2 de fev. de 2014

Capítulo 17- Jantar em família



Fico por um tempo admirando sua beleza inacreditável. Mas inacreditável mesmo é ter a certeza de sua presença em minha casa. Saio do quarto com passos leves para não acordá-la, depois da tarde de hoje ela precisa descansar para estar bem no jantar.
Volto para o quarto de jogos e ajeito os apetrechos usados no decorrer da nossa... digamos... interação. Pego o chicote e cheiro o couro fresco. Agora tem cheiro de couro e Anastasia, uma mistura deliciosa. Depois de deixar tudo em ordem como eu gosto, saio e levo seu vestido deixando-o pendurado na porta do armário de seu novo quarto. Ela precisará dele impecável para o jantar. Ajeito o sutiã na cadeira e lembro-me da calcinha no bolso da minha calça jeans. Retiro do bolso, abro e analiso o pequeno pedaço de renda fina que agora desliza entre meus dedos. Inalo e hummm, sinto seu cheiro embriagador, delicioso, perfeito. É um cheiro de fêmea pronta para foder que nunca senti igual, que mistura a beleza da inocência com a altivez de quem gosta de sexo selvagem, de uma foda bem dada, uma mulher felina.
Viro-me para contemplar sua beleza que agora repousa sossegadamente na ampla cama. Na minha cabeça várias imagens da deliciosa tarde se formam e eu tenho uma ideia contagiante. Decido não devolver a calcinha, segurá-la comigo. Tenho certeza que ela vai corar e chegará nervosa, agitada, tímida... linda, para pedi-la de volta. Aí terei o domínio da situação para responder sim ou não, para aguçar seus sentidos e fazê-la sentir mais um pouco da minha dominação, do meu poder. Esta sensação de homem bárbaro e poderoso são molas propulsoras da minha masculinidade, da minha autenticidade e adoro vivenciar isto, ainda mais agora, com ela.
Chamo Taylor para avisar sobre o jantar.
—Pois não Sr. Grey.
—Taylor, prepare o Audi para sairmos por volta das dezenove e trinta.
—Pois não Sr, devo preparar uma longa locomoção?
—Não, vamos somente jantar na casa dos meus pais.
Percebo que Taylor, mesmo na sua discrição arregala os olhos diante desta revelação e esboça uma sombra de sorriso, mas mantém-se como se não entendesse a real situação.
—Terei muito prazer em levá-los Sr.
Olho para ele, já temos certo grau de intimidade e ele sabe dos meus relacionamentos anteriores, meu estilo de vida.
— Eu também espero que seja um jantar prazeroso Taylor, sem arrependimentos futuros.
—Se me permite, Sr Grey, acredito que será uma bela noite, presságios de muitas alegrias que virão.
—Assim espero Taylor, assim espero. A Gail já está por aí?
—Sim, chegou faz um tempinho, o Sr deseja alguma coisa?
—Avise que o quarto de jogos está liberado para limpeza e peça a ela para caprichar num lanche leve, estou faminto, não vou aguentar até o jantar.
—Devo pedir um lanche para a Srta Steele também?
—Não, neste momento ela está repousando e não vou incomodá-la.
Taylor se retira e em minutos já estou saboreando um bom lanche para aplacar um pouco minha fome canina.

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Às seis horas tomo banho e visto minha calça de flanela cinza que cai confortavelmente em meus quadris. Coloco uma camisa de linho branco e penteio os cabelos e, claro, o toque final: aninho a calcinha no meu bolso traseiro, tão pequenina que se ajeita perfeitamente sem fazer volume. — Volume mesmo é o que está se fazendo no meio das suas pernas com estes pensamentos obscenos, não é Grey?
Vou para o quarto acordar Anastasia. Roço os lábios por sua testa e faço um rastro de beijos ternos para que desperte. Já entardeceu e dei um bom tempo para que ela repusesse as energias num sono reparador, afinal uma noite de surpresas nos espera. Ela solta pequenos gemidos, ronrona como uma gatinha e se aninha no travesseiro, linda! Poderia ficar horas neste chamego, mas preciso acordá-la.
— Anastasia, acorde.
— Não. — Ela resmunga com preguiça e eu me divirto com seu jeito.
— Temos que sair em meia hora para jantar com meus pais.
Ela abre os olhos relutantemente diante do espetáculo de cores do crepúsculo e me surpreende debruçado sobre ela.
— Vamos dorminhoca. Levante-se. — Me inclino e a beijo novamente.
— Comprei-lhe uma bebida. Estarei no andar de baixo. Não volte a dormir ou você estará em apuros. — Advirto com brandura e dou-lhe um beijo breve antes de sair, deixando-a sonolenta e piscando os olhos no quarto fresco.
Assim que chego à cozinha, encho uma taça de Água de Cranberry. É um suco cor-de-rosa pálido e uma maravilha para prevenir infecções urinárias. Não quero que nenhuma possibilidade de adoecê-la seja produzida por mim. Comprei o suco chileno que é um dos melhores do mundo, já que as pequenas frutinhas rasteiras são cultivadas e colhidas de uma forma diferente, a água ajuda neste processo quase artesanal e tão perfeito.
Retorno ao quarto para deixar a bandeja com o copo na mesa de cabeceira e ouço o chuveiro ligado. Fico doido para dar uma espiadela, mas saio rapidamente, pois não é hora do meu pau endurecer e ultimamente este é o único ponto do universo que não tenho tido controle, especialmente na presença de Anastasia.
Ligo o surround para ouvir o velho Frank Sinatra e fico aguardando ao lado da janela panorâmica. Neste momento todo o meu corpo opera em modo presunçoso, sentindo a calcinha dela quase em contato com minha bunda, separada apenas pelo tecido de flanela. —Em breve vou roçar minha pele na sua bunda nua Srta Steele, espero que o jantar acabe logo!
Quinze minutos depois, ela aparece linda, cheirosa e revigorada. Os olhos estão brilhantes, a pele corada, os cabelos soltos e bem escovados caem em cascata sobre seus ombros. Acolho-a sorridente, na expectativa de vê-la corando e mordendo o lábio para pedir a calcinha de volta.
— Oi! — Ela me cumprimenta baixinho e seu belo sorriso encontra o meu.
— Oi! — Respondo. — Como está se sentindo? — Meus olhos estão iluminados com a diversão.
— Bem, obrigada. E você?
— Eu me sinto bem poderoso, Srta Steele.
Fico ansioso aguardando que ela reivindique sua peça confiscada.
— Frank. Eu nunca imaginei que você fosse um fã de Sinatra.
Levanto as sobrancelhas para ela surpreso com sua postura, meu olhar é especulativo, pois ela me pega de surpresa. —Puta que pariu, ela fala de Sinatra e não da calcinha?
— Gosto eclético, Srta Steele. — Murmuro e como uma pantera caminho em sua direção, meu olhar é tão intenso que percebo lhe tirar o fôlego. Minha cabeça fervilha com a recente ideia de convidá-la para dançar.
Frank começa a cantar sua velha canção, “Witchcraft”. Passo vagarosamente a ponta do dedo pela sua face e este contato acende novamente todas as minhas vísceras como pequenas luzes de Natal.
— Dance comigo. — Murmuro com voz rouca.
Pego o controle remoto, aumento o volume e mantenho a mão estendida para ela. Fico encarando-a com meu olhar cinza cheio de promessas, desejo e humor, na busca de seduzi-la, encantá-la. Ela me cede sua mão e amplio meu sorriso ao puxá-la para mim e prendê-la em meu abraço, enrolando meu braço ao redor de sua cintura. Começo a balançar.
Ela me acompanha sorridente e, brincalhona, me segue. Bailamos rodopiando pelo chão, da janela até a cozinha e de volta novamente, girando e girando, no tempo da música. Depois, deslizamos em torno da mesa de jantar, para o piano e de lá para cá na frente da parede de vidro. Lá fora Seattle pisca um mural escuro e mágico para nossa dança, e ela ri despreocupada. Sorrio para ela quando a música chega ao fim.
— Não existe nenhuma feiticeira mais agradável que você. — Murmuro e então a beijo docemente. — Bem, isso possibilitou um pouco de cor para suas bochechas, Srta Steele. Obrigado pela dança. Podemos ir ao encontro dos meus pais?
— De nada! E sim, eu mal posso esperar para encontrar com eles. — Ela responde sem fôlego.
Como ela não pergunta o que quero que pergunte, dou uma forçadinha de leve na situação.
— Você tem tudo o que precisa?
— Oh, sim... — Ela responde docemente.
— Você tem certeza?
Ela concorda com a cabeça tão indiferente quanto pode administrar sob o meu olhar intenso, divertido. Entendo o que ela está fazendo e meu rosto se ilumina em um sorriso enorme. Balanço a cabeça admirando sua inteligência e a forma como me desafia.
— Ok. Se esta é a maneira que quer jogar Srta Steele, eu topo!
Agarro sua mão enquanto pego a minha jaqueta que está pendurada numa das banquetas. Em seguida, levo-a através da entrada para o elevador. Ela me investiga com olhos afoitos. Estou curtindo este momento como se fosse uma piada nossa, íntima, pertencente somente à nossa privacidade. Um vestígio de sorriso flerta com sua boca bonita, ela também se diverte com sua ousadia. — Quer jogar não é Srta Calcinha Confiscada? Iniciemos a partida, então.
Eu admiro sua coragem, ousadia e determinação em me afrontar. Vai conhecer os meus pais e não está vestindo qualquer roupa íntima. Meu corpo aciona imediatamente o modo curiosidade e tesão pelo que está por vir. Olho para ela e a tensão aumentando entre nós está presente.
Temos problemas com elevadores, nossa energia contida fica agitada demais quando estamos num deles. —Até quando você vai conseguir manter esta harmonia, Grey? — Este pensamento desafiador por vezes me apavora, já que meus cinquenta tons ainda estão aqui, tão latentes dentro de mim.
As portas do elevador se abrem no andar térreo. Balanço a cabeça ligeiramente como se fosse para limpar estes pensamentos e gesticulo para que ela saia antes, num gesto cavalheiresco.
Taylor já está no Audi, preparado para dirigir. Abro a porta traseira e ela entra tão elegantemente ao ponto de aguçar ainda mais minha admiração. Tenho plena consciência que ela está sem calcinha, mas por sorte seu vestido ameixa é comprido até os joelhos. Jamais permitira que ela colocasse em exposição sua xoxota maravilhosa, senão para mim.
Seguimos pela I-5 em silêncio. Olho pela janela do carro e lá fora a noite cai de mansinho, num clima muito agradável. Fico pensando na responsabilidade deste jantar. Pela primeira vez na vida vou apresentar à minha família uma “namorada”. —Eita palavrinha difícil, não Grey?
É um momento ímpar em minha vida, repleto de dualidades e pensamentos controversos. Ao mesmo tempo em que estar com ela tem sido um bálsamo, um elixir contra os males que afetam minha alma, tem sido também uma alta dose de veneno. Não sei se darei conta de tamanha responsabilidade e, o pior, não sei se ela tem interesse em assumir esta responsabilidade, este compromisso. Lembro-me das palavras sempre proferidas por Elena, ao longo dos anos do nosso relacionamento. “—Amar é para os fracos. Nós não gostamos de amor que traz junto casa, cachorro, crianças...” Fico me perguntando se ao apresentar Anastasia à minha família, não estarei realmente assumindo um compromisso pra o qual não estou preparado de “casa, cahorro...”
É nesta confusão mental que ela me interpela e me traz de volta para o banco do carro.
— Onde você aprendeu a dançar? — Oh, não sinal amarelo, Grey!
— Você realmente quer saber? — Respondo em voz baixa, preparando-me para a confusão que poderá vir.
— Sim. — Ela responde.
— A Sra. Robinson gostava de dançar.
— Ela deve ter sido uma boa professora.
— Ela era. — Digo suavemente e sem intenção de continuar neste assunto.
Agora é ela que cai em devaneios. Percebo que está pensando em Elena, pois seu olhar se torna azul escuro, diferente do habitual. Está com raiva, é perceptível. De repente toca os pulsos onde há pouco estava amarrada com as tiras finas de plástico. Eu já tinha observado que não ficaram marcas expostas, mas ela confere isto. Quando a vejo assim, pensativa e insegura, o modo vigilância se apodera de mim. Neste momento sinto que há perigo e que sua reação pode não ser das melhores, das que espero.
— Não. — Murmuro.
Ela franze a testa e vira para me olhar.
— Não faça o que? — Ela pergunta assustada.
— Não pense sobre as coisas, Anastasia. — Alcançando-a, pego sua mão, ergo-a até meus lábios e beijo seus dedos suavemente. — Eu tive uma tarde maravilhosa. Obrigado.
Ela pisca e sorri timidamente. Em seguida me faz uma pergunta.
— Por que você usou uma braçadeira?
Ah, pelo menos sua boca inteligente não me assustou desta vez. Respiro aliviado e, sorrindo, respondo.
— É rápido, é fácil e é algo diferente para você sentir a experiência. Eu sei que elas são bastante brutais, como dispositivo de contenção. Muito eficazes para mantê-la em seu lugar de dominada.
Ela ruboriza e olha nervosamente para Taylor, que permanece impassível, com os olhos na estrada. Encolho os ombros inocentemente.
— Tudo parte de meu mundo, Anastasia. — Aperto sua mão e me volto a olhar para fora da janela novamente, já que neste momento não consigo suportar seu olhar inocente e assustado encarando um homem obsceno e pervertido, eu!
Nosso relacionamento está tomando uma proporção tão diferente de tudo. Jamais faria o que fiz com ela sem assinar o contrato. Minha imagem de CEO de sucesso não pode ser manchada, por alguma submissa revoltada que revele minhas atitudes ao mundo exterior, mas com ela sequer consegui dar continuidade ou falar novamente sobre o contrato, mesmo que já tenhamos feito tantas coisas juntos. Não sei o porque, não sei qual poder que ela exerce sobre mim, mas de certa forma, confio na sua discrição. — Outra primeira vez, outra novidade, não é Grey? Será que seu poderio está sucumbindo por um par de olhos azuis?
Volto-me para ela que continua com suas reflexões olhando pela janela. Estamos cruzando uma das pontes, cercados pela escuridão. A noite sombria reflete nosso estado de espírito introspectivo, fechado, sufocante. Ela se vira e me surpreende olhando para ela.
— Um centavo por seus pensamentos? — Pergunto. — Tão ruim, hein, é isso?
Ela suspira com tristeza.
— Eu gostaria de saber o que você estava pensando.
Eu sorrio para ela.
— Idem, Baby, idem... — Digo suavemente, enquanto Taylor acelera na noite em direção a Bellevue. Fico me perguntando se ela estará apreensiva com a apresentação aos meus pais, ou será que está arrependida de ter aceitado vir comigo, ou será que se arrependeu da brincadeira da calcinha, ou será que está fantasiando muito com Elena, a tornando um fantasma ou bruxa má? —Será, serás, seremos?
É um pouco antes das oito, quando o carro entra na calçada da mansão de estilo colonial da minha família. Percebo que ela está sem fôlego observando a imponência da mansão, um perfeito retrato de livro.
— Você está pronta para isso? — Pergunto, enquanto Taylor para o carro na frente da porta de entrada.
Ela concorda com a cabeça, mas demonstrando total insegurança. Dou um aperto tranquilizante em sua mão.
— Primeira vez para mim também. — Sussurro e então sorrio maliciosamente aproveitando para brincar com a situação. —Aposto que você gostaria de estar vestindo sua roupa íntima agora.
Ela cora e se volta para Taylor que saiu do carro e já está abrindo sua porta. Antes de descer me faz uma careta e eu sorrio amplamente enquanto ela gira e sai do carro.
Minha linda mãe, a Dra. Grace Trevelyan-Grey está na porta esperando por nós. Como sempre está elegantemente sofisticada em um vestido de seda azul claro, por trás dela está meu pai que se destaca pela altura e cabelos muito loiros. Eles formam um lindo casal e são um ótimo incentivo aos relacionamentos harmoniosos. — Que análise maricas, não Grey? Acionando o modo flores e corações hoje?
Para minha sorte este pensamento irritante é interrompido pelas apresentações.
— Anastasia, já conhece a minha mãe, Grace. Este é o meu pai, Carrick.
— Sr. Grey, que prazer conhecê-lo. — Ela sorri e agita sua mão estendida.
— O prazer é todo meu, Anastasia.
— Por favor, me chame de Ana.
Percebo que os olhos azuis de meus pais estão suaves e gentis.
— Ana, o quão adorável é vê-la novamente. — Mamãe a envolve num abraço caloroso. — Entre, minha querida.
— Ela está aqui? — Ouvimos um grito alto de dentro da casa. Ela olha nervosamente para mim.
— Esta é Mia, minha irmã caçula. — Digo preparando-a para o show que vai começar. Adoro Mia, mas sei que ela vai pegar pesado.
Mal acabo de falar e ela chega correndo, atropelando a todos e já abraçando apertado Anastasia com seu entusiasmo pueril ilimitado.
— Anastasia! Eu ouvi tanto sobre você.
— Ana, por favor. — Anastasia responde enquanto é arrastada pelo grande vestíbulo de piso de madeira escura com tapetes antigos e passa pela escadaria que leva ao segundo andar.
— Ele nunca trouxe uma garota para esta casa antes. — Mia diz, com seus olhos escuros brilhando de excitação.
Reviro os olhos para Mia e Anastasia levanta uma sobrancelha para mim, como se me repreendesse. Estreito os olhos para ela adorando esta linguagem que só nós entendemos, que é só nossa.
— Mia, acalme-se. — Mamãe aconselha suavemente. — Olá, querido! — Ela diz enquanto me beija em ambas as faces. Sorrio para ela calorosamente e então aperto a mão de meu pai.
Todos nós entramos na espaçosa sala de estar decorada com bom gosto em creme, marrom e azul claro. É uma sala confortável, discreta e muito elegante, ao estilo requintado de minha mãe. Avisto Elliot e a Chaterine aconchegados no confortável sofá da sala, segurando taças de champanhe. Katherine salta para abraçar Anastasia e eu percebo que até agora Mia segurava sua mão.
— Oi, Ana! — Ela sorri. — Christian. — Acena com a cabeça bruscamente para mim com sua habitual falta de vontade em manter um relacionamento amigável comigo.
— Kate. — Eu soo igualmente formal com ela.
Percebo Anastasia franzindo a testa em desaprovação ao clima que se estabelece entre mim e sua amiga. Elliot então a cumprimenta em um abraço todo longo e abrangente. —O que é isto agora, ele vai se tornar o abraçador oficial Steele?
Elliot está exagerando na sua exibição de afeto por minha mulher, então resolvo intervir imediatamente. Chego ao seu lado envolvendo meu braço ao redor dela. Coloco minha mão em seu quadril, estendo meus dedos e puxo-a para perto. Todos estão olhando para nós. É enervante.
— Bebidas? — Papai se antecipa para quebrar o gelo. — Prosecco?
— Por favor. — Anastasia e eu falamos em uníssono.
Oh… isso está além de estranho. Olhamos-nos admirados e Mia bate palmas.
— Vocês estão até falando ao mesmo tempo. Eu vou buscar. — Ela sai da sala.
Anastasia fica escarlate enquanto observa a melação explícita entre Elliot e Kate e, de repente, seu olhar se transforma. Por alguns segundos percebo que seu rosto se cobre com um véu de raiva e eu não entendo o motivo. —Será que ela está com ciúmes da amiga? Ou de Elliot? —Este pensamento me apavora, mas percebo claramente sua reação estranha e o quanto se torna introspectiva novamente.
— O jantar está quase pronto. — Dra Grace diz, enquanto segue Mia para fora da sala de estar.
Franzo a testa e olho para Anastasia extremamente confuso com sua postura, estava tudo indo tão bem, o que pode ter acontecido sem eu perceber?
— Sente-se. — Aponto para o sofá e ela se senta, cuidadosamente cruzando as pernas. Sento-me ao seu lado, mas não a toco porque estou desconfortável com a nova situação.
— Nós estávamos falando sobre férias, Ana. — O líder dos Grey diz amavelmente. — Elliot decidiu acompanhar Kate e sua família para Barbados por uma semana.
Katherine está sorrindo, seus olhos estão grandes e brilhantes. Definitivamente está encantada com o fascínio de Elliot, acho que os Grey tem este poder.
— Você está dando uma pausa agora que terminou a faculdade? — Papai pergunta.
— Estou pensando em ir para Geórgia por alguns dias. — Ela responde.
Sinto uma punhalada pelas costas e olho para ela, piscando um par de vezes, sem acreditar no que estou ouvindo. —Ela vai viajar? Eu ia saber disso quando???
— Geórgia? — Indago incrédulo.
— Minha mãe vive lá e eu não a vejo há algum tempo.
—Quando você está pensando em ir? — Minha voz é baixa contrastando com minha vontade de urrar.
— Amanhã, final da noite.
Mia passeia em volta do sofá abastecendo as taças de Prosecco rosa pálido.
— A sua boa saúde! — Meu pai levanta a taça. Eu também levanto, mas já não presto atenção em mais nada. Meu cérebro está paralisado em suas palavras recentes.
— Por quanto tempo? — Pergunto, com voz enganosamente suave.
— Eu não sei ainda. Dependerá das minhas entrevistas, amanhã. —Outra punhalada, Srta Steele?—Minha mandíbula aperta e percebo que Chaterine está nos observando com aquele olhar malévolo interferindo em seu rosto que é bonito, mas irritante. Ela sorri excessivamente doce, adorando e entendendo o muro que se ergueu entre mim e Anastasia após esta revelação.
— Ana merece uma pausa. — Ela diz intencionalmente para mim, me provocando.
— Você tem entrevistas? — Papai pergunta.
— Sim, para estágios em duas editoras, amanhã.
— Desejo-lhe boa sorte.
— O jantar está na mesa. — Minha mãe anuncia.
Todos nós levantamos. Kate e Elliot seguem meus pais e Mia para fora da sala. Quando vamos seguir, agarro o seu cotovelo, parando-a abruptamente.
— Quando você ia me contar que ia partir? — Pergunto com urgência. Meu tom é suave, mas estou mascarando minha raiva contida.
— Eu não estou partindo, vou ver minha mãe e eu estava só pensando sobre isto.
— Que tal lembrar-se do nosso acordo?
— Nós não temos um acordo ainda.
Ela tem razão, não assinamos o contrato. Aperto os olhos soltando sua mão, tomo seu cotovelo e a levo para a sala de jantar. Tenho que me controlar para não fazer uma cena na casa de meus pais, mas neste momento ouso admitir que jamais minha mão coçou tanto...
— Essa conversa não terminou. — Sussurro ameaçadoramente quando entramos na sala de jantar.
Nem mesmo a beleza do lugar consegue me animar. Tenho vontade de apagar as luzes do belo lustre de cristal pendurado sobre a mesa de madeira escura, já que entrei nas trevas novamente. O espelho enorme esculpido na parede reflete minha imagem soturna, amedrontada e ao mesmo tempo louca para atacar. A mesa está servida, coberta com uma toalha de mesa de linho branco e rosas pálidas decoram uma tigela como peça central. Ela observa a beleza e o luxo da mesa bem arrumada, enquanto eu obervo seu semblante e sinto a estranha sensação de ter sido enganado.
Tomamos nossos lugares. Papai ocupa seu lugar na cabeceira da mesa, enquanto Anastasia se senta no seu lado direito e eu me acomodo ao seu lado. Katherine aceita o vinho tinto que meu pai lhe oferece e minha querida Mia se senta ao meu lado, tomando minha mão e apertando firmemente. Sinto neste gesto que minha irmã aprovou Anastasia e num olhar fraterno trocamos um amplo sorriso, que somente irmãos entenderiam.
— Onde você conheceu Ana? — Mia me pergunta.
— Ela me entrevistou para a revista estudantil da WSU.
— A que Kate edita. — Anastasia complementa.
Mia sorri para Kate, que está sentada em frente, ao lado de Elliot e eles começam a conversar sobre a revista dos alunos.
— Vinho, Ana? — Papai oferece.
— Por favor. — Ela sorri para ele que levanta para encher o resto dos copos.
Ela me encara e eu viro para olhar em seus olhos. Inclino a cabeça para um lado a fim de disfarçar nossa conversa e para que ninguém perceba o que vamos falar, já que estou em ponto de explodir.
— O que significa isso tudo? — Pergunto.
— Por favor, não fique bravo comigo. — Ela sussurra amedrontada.
— Eu não estou bravo com você. —Claro que não Grey. Você está apenas enfurecido, ao ponto de ter um ataque de nervos.
Ela fica olhando para mim numa expressão de súplica e eu respondo.
— Sim, eu estou louco com você. — E fecho os olhos brevemente.
— Louco a ponto de dar palmadas? — Ela pergunta nervosamente.
— Sobre o que vocês dois estão cochichando? — Chaterine interrompe.
Anastasia cora, enquanto eu encaro Chaterine com meu olhar “Tire o seu maldito rabo do meu caminho Kavanagh”, de modo que ela entende e até murcha sob o meu olhar ameaçador e injetado de raiva.
— Apenas sobre a minha viagem para a Geórgia. — Anastasia responde docemente e a megera da amiga sorri. Depois, com um brilho perverso em seu olhar, pergunta.
— Como estava José quando você foi para o bar com ele na sexta-feira?
Percebo que Anastasia fica apavorada e arregala os olhos para ela, convidando a amiga sutilmente a se calar. Percebo claramente a intenção da minha “cunhada” em me chatear e provocar ciúme. Eu sabia que eles tinham dividido comida chinesa, mas ir a um bar? Teremos que falar sobre isto, porque esta omissão?
— Ele estava bem. — Anastasia responde.
Eu me inclino para ela e respondo.
— Louco a ponto de dar palmadas... — Sussurro. —Especialmente agora. — Meu tom é calculado para soar calmo e mortal.
Ela se contorce. Minha mãe reaparece carregando dois pratos, seguida por Gretchen, que carrega uma bandeja de pratos. Ela é uma de nossas funcionárias mais jovens, está com seus cabelos loiros trançados e vestida elegantemente com uniforme azul claro. Seus olhos imediatamente me acham na sala. Ela cora e olha para mim sob seus longos cílios carregados de rímel. Deve ser mais uma a achar inovador meu gesto de trazer alguém para casa. Ainda mais depois de nosso pequeno embate, há algum tempo atrás...
O telefone começa a tocar na sala de estar e papai se retira para atender.
— Com licença. — Ele se levanta e sai.
— Obrigado, Gretchen, — Minha mãe diz suavemente, franzindo a testa com a saída do meu pai. — Só deixe a bandeja no console. — Gretchen acena a cabeça e se retira com um olhar furtivo para Anastasia.
Meu pai retorna.
— Ligação para você, querida. É do hospital.
— Por favor, comecem, todos vocês. — Mamãe sorri enquanto dá um prato para Anastasia e se retira para atender ao telefone. Ela é incapaz de deixar de verificar o que está acontecendo no hospital, pois está sempre pronta para socorrer seus pequeninos pacientes. Ainda bem, senão provavelmente eu não estaria aqui se não fosse esta dedicação incondicional da Dra Grace ao seu trabalho.
O cheiro delicioso de chouriço e vieiras com pimentões vermelhos assados polvilhados com salsa e cebolinhas, invadem a sala de jantar. Apesar da raiva ter embrulhado meu estômago com papel de seda roxo mortal, admito que sinto uma fome voraz porque a tarde consumiu muito de minhas energias.
Momentos depois Dra Grace retorna, com a sobrancelha franzida. Meu pai vira a cabeça de um lado e pergunta.
— Tudo bem?
— Outro caso de sarampo. — Ela suspira.
— Oh, não.
— Sim, uma criança. O quarto caso este mês. Se as pessoas vacinassem as suas crianças. — Ela agita sua cabeça tristemente e então sorri. — Eu estou tão contente que nossos filhos nunca tiveram isso. Eles nunca pegaram qualquer coisa pior que catapora, ainda bem. Pobre Elliot, — ela diz enquanto senta-se, sorrindo com indulgencia para ele. Elliot franze a testa e se torce desconfortavelmente. — Christian e Mia tiveram sorte. Eles tiveram isto tão suavemente, que dividiram apenas uma mancha entre eles.
Mia dá uma risadinha e eu reviro os olhos.
— Então, você assistiu ao jogo dos Mariners, Pai? — Elliot claramente está interessado em mudar de assunto.
Começamos a falar de beisebol e observo satisfeito uma Anastasia faminta, saboreando todos os pratos e aperitivos que são servidos. Fico mais relaxado em meio a esta descontração da minha família. Minha mãe puxa conversa com ela.
— Como você está se estabelecendo em seu novo apartamento querida?
Fico envaidecido de ver minha mãe recepcioná-la tão bem. Ambas começam uma conversa sobre mudança, o apartamento novo e a nova vida em Seattle de Anastasia.
Como nós terminamos nossos pratos iniciais, Gretchen reaparece, e começa a limpar a mesa. Eu me mantenho alheio a ela, já estou acostumado ao seu joguinho oferecido. Kate e Mia estão falando sobre Paris.
— Você esteve em Paris, Ana? — Mia pergunta inocentemente.
— Não, mas eu adoraria ir. — Ela responde timidamente.
— Nós fomos a Paris na lua de mel. —Minha mãe diz sorrindo para o meu pai que devolve o sorriso para ela.
É maravilhoso testemunhar o amor profundo que existe entre meus pais adotivos. Se não fossem meus cinquenta tons, provavelmente conseguiria assumir uma relação assim, mas este mundo não me pertence. As atitudes de Anastasia demonstram que não sou capaz de manter este tipo de relação duradoura, estável e... harmônica.
— É uma bela cidade. — Mia concorda. — Apesar dos parisienses. Christian, você devia levar Ana para Paris. — Mia declara com firmeza me encarando.
— Acredito que Anastasia prefira Londres. — Digo baixinho.
Ela arregala seus lindos olhos, como se dissesse “Oh… você lembrou!” — Sim, Srta Steele estou ligado mil por cento em tudo que diz respeito a você.
Este momento de intimidade em nossos olhares desperta em mim o desejo por ela, então coloco minha mão em seu joelho e meus dedos viajam até a sua coxa gostosa e macia. Seu corpo inteiro aperta em resposta. Ela cora e endurece, não mais que meu pau que já entra em ponto de bala instantaneamente. Ela tenta ficar longe, se separar de mim, mas mantenho minha mão repousada exatamente onde coloquei. Ela se acalma, mas não sucumbe ao meu carinho, à minha dominação da situação. Sinto que recorre ao vinho, em desespero, mas diz não à minha investida e trava as pernas para que minha mão não alcance o objetivo. Eu também tomo da minha taça para aguçar ainda mais o fogo que corre em minhas veias.
Gretchen reaparece para servir um Beff Wellington. Ela nos dá os pratos e então parte, embora demore um pouco ao entregar o meu porque olha intrigada para Anastasia, observando-a. Percebo que Anastasia a encara também, com cara de poucos amigos.
— Então, o que havia de errado com os parisienses? — Elliot pergunta a Mia. — Eles não ligaram para suas maneiras encantadoras?
— Ugh, não eles não fizeram. E Monsieur Floubert, o ogro com quem eu estava trabalhando, ele era um tirano dominador.
Anastasia engasga com seu vinho. Entendo perfeitamente o porquê de ela engasgar ao ouvir a pronúncia da palavra dominador e me divirto com a situação.
— Anastasia, você está bem? — Pergunto solicito e bem humorado, mantendo a mão em sua coxa.
Quando ela concorda com a cabeça, bato levemente em suas costas suavemente e só retiro a minha mão quando vejo que ela se recuperou.
O Beff Wellington para mim fica ainda mais delicioso. É uma carne adoravelmente servida com batatas doces assadas, cenouras, nabos e feijões verdes e eu como igual a um cavalo puro sangue solto num pasto, minha fome está galopante como um bicho do mato. Meu bom humor só aumenta ao assistir Anastasia, muito mais delicada que eu, também comendo tudo que é servido, sem cerimônia.
Durante a nossa sobremesa de limão syllabub, Mia nos presenteia com suas façanhas em Paris, passando a um ponto de falar em francês fluente. Todos nós olhamos para ela e ela olha de volta confusa, até eu dizer, também em francês fluente, que ela estava misturando as línguas e que na mesa nem todos falam francês. Então ela explode em um ataque de risos e, logo, todos estão às gargalhadas.
Elliot fala sobre seu projeto de edifício mais recente, uma nova comunidade eco amigável ao norte de Seattle. Kate está embevecida por cada palavra que Elliot diz, seus olhos ardem com luxúria e ele sorri para ela, é como se uma promessa não dita passasse entre eles. Tomara que esta mulher faça meu irmão feliz, pois não sei o que faria com ela se magoasse um dos Grey.
Eu ouço Anastasia suspirar e percebo que está me encarando, analisando. Olho para ela e está corada, pensando em algo que eu gostaria de saber. Levanto minha mão para puxar seu queixo.
— Não morda seu lábio. — Murmuro com voz rouca. — Eu quero fazer isto.
Minha mãe e Mia tiram as louças da sobremesa e seguem para a cozinha, enquanto papai, Kate e Elliot discutem os méritos dos painéis solares no Estado de Washington.
Finjo interesse na conversa, mas volto minha mão incontroladamente safada mais uma vez em seu joelho e meus dedos apalpam sua coxa. Sinto sua excitação quando começa a respirar aos trancos e aperta as coxas juntas para deter meu progresso. Fico imaginando meus dois dedos alcançando sua bocetinha nua molhada sob o vestido. Depois a maravilhosa sensação de enfiá-los no seu buraquinho quente, fazer movimentos de vai e vem, retirá-los e dar uma profunda lambida.
Que sobremesa mais deliciosa a minha: calda quente de Srta Steele. Em seguida, imagino olhar para seu rosto escarlate e seu olhar pidão, implorando por um gozo intenso. Mas ela tranca as pernas, dizendo não ao meu desejo, afinal porque então ela veio sem calcinha? Ela não queria brincar? Convidou-me para o jogo e abandonou a partida? Fico mortalmente nervoso, este jantar tem sido recheado de várias afrontas dela para mim, agora dizendo não ao sexo?
Sorrio maliciosamente tendo uma ideia maravilhosa para punir a Srta Steele e acalmar meu Greyzinho intumescido, totalmente frustrado com sua negativa e fechada de pernas.
— Devo levar você a uma excursão pela propriedade? — Pergunto abertamente.
Antes que ela elabore uma resposta, fico de pé e estendo a mão. Ela coloca a mão na minha, sem condições para negar e aceita, respondendo aos meus escuros e famintos olhos cinza.
— Com licença. — Ela diz para todos e me acompanha para fora da sala de jantar.
Eu a levo pelo corredor e pela cozinha onde Mia e Grace estão empilhando os pratos na máquina de lavar.
— Vou mostrar o quintal a Anastasia. — Digo inocentemente para minha mãe. Ela nos acena com um sorriso, enquanto Mia volta para a sala de jantar.
Saímos para a área de pátio de laje cinza, iluminada por luzes embutidas. Passamos pelos arbustos em vasos de pedra e pela mesa de metal com cadeiras em um canto. Rapidamente atingimos o vasto gramado que leva até a baía. Seattle cintila no horizonte, é fresca, brilhante, a lua de maio abre um caminho de prata cintilante através da água em direção ao cais onde os dois barcos estão atracados próximos à casa de barcos. Ela observa a tudo fascinada, mas caminha com dificuldades pelo gramado atrapalhada pelos longos saltos que afundam na grama macia. Eu a seguro para parar de andar.
— Pare, por favor. Estou tropeçando em seu rastro.
— Meus saltos de sapatos. Eu preciso tirar meus sapatos.
— Não se preocupe. — Digo e me abaixo para pegá-la e colocá-la por cima do meu ombro, como se fosse uma criança birrenta. Ela grita ruidosamente com surpresa chocada e eu lhe dou um tapa no traseiro.
— Pare de gritar. — Ordeno.
— Onde estamos indo?
— Na Casa de Barcos. — Respondo secamente.
Ela se apoia em meus quadris, por que está de cabeça para baixo. Eu acelero os passos largos de propósito, sob luar através do gramado, encaminhamo-nos para a casa de barcos. É lá que vamos ter uma bela punição. Será inesquecível, com certeza.
— Por quê? — Ela fala ofegante, saltando sobre meu ombro.
— Eu preciso estar só com você.
— Por quê?
— Porque eu vou espancar e então foder você.
— Por quê? — Ela suavemente choraminga.
— Você sabe por que. — Sibilo.
— Eu pensei que você era um cara de agir conforme o momento. — Diz sem fôlego.
— Anastasia, eu estou agindo conforme o momento. Confie em mim.

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