2 de fev. de 2014

Capítulo 18- Bolas Prateadas



Cruzo como um ciclone a porta de madeira da casa de embarcação e pauso para acender algumas luzes. As luzes fluorescentes cintilam e zumbem em sequência, enquanto luzes fortes inundam o grande edifício de madeira. Passo pela lancha motorizada que flutua na água escura e subo pelas escadas de madeira até atingir o quarto de cima. Paro na entrada do sótão com teto inclinado e ligo o interruptor da lâmpada halogena que expande uma luz mais suave e difusa. Gosto da decoração do sótão com tema náutico da Nova Inglaterra: azul marinho e creme, com listras vermelhas. Os móveis esparsos com apenas dois sofás serviram para muitas correrias, lutas e brincadeiras entre mim e meus irmãos.
Apesar de Anastasia ser muito leve, chego cansado ao sótão, com certa dificuldade para respirar. Coloco-a de pé no chão. —Viu o que faz a falta de treinamento, Grey? Podia pagar um mico estratosférico agora, não?
Sinto que ela está hipnotizada... assistindo-me como se eu fosse um daqueles predadores raros e perigosos. Ela uma presa indefesa esperando pelo ataque. —Bingo Srta Steele, você é caça, eu... predador!
Meus olhos cinzentos queimam com raiva, necessidade e luxúria pura, inalterada. Seu olhar de medo e apreensão fazem com que estes sentimentos se aflorem ainda mais dentro de mim e, neste momento, tudo o que quero é sugar seus lábios generosos e colorir sua bunda gostosa, que merece uma bela surra de punição pelas “surpresas” desagradáveis da noite.
— Por favor, não me bata. —Ela sussurra, implorando.
Levo um susto com suas palavras, ao ponto de expressar em minhas feições, já que sinto minhas sobrancelhas franzirem e meus olhos se arregalam. Pisco duas vezes processando a veemência de seu pedido e o significado disso. Ela adivinhou minhas intenções, ok! Ela está com medo de mim, oh... isso não!
— Eu não quero que você me dê palmadas... não aqui, não agora. Por favor, não faça. — Continua com voz manhosa.
Minha boca se abre levemente pela surpresa, mas a falta de palavras me deixa fragilizado. Ela estica o braço e corre seus dedos pela minha bochecha, ao longo de minha costeleta, até a barba em meu queixo. Seu toque terno, suave e corajoso me desarma completamente, ao mesmo tempo em que me acende para outro tipo de desejo.
Lentamente fecho os olhos, inclino o rosto para receber seu toque suave e delicado, enquanto a respiração se prende em minha garganta. Ela estica a outra mão e corre os dedos pelo meu cabelo. Sinto um calor suave que se espelha por minhas entranhas e um prazer tranquilo, completamente diferente. Não resisto e solto um gemido suave, quase inaudível, não entendo muito bem estas sensações, muito menos a atitude dela. Curto muito o prazer deste momento inusitado e abro os olhos tentando disfarçar minha preocupação com o que estou sentindo. É tudo estranho, diferente, avassalador...
Ela dá um passo para frente e fica praticamente grudada em meu corpo. Eu fico paralisado, como se estivesse hipnotizado, sem condições de mudar de atitude. —Porra, quem é a caça e quem é o caçador aqui?
Depois, puxa gentilmente meu cabelo e vai se aproximando num movimento sexy. Fico observando sua boca gostosa chegando muito próxima à minha até que, dominado por completo, ela me beija, forçando a língua entre meus lábios. Em seguida, simplesmente penetra minha boca com total doçura e gentileza, mas com completa determinação e controle da situação. É uma sensação indescritível e deliciosa, não seguro um gemido. Meus braços afoitos a enlaçam e a trazem para mais perto. O desejo de possuí-la grita dentro de mim e minhas mãos encontram o caminho para o seu cabelo. Eu retribuo o beijo, com força, volúpia e possessivamente. Nossas línguas se entrelaçam e travam uma batalha deliciosa. Somos consumidos pelo desejo mútuo e seu gosto divinal aguça ainda mais minha masculinidade.
Sinto o coração disparar, um leve torpor me distancia do espaço e da realidade em que nos encontramos. É como se mergulhasse num oceano de infinitas emoções. Sei que, de alguma forma, fracassei em minha possessão e, sem saber o porquê e o como, passei o controle para ela. Percebo claramente que, neste exato momento, sou o dominado e ela a dominante. —Caralho, ela me disse não na mesa do jantar, ela desencadeou minha raiva, ela me acalmou com um toque, ela invadiu minha boca com um beijo. Ela é sim, ela é não...

Capítulo 17- Jantar em família



Fico por um tempo admirando sua beleza inacreditável. Mas inacreditável mesmo é ter a certeza de sua presença em minha casa. Saio do quarto com passos leves para não acordá-la, depois da tarde de hoje ela precisa descansar para estar bem no jantar.
Volto para o quarto de jogos e ajeito os apetrechos usados no decorrer da nossa... digamos... interação. Pego o chicote e cheiro o couro fresco. Agora tem cheiro de couro e Anastasia, uma mistura deliciosa. Depois de deixar tudo em ordem como eu gosto, saio e levo seu vestido deixando-o pendurado na porta do armário de seu novo quarto. Ela precisará dele impecável para o jantar. Ajeito o sutiã na cadeira e lembro-me da calcinha no bolso da minha calça jeans. Retiro do bolso, abro e analiso o pequeno pedaço de renda fina que agora desliza entre meus dedos. Inalo e hummm, sinto seu cheiro embriagador, delicioso, perfeito. É um cheiro de fêmea pronta para foder que nunca senti igual, que mistura a beleza da inocência com a altivez de quem gosta de sexo selvagem, de uma foda bem dada, uma mulher felina.
Viro-me para contemplar sua beleza que agora repousa sossegadamente na ampla cama. Na minha cabeça várias imagens da deliciosa tarde se formam e eu tenho uma ideia contagiante. Decido não devolver a calcinha, segurá-la comigo. Tenho certeza que ela vai corar e chegará nervosa, agitada, tímida... linda, para pedi-la de volta. Aí terei o domínio da situação para responder sim ou não, para aguçar seus sentidos e fazê-la sentir mais um pouco da minha dominação, do meu poder. Esta sensação de homem bárbaro e poderoso são molas propulsoras da minha masculinidade, da minha autenticidade e adoro vivenciar isto, ainda mais agora, com ela.
Chamo Taylor para avisar sobre o jantar.
—Pois não Sr. Grey.
—Taylor, prepare o Audi para sairmos por volta das dezenove e trinta.
—Pois não Sr, devo preparar uma longa locomoção?
—Não, vamos somente jantar na casa dos meus pais.
Percebo que Taylor, mesmo na sua discrição arregala os olhos diante desta revelação e esboça uma sombra de sorriso, mas mantém-se como se não entendesse a real situação.
—Terei muito prazer em levá-los Sr.
Olho para ele, já temos certo grau de intimidade e ele sabe dos meus relacionamentos anteriores, meu estilo de vida.
— Eu também espero que seja um jantar prazeroso Taylor, sem arrependimentos futuros.
—Se me permite, Sr Grey, acredito que será uma bela noite, presságios de muitas alegrias que virão.
—Assim espero Taylor, assim espero. A Gail já está por aí?
—Sim, chegou faz um tempinho, o Sr deseja alguma coisa?
—Avise que o quarto de jogos está liberado para limpeza e peça a ela para caprichar num lanche leve, estou faminto, não vou aguentar até o jantar.
—Devo pedir um lanche para a Srta Steele também?
—Não, neste momento ela está repousando e não vou incomodá-la.
Taylor se retira e em minutos já estou saboreando um bom lanche para aplacar um pouco minha fome canina.

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