tento esconder. Tomo coragem e começo de uma vez.
— Anastasia Steele.  Este é o nome da dona de uma boca muito inteligente que vem me confrontando nos últimos dias, ou melhor, nas últimas semanas.
—Certo...
—Certo nada John. Está tudo errado.
Levanto-me e vou para trás do sofá. Ele nem se movimenta. Continua segurando o maldito lápis, me encarando com seus olhos espreitadores de lince. Ainda de pé, seguro no sofá como se encontrasse a segurança necessária para acabar a narrativa.
— Algo tem me desviado da órbita do meu mundo tão centrado e controlado. Este algo  tem um corpo esguio, pele bem macia, cabelos castanhos de um cheiro inebriante e os olhos de céu mais fantásticos que já vi. Ela invadiu meu mundo de um jeito tão diferente que não consigo mais parar mais de pensar nela.
— Ahã...
—Bem e neste momento, minha órbita segura está abalada pela ausência dela porque viajou para a Geórgia, foi visitar a mãe e o padrasto.
—Vamos com calma, Christian. Preciso entender esta história melhor. Onde você conheceu Anastasia, foi num destes clubes, foi Elena quem apresentou? O de sempre?
—Não. Eu a conheci despencada no chão do meu escritório. —E não tenho como conter uma risada alta, lembrando-me da cena dantesca. Pela primeira vez John franze o cenho e muda de posição na cadeira.
—Ah, agora sou eu que posso ler sua postura corporal Doutor. Curvado para a frente demonstrando total curiosidade e expectativa pela história.
—Realmente “Doutor Christian”, mais deixemos de charlatanismo, a consulta é sua.
—Sim, é exatamente assim que Anastasia te chama: Doutor Charlatão que cobra caro.
— Oh, que bom. Sinal que você já se abriu e me apresentou a ela. Isto é realmente um ganho. E eu não me importo de ser chamado de charlatão. Nós dois sabemos que isto não é verdade. Mas estou realmente curioso, continue por favor.
Dou a volta pelo sofá e me sento de frente para ele novamente.
—Bom, ela substituiu sua amiga de faculdade numa entrevista para a SWU, que eu marquei com muita relutância. Estava tão nervosa que escorregou e caiu assim que entrou em minha sala.
Ele me espreita curioso, mas não interrompe me deixando à vontade para falar.
— Bom, o jeito simples e inocente dela me chamaram a atenção.
—Um jeito submisso, você quer dizer?
—Isso, um jeito submisso. Mais por incrível que pareça, meu maldito focinho farejador de submissas, impecável até agora, foi nocauteado pela Srta Steele.
John se move no sofá e dispara.
—Você está me dizendo que ela...
—Que ela não é submissa. Até agora não se mostra disposta em ser.
—Interessante...
Fico de pé novamente, coço o queixo e continuo.
—Então... Assim que saiu da sala coloquei minha equipe de investigação para trabalhar e descobri que ela trabalhava numa loja de materiais de construção.
—Colocar sua equipe de investigação para trabalhar não é novidade, mas continue, por favor.
—Pois bem. A loja fica em Portland. Dei um jeito, fui até lá comprar umas “ferramentas”. Ela me atendeu e se surpreendeu com minha presença na loja e com o “encontro inesperado”. Aí, você sabe, conversa vai, conversa vem, se bem que a timidez inicial dela não permitiu muita conversa, dei um jeito de entregar meu cartão com meus contatos.
—Até aí tudo dentro do seu padrão.
—Para minha surpresa, ela me ligou e me dispus a tirar umas fotos para o tal jornal. Fui aos poucos me aproximando. Conheci sua amiga metida e seu amigo filho da puta.
—Que avaliação interessante das amizades dela, Christian.
— Bem, depois disso eu a busquei num bar. Ela tinha bebido muito e o tal amigo filho da puta e canalha quase a beijou a força. Sorte que cheguei em tempo e a salvei.
—Sem truculências?
—Sem... Quer dizer, somente o necessário.
—Ok, continue.
—Bem aí começaram uma série de primeiras vezes entre nós e para mim: ela dormiu no hotel, depois dormiu em casa, na minha cama. Conheci a casa dela, o padrasto, ela jantou na casa dos meus pais, conheceu minha família. Enfim... Fomos aos poucos nos  conhecendo melhor, nos afinando até engatarmos... Bem... Você sabe.
—Não Christian, não sei. Deixe de rapapés e vá direto ao ponto como você costuma agir.
—Bom, ela quis assim... Ela quis algo a mais e aí, diante das circunstâncias e após a conversa com o padrasto dela, assumimos um namoro.
John levanta a cabeça e me encara com os lábios abertos. Percebo que está surpreso tentando mostrar indiferença.
—Todo este rodeio para me contar que está namorando? Qual o problema disso, exatamente?
—O problema é a mudança de padrão que estou vivendo. Tudo está diferente do que construí...
—Entendo que suas estruturas estão abaladas. Afinal você já teve tantos relacionamentos, mas nunca considerou namoro...
Fico em silêncio, buscando palavras para continuar, mas ele interrompe meus pensamentos.
—Não sei, mas tenho a nítida impressão que você não me disse tudo.
—John, ela está me fazendo ter uma série de primeiras vezes.
—Me explique melhor, Christian.
— Você sabe que ela foi a primeira que eu consenti em dormir na minha cama. Foi uma conquista enorme para mim, ficar uma noite inteira tão próximo de uma pessoa. E... Além de tudo, eu fui a primeira experiência sexual dela.
Ele fica me olhando boquiaberto.
—Você está querendo dizer...
—Estou dizendo que ela era virgem, John. Fui seu primeiro e espero que único homem.
Pela primeira vez ele para de rodar aquele maldito lápis entre os dedos e me olha com os olhos arregalados. Coço o queixo e fico esperando por suas palavras.
—E como você se sente quanto a isto?
—Sério? Você está perguntando “como EU me sinto”? Você deveria estar perguntando como foi ela se sente!
—Meu paciente aqui é você, Christian. Mas por que exatamente eu deveria me preocupar com a reação dela?
—Por que você conhece toda a minha história, mas ela não. Ela sabe parcialmente. Corro o risco de a qualquer momento ela entender como realmente sou e não me querer mais.
—E como você realmente é?
— Ah, você sabe muito bem. Sou fodido, sou confuso, sou perseguidor, sou controlador e... Sou perverso, sou um demônio tentando domesticar um anjo.
Ele me olha com seus olhos azuis agora bem serenos e dispara.
—Já suspeitava que quando aparecesse uma história diferente em sua vida sua Atelofobia apareceria num grau muito mais elevado, Christian.
—Ah, lá vem você de novo com estas palavras difíceis.

20 de fev. de 2014

Capítulo 20: Saudade ou paixão?




Na minha cabeça exausta e confusa este e-mail embaralha ainda mais o que sinto. —Ah, Srta Armadura Pesada, vá detonando estas pequenas bombas, ou granadas, em meu coração desconfiado.
Respondo ao e-mail de forma bastante sutil para não afugentá-la, pois satisfatoriamente ela está se abrindo por escrito, então preciso manter este tipo de contato.

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De: Christian Grey
Assunto: Você é Muito Bem-vinda
Data: 30 de maio 2011 21:59
Para: Anastasia Steele

Querida Senhorita Steele

Dr. Flynn está de volta, e eu tenho um encontro com ele esta semana.
Quem massageou suas costas?

Christian Grey
CEO com amigos nos lugares certos
 Grey Participações e Empreendimentos Inc.

Os minutos passam lentamente e fico como um idiota olhando para a tela que começa a brilhar, depois diminui a intensidade, mas minha monumental ansiedade está a trilhões. Minha imaginação é digna de ganhar um Oscar, por que ela me trata assim? Por que joga estas coisas no ar e sai tranquilamente para passear? Até que, finalmente, ela responde:

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De: Anastasia Steele
Assunto: Hábeis e fortes mãos
Data: 30 de maio 2011 22:22
Para: Christian Grey

Querido Senhor.

Um homem jovem e muito agradável massageou minhas costas. Sim. Realmente muito agradável. Eu não teria encontrado Jean-Paul na sala de embarque comum – então muito obrigada novamente por esse tratamento.
Eu não estou certa se terei permissão para responder seu próximo e-mail uma vez que nós decolamos, e eu preciso de meu sono de beleza porque eu não tenho dormido tão bem recentemente.
Sonhos agradáveis Sr. Grey… pensando em você.
Ana
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Ah, sim... Coitado do filho da puta que colocou as mãos nas costas da minha mulher! Nem tentarei descobrir quem foi, porque além de provocar a demissão do desgraçado vou quebrar seus dedos miseráveis e suas mão também, assim ele nunca mais tocará em nenhuma mulher e, muito menos, na minha. Pois é Srta Boca Inteligente, se queria me provocar, aplausos! Conseguiu.
Teclo cegamente e respondo:
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De: Christian Grey
Assunto: Aprecie isto Enquanto Você Pode
Data: 30 de maio 2011 22:25
Para: Anastasia Steele

Querida Senhorita Steele

Eu sei o que você está tentando fazer – e acredite – você conseguiu. Da próxima vez você irá no bagageiro, atada e amordaçada em um engradado. Acredite que me encarregar que você viaje nessas condições me dará mais prazer do que trocar a passagem por uma de primeira classe.
Eu espero ansiosamente seu retorno.

Christian Grey
CEO Com Coceira na Mão
 Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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Não espero um a resposta, pois a esta hora o avião já decolou e ela tem que desligar os aparelhos para a segurança de bordo. Mas, para minha surpresa, cinco minutos depois ouço o som da caixa de entrada.

3 de fev. de 2014

Capítulo 19- Dominação ou Paixão?



Os primeiros raios de sol invadem o quarto e me fazem despertar. O entrelace de nossos corpos formam uma mistura de maciez e rudeza, delicadeza e força, músculos e contornos. É a inebriante mistura do macho e fêmea que despertam minhas melhores sensações, numa fração de segundo.
Lembro que na madrugada ela teve um pesadelo e por vezes disse meu nome:
— Christian, fique comigo!
—Sim Baby, estou aqui...
Agora ela ressona tranquilamente enquanto inalo o cheiro de seu pescoço, seus cabelos... No quarto ainda exala o aroma impregnado de sexo, o nosso sexo, o melhor cheiro do universo. Olho para ela e neste momento está tão doce e tão meiga, mas me envaideço ao lembrar que se transforma numa felina quando o tesão invade seus sentidos. —Tesão que você sabe despertar nela muito bem, Grey. Boa, garoto!
Consulto o relógio e ainda é muito cedo. Levanto devagar para garantir seu repouso, coloco uma roupa confortável e, antes de sair pego seu vestido e deixo sobre a bancada da cozinha para que Gail dê um jeito. Sigo para a sala de ginástica, preciso manter a forma para superar as expectativas da minha garota.
Assim que chego, encontro Taylor correndo na esteira.
—Bom dia, Sr Grey!
—Bom dia Taylor, como vai esta corrida aí? —Percebo que está muito suado, num esforço extra. Acho bom que meu braço direito cuide mesmo da sua saúde.
—Bem senhor, muito bem.
Preparo minha esteira e digo para ele:
—Muito bem, vou te acompanhar nesta empreitada.
Algum tempo depois subimos para a cobertura e no elevador vou instruindo Taylor sobre os detalhes do dia. Sigo diretamente para o quarto e muito cautelosamente para não acordá-la, tomo um banho revigorante. Visto-me com calça preta e camisa branca e resolvo colocar uma camisinha no bolso, afinal nunca se sabe se terei que usá-la com a Srta Desperta Tesão. Em se tratando de passar boa parte do dia ao lado de Anastasia Steele, melhor estar preparado.
A segunda-feira será intensa e preciso resolver vários assuntos de trabalho antes de dedicar minha manhã para ela. Antes de sair do quarto observo que o sol atravessa as janelas e adentra o quarto livremente, colorindo-a e coroando-a com uma luz maravilhosa, clara e morna. Um sentimento diferente me revigora para o dia que promete ser longo. Será que o que sinto é felicidade? Eu prometi a ela que tentaria o “mais”, então vou à busca disso.
Desço para a cozinha e encontro Gail em suas arrumações.
— Bom dia, Gail.
—Bom dia Sr. Grey, já temos café fresquinho. Sente-se, vou servi-lo.
— Obrigada Gail, estou realmente faminto.
Ela me serve o café da manhã que devoro em poucos minutos. Preciso recompor as energias para estar pronto para Anastasia.
— Gail, vou resolver alguns assuntos no escritório. Bem, Anastasia a minha na... bem, a Srta Steele está dormindo no meu quarto e assim que ela levantar sirva-lhe o café da manhã.
Gail me olha com seus olhos azuis angelicais e percebo que eles estão sorridentes, mas mantém sua postura profissional e apenas diz:
—Pode deixar Sr. Grey, cuidarei muito bem da sua namorada. —Claro, Taylor...Hunpf...
— Ah, ela gosta de chá Twinings English no café da manhã.
—Certamente Senhor, servirei o chá para a Srta Steele. A propósito, a vestimenta dela já está na secadora, em poucos minutos estará impecável para ser usada.
— Eu sabia que você daria um jeito, Gail. Assim que eu gosto.
Saio da cozinha e sigo diretamente para meu escritório. Abro o notebook e a caixa de entrada de e-mails está lotada. Dedico algum tempo a esta tarefa selecionando e separando-os de acordo com os encaminhamentos necessários.

2 de fev. de 2014

Capítulo 18- Bolas Prateadas



Cruzo como um ciclone a porta de madeira da casa de embarcação e pauso para acender algumas luzes. As luzes fluorescentes cintilam e zumbem em sequência, enquanto luzes fortes inundam o grande edifício de madeira. Passo pela lancha motorizada que flutua na água escura e subo pelas escadas de madeira até atingir o quarto de cima. Paro na entrada do sótão com teto inclinado e ligo o interruptor da lâmpada halogena que expande uma luz mais suave e difusa. Gosto da decoração do sótão com tema náutico da Nova Inglaterra: azul marinho e creme, com listras vermelhas. Os móveis esparsos com apenas dois sofás serviram para muitas correrias, lutas e brincadeiras entre mim e meus irmãos.
Apesar de Anastasia ser muito leve, chego cansado ao sótão, com certa dificuldade para respirar. Coloco-a de pé no chão. —Viu o que faz a falta de treinamento, Grey? Podia pagar um mico estratosférico agora, não?
Sinto que ela está hipnotizada... assistindo-me como se eu fosse um daqueles predadores raros e perigosos. Ela uma presa indefesa esperando pelo ataque. —Bingo Srta Steele, você é caça, eu... predador!
Meus olhos cinzentos queimam com raiva, necessidade e luxúria pura, inalterada. Seu olhar de medo e apreensão fazem com que estes sentimentos se aflorem ainda mais dentro de mim e, neste momento, tudo o que quero é sugar seus lábios generosos e colorir sua bunda gostosa, que merece uma bela surra de punição pelas “surpresas” desagradáveis da noite.
— Por favor, não me bata. —Ela sussurra, implorando.
Levo um susto com suas palavras, ao ponto de expressar em minhas feições, já que sinto minhas sobrancelhas franzirem e meus olhos se arregalam. Pisco duas vezes processando a veemência de seu pedido e o significado disso. Ela adivinhou minhas intenções, ok! Ela está com medo de mim, oh... isso não!
— Eu não quero que você me dê palmadas... não aqui, não agora. Por favor, não faça. — Continua com voz manhosa.
Minha boca se abre levemente pela surpresa, mas a falta de palavras me deixa fragilizado. Ela estica o braço e corre seus dedos pela minha bochecha, ao longo de minha costeleta, até a barba em meu queixo. Seu toque terno, suave e corajoso me desarma completamente, ao mesmo tempo em que me acende para outro tipo de desejo.
Lentamente fecho os olhos, inclino o rosto para receber seu toque suave e delicado, enquanto a respiração se prende em minha garganta. Ela estica a outra mão e corre os dedos pelo meu cabelo. Sinto um calor suave que se espelha por minhas entranhas e um prazer tranquilo, completamente diferente. Não resisto e solto um gemido suave, quase inaudível, não entendo muito bem estas sensações, muito menos a atitude dela. Curto muito o prazer deste momento inusitado e abro os olhos tentando disfarçar minha preocupação com o que estou sentindo. É tudo estranho, diferente, avassalador...
Ela dá um passo para frente e fica praticamente grudada em meu corpo. Eu fico paralisado, como se estivesse hipnotizado, sem condições de mudar de atitude. —Porra, quem é a caça e quem é o caçador aqui?
Depois, puxa gentilmente meu cabelo e vai se aproximando num movimento sexy. Fico observando sua boca gostosa chegando muito próxima à minha até que, dominado por completo, ela me beija, forçando a língua entre meus lábios. Em seguida, simplesmente penetra minha boca com total doçura e gentileza, mas com completa determinação e controle da situação. É uma sensação indescritível e deliciosa, não seguro um gemido. Meus braços afoitos a enlaçam e a trazem para mais perto. O desejo de possuí-la grita dentro de mim e minhas mãos encontram o caminho para o seu cabelo. Eu retribuo o beijo, com força, volúpia e possessivamente. Nossas línguas se entrelaçam e travam uma batalha deliciosa. Somos consumidos pelo desejo mútuo e seu gosto divinal aguça ainda mais minha masculinidade.
Sinto o coração disparar, um leve torpor me distancia do espaço e da realidade em que nos encontramos. É como se mergulhasse num oceano de infinitas emoções. Sei que, de alguma forma, fracassei em minha possessão e, sem saber o porquê e o como, passei o controle para ela. Percebo claramente que, neste exato momento, sou o dominado e ela a dominante. —Caralho, ela me disse não na mesa do jantar, ela desencadeou minha raiva, ela me acalmou com um toque, ela invadiu minha boca com um beijo. Ela é sim, ela é não...

Capítulo 17- Jantar em família



Fico por um tempo admirando sua beleza inacreditável. Mas inacreditável mesmo é ter a certeza de sua presença em minha casa. Saio do quarto com passos leves para não acordá-la, depois da tarde de hoje ela precisa descansar para estar bem no jantar.
Volto para o quarto de jogos e ajeito os apetrechos usados no decorrer da nossa... digamos... interação. Pego o chicote e cheiro o couro fresco. Agora tem cheiro de couro e Anastasia, uma mistura deliciosa. Depois de deixar tudo em ordem como eu gosto, saio e levo seu vestido deixando-o pendurado na porta do armário de seu novo quarto. Ela precisará dele impecável para o jantar. Ajeito o sutiã na cadeira e lembro-me da calcinha no bolso da minha calça jeans. Retiro do bolso, abro e analiso o pequeno pedaço de renda fina que agora desliza entre meus dedos. Inalo e hummm, sinto seu cheiro embriagador, delicioso, perfeito. É um cheiro de fêmea pronta para foder que nunca senti igual, que mistura a beleza da inocência com a altivez de quem gosta de sexo selvagem, de uma foda bem dada, uma mulher felina.
Viro-me para contemplar sua beleza que agora repousa sossegadamente na ampla cama. Na minha cabeça várias imagens da deliciosa tarde se formam e eu tenho uma ideia contagiante. Decido não devolver a calcinha, segurá-la comigo. Tenho certeza que ela vai corar e chegará nervosa, agitada, tímida... linda, para pedi-la de volta. Aí terei o domínio da situação para responder sim ou não, para aguçar seus sentidos e fazê-la sentir mais um pouco da minha dominação, do meu poder. Esta sensação de homem bárbaro e poderoso são molas propulsoras da minha masculinidade, da minha autenticidade e adoro vivenciar isto, ainda mais agora, com ela.
Chamo Taylor para avisar sobre o jantar.
—Pois não Sr. Grey.
—Taylor, prepare o Audi para sairmos por volta das dezenove e trinta.
—Pois não Sr, devo preparar uma longa locomoção?
—Não, vamos somente jantar na casa dos meus pais.
Percebo que Taylor, mesmo na sua discrição arregala os olhos diante desta revelação e esboça uma sombra de sorriso, mas mantém-se como se não entendesse a real situação.
—Terei muito prazer em levá-los Sr.
Olho para ele, já temos certo grau de intimidade e ele sabe dos meus relacionamentos anteriores, meu estilo de vida.
— Eu também espero que seja um jantar prazeroso Taylor, sem arrependimentos futuros.
—Se me permite, Sr Grey, acredito que será uma bela noite, presságios de muitas alegrias que virão.
—Assim espero Taylor, assim espero. A Gail já está por aí?
—Sim, chegou faz um tempinho, o Sr deseja alguma coisa?
—Avise que o quarto de jogos está liberado para limpeza e peça a ela para caprichar num lanche leve, estou faminto, não vou aguentar até o jantar.
—Devo pedir um lanche para a Srta Steele também?
—Não, neste momento ela está repousando e não vou incomodá-la.
Taylor se retira e em minutos já estou saboreando um bom lanche para aplacar um pouco minha fome canina.

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