Cruzo como um ciclone a porta de madeira da casa de embarcação e pauso para acender algumas luzes. As luzes fluorescentes cintilam e zumbem em sequência, enquanto luzes fortes inundam o grande edifício de madeira. Passo pela lancha motorizada que flutua na água escura e subo pelas escadas de madeira até atingir o quarto de cima. Paro na entrada do sótão com teto inclinado e ligo o interruptor da lâmpada halogena que expande uma luz mais suave e difusa. Gosto da decoração do sótão com tema náutico da Nova Inglaterra: azul marinho e creme, com listras vermelhas. Os móveis esparsos com apenas dois sofás serviram para muitas correrias, lutas e brincadeiras entre mim e meus irmãos.
Apesar de Anastasia ser muito leve, chego cansado ao sótão, com certa dificuldade para respirar. Coloco-a de pé no chão. —Viu o que faz a falta de treinamento, Grey? Podia pagar um mico estratosférico agora, não?
Sinto que ela está hipnotizada... assistindo-me como se eu fosse um daqueles predadores raros e perigosos. Ela uma presa indefesa esperando pelo ataque. —Bingo Srta Steele, você é caça, eu... predador!
Meus olhos cinzentos queimam com raiva, necessidade e luxúria pura, inalterada. Seu olhar de medo e apreensão fazem com que estes sentimentos se aflorem ainda mais dentro de mim e, neste momento, tudo o que quero é sugar seus lábios generosos e colorir sua bunda gostosa, que merece uma bela surra de punição pelas “surpresas” desagradáveis da noite.
— Por favor, não me bata. —Ela sussurra, implorando.
Levo um susto com suas palavras, ao ponto de expressar em minhas feições, já que sinto minhas sobrancelhas franzirem e meus olhos se arregalam. Pisco duas vezes processando a veemência de seu pedido e o significado disso. Ela adivinhou minhas intenções, ok! Ela está com medo de mim, oh... isso não!
— Eu não quero que você me dê palmadas... não aqui, não agora. Por favor, não faça. — Continua com voz manhosa.
Minha boca se abre levemente pela surpresa, mas a falta de palavras me deixa fragilizado. Ela estica o braço e corre seus dedos pela minha bochecha, ao longo de minha costeleta, até a barba em meu queixo. Seu toque terno, suave e corajoso me desarma completamente, ao mesmo tempo em que me acende para outro tipo de desejo.
Lentamente fecho os olhos, inclino o rosto para receber seu toque suave e delicado, enquanto a respiração se prende em minha garganta. Ela estica a outra mão e corre os dedos pelo meu cabelo. Sinto um calor suave que se espelha por minhas entranhas e um prazer tranquilo, completamente diferente. Não resisto e solto um gemido suave, quase inaudível, não entendo muito bem estas sensações, muito menos a atitude dela. Curto muito o prazer deste momento inusitado e abro os olhos tentando disfarçar minha preocupação com o que estou sentindo. É tudo estranho, diferente, avassalador...
Ela dá um passo para frente e fica praticamente grudada em meu corpo. Eu fico paralisado, como se estivesse hipnotizado, sem condições de mudar de atitude. —Porra, quem é a caça e quem é o caçador aqui?
Depois, puxa gentilmente meu cabelo e vai se aproximando num movimento sexy. Fico observando sua boca gostosa chegando muito próxima à minha até que, dominado por completo, ela me beija, forçando a língua entre meus lábios. Em seguida, simplesmente penetra minha boca com total doçura e gentileza, mas com completa determinação e controle da situação. É uma sensação indescritível e deliciosa, não seguro um gemido. Meus braços afoitos a enlaçam e a trazem para mais perto. O desejo de possuí-la grita dentro de mim e minhas mãos encontram o caminho para o seu cabelo. Eu retribuo o beijo, com força, volúpia e possessivamente. Nossas línguas se entrelaçam e travam uma batalha deliciosa. Somos consumidos pelo desejo mútuo e seu gosto divinal aguça ainda mais minha masculinidade.
Sinto o coração disparar, um leve torpor me distancia do espaço e da realidade em que nos encontramos. É como se mergulhasse num oceano de infinitas emoções. Sei que, de alguma forma, fracassei em minha possessão e, sem saber o porquê e o como, passei o controle para ela. Percebo claramente que, neste exato momento, sou o dominado e ela a dominante. —Caralho, ela me disse não na mesa do jantar, ela desencadeou minha raiva, ela me acalmou com um toque, ela invadiu minha boca com um beijo. Ela é sim, ela é não...