3 de fev. de 2014

Capítulo 19- Dominação ou Paixão?



Os primeiros raios de sol invadem o quarto e me fazem despertar. O entrelace de nossos corpos formam uma mistura de maciez e rudeza, delicadeza e força, músculos e contornos. É a inebriante mistura do macho e fêmea que despertam minhas melhores sensações, numa fração de segundo.
Lembro que na madrugada ela teve um pesadelo e por vezes disse meu nome:
— Christian, fique comigo!
—Sim Baby, estou aqui...
Agora ela ressona tranquilamente enquanto inalo o cheiro de seu pescoço, seus cabelos... No quarto ainda exala o aroma impregnado de sexo, o nosso sexo, o melhor cheiro do universo. Olho para ela e neste momento está tão doce e tão meiga, mas me envaideço ao lembrar que se transforma numa felina quando o tesão invade seus sentidos. —Tesão que você sabe despertar nela muito bem, Grey. Boa, garoto!
Consulto o relógio e ainda é muito cedo. Levanto devagar para garantir seu repouso, coloco uma roupa confortável e, antes de sair pego seu vestido e deixo sobre a bancada da cozinha para que Gail dê um jeito. Sigo para a sala de ginástica, preciso manter a forma para superar as expectativas da minha garota.
Assim que chego, encontro Taylor correndo na esteira.
—Bom dia, Sr Grey!
—Bom dia Taylor, como vai esta corrida aí? —Percebo que está muito suado, num esforço extra. Acho bom que meu braço direito cuide mesmo da sua saúde.
—Bem senhor, muito bem.
Preparo minha esteira e digo para ele:
—Muito bem, vou te acompanhar nesta empreitada.
Algum tempo depois subimos para a cobertura e no elevador vou instruindo Taylor sobre os detalhes do dia. Sigo diretamente para o quarto e muito cautelosamente para não acordá-la, tomo um banho revigorante. Visto-me com calça preta e camisa branca e resolvo colocar uma camisinha no bolso, afinal nunca se sabe se terei que usá-la com a Srta Desperta Tesão. Em se tratando de passar boa parte do dia ao lado de Anastasia Steele, melhor estar preparado.
A segunda-feira será intensa e preciso resolver vários assuntos de trabalho antes de dedicar minha manhã para ela. Antes de sair do quarto observo que o sol atravessa as janelas e adentra o quarto livremente, colorindo-a e coroando-a com uma luz maravilhosa, clara e morna. Um sentimento diferente me revigora para o dia que promete ser longo. Será que o que sinto é felicidade? Eu prometi a ela que tentaria o “mais”, então vou à busca disso.
Desço para a cozinha e encontro Gail em suas arrumações.
— Bom dia, Gail.
—Bom dia Sr. Grey, já temos café fresquinho. Sente-se, vou servi-lo.
— Obrigada Gail, estou realmente faminto.
Ela me serve o café da manhã que devoro em poucos minutos. Preciso recompor as energias para estar pronto para Anastasia.
— Gail, vou resolver alguns assuntos no escritório. Bem, Anastasia a minha na... bem, a Srta Steele está dormindo no meu quarto e assim que ela levantar sirva-lhe o café da manhã.
Gail me olha com seus olhos azuis angelicais e percebo que eles estão sorridentes, mas mantém sua postura profissional e apenas diz:
—Pode deixar Sr. Grey, cuidarei muito bem da sua namorada. —Claro, Taylor...Hunpf...
— Ah, ela gosta de chá Twinings English no café da manhã.
—Certamente Senhor, servirei o chá para a Srta Steele. A propósito, a vestimenta dela já está na secadora, em poucos minutos estará impecável para ser usada.
— Eu sabia que você daria um jeito, Gail. Assim que eu gosto.
Saio da cozinha e sigo diretamente para meu escritório. Abro o notebook e a caixa de entrada de e-mails está lotada. Dedico algum tempo a esta tarefa selecionando e separando-os de acordo com os encaminhamentos necessários.


Encontro um e-mail de Ros que mostra os dados sobre a P&L, uma empresa adquirida no ano passado. Analiso as planilhas enviadas e não gosto do que vejo. Precisamos decidir o que fazer, então ligo para ela que me atende prontamente.
—Bom dia, Grey!
—Bom dia Ros, tudo bem?
—Tudo ótimo e você?
—Estava tudo bem até ler seu e-mail sobre a P&L. Que porra de dados são estes? Isto está correto?
—Infelizmente está sim, Grey. A equipe do Marco fez uma varredura nos documentos, na contabilidade e a coisa está feia, ele nem sabe mais como agir, pediu nosso parecer.
—Pelo que percebi ainda não está operando no vermelho, mas falta pouco para isto.
—Exatamente Grey. Ele diz que já realizou várias intervenções como troca de funcionários em pontos estratégicos, abordagens mais dinâmicas, marketing agressivo, mas nada...
—Quem sabe trocar a cabeça dele seria uma solução, está me parecendo frouxo.
—Não sei não Grey, a economia não está ajudando... Você tem algum interesse na companhia ou aconselha alguma estratégia diferenciada?
— A menos que a P&L melhore, não estou interessado, Ros. Nós não vamos carregar peso morto... não preciso de mais desculpas esfarrapadas... Fale para Marco me ligar ou ele caga ou sai da moita...
—Muito bem, na verdade era esta a resposta que queria ouvir. Concordo plenamente, como você mesmo diz: é pra frente que se anda. A propósito, Barney quer saber o que você achou do protótipo...
— Sim, diga para Barney que o protótipo parece bom, apesar de que não estou certo sobre a interface...
—Você não gostou?
—Não, está apenas faltando algo... quero me encontrar com ele esta tarde para discutir... na verdade, ele e a equipe dele nós podemos trocar uma avalanche de ideias... ok?
—Muito bem, vou adiantando para ele e a equipe de engenharia. Mais alguma coisa?
—Sim, transfira-me de volta para Andrea...
—By... ouço a música de transferência para o ramal de Andrea, enquanto espero fico apreciando o mundo a meus pés através das janelas de vidro.
Sinto que sou observado e ao me virar encontro olhos de céu me devorando. Um sorriso lento se espalha em meu rosto, ela está magnífica como sempre em sua beleza natural. Como pode a esta hora, tão desgrenhada, com os cabelos revoltos, minha camisa amassada e ... uau! Tão sexy! Sinto-me flutuando.
A voz de Andrea me transfere para a realidade deste planeta, presto atenção no que ela diz, mas meus olhos não desgrudam dos dela.
—Bom dia Sr Grey, quais as orientações do dia?
— Limpe a minha agenda esta manhã, mas fale para Bill me ligar. Eu estarei aí as duas. Preciso falar com Marco esta tarde, isso precisará de pelo menos meia hora...
—Muito bem Senhor, na verdade o encontro principal desta manhã seria mesmo com Bill, vou entrar em contato com ele para remarcar.
—Marque com Barney e a equipe dele depois do Marco, ou talvez amanhã, e encontre tempo para eu ver Claude todos os dias esta semana...
— Aquele jornalista continua insistindo numa entrevista, Senhor. Quer que agende para esta semana?
—Diga para ele esperar...
—Ele insiste em falar sobre Darfur.
—Oh... Não, não quero publicidade para Darfur... Diga para Sam lidar com isso...
— O Senhor se lembra do evento deste final de semana?
— Não... Que evento?
—O evento na Associação dos construtores navais americanos que será no sábado.
— Neste sábado agora?... Espera. — Me volto para Anastasia e indago:
— Quando você voltará da Georgia?
— Sexta-feira. — ela responde.
Continuo minha conversa ao telefone.
— Preciso de um convite extra porque tenho uma convidada...
— Ok, uma con... vidada? Desculpe se não entendi, foi isto mesmo que o Senhor disse?
— Sim, Andrea foi isso que eu disse, uma convidada. A Srta. Steele irá me acompanhar... isso é tudo. —E desligo. — Como se você precisasse justificar alguma coisa, não Grey?
— Bom dia, Srta. Steele.
— Sr. Grey. — ela sorri timidamente.

Dou a volta em minha mesa e paro na sua frente, já doido para tascar-lhe um beijaço de língua, mas gentilmente acaricio sua bochecha com as costas de meus dedos.
— Não queria te acordar, você parecia tão tranquila. Dormiu bem?
— Estou muito bem descansada, obrigada. Apenas vim te dizer oi antes de tomar banho.
Ela me olha como se me bebesse por inteiro. Inclino-me para frente, a beijo gentilmente e sinto que corresponde ao carinho jogando os braços ao redor do meu pescoço, enquanto seus dedos se contorcem em meu cabelo ainda molhado.
Ela empurra o seu corpo contra o meu e me beija de volta. Sim, ela me quer! Seu ataque me pega de surpresa, mas depois de um segundo, respondo soltando um gemido baixo em minha garganta. Minhas mãos imediatamente deslizam para seu cabelo e pelas suas costas para segurar o seu traseiro macio e nu. Enquanto isso, minha língua explora sua boca quente, receptiva e tão gostosa. Sinto que já estou em perfeita combustão. Afasto-me com meus olhos semicerrados.
— Bem, dormir parece combinar com você. — murmuro. — Sugiro que vá tomar seu banho ou te deitarei na minha mesa, agora.
—Eu escolho a mesa. — Ela sussurra para minha surpresa e para ativar automaticamente minha loucura por ela. Olho atordoado por um milissegundo e percebo que sua expressão é de puro desejo.
— Realmente gostou disto, não é Srta. Steele? Você está se tornando insaciável. — murmuro.
— Só sou insaciável com você. — Ela responde.
Meus olhos se arregalam e escurecem enquanto minhas mãos continuam a acariciar o seu delicioso traseiro nu. Este contato só atiça minha imaginação.
— Pode apostar... só para mim. — Rosno e com um movimento rápido, jogo todos os meus projetos e documentos para fora da mesa, eles se dispersam pelo chão. Pego-a nos braços e a deito na mesa na extremidade mais curta, para que sua cabeça esteja quase na beirada.
— Você tem o que você quer, Baby. — murmuro. Sacudo o preservativo recém retirado do bolso de minha calça enquanto abro a braguilha. Meu escoteiro já está preparadíssimo para a missão. Coloco a camisinha em meu pau duríssimo e olho para ela.
— Espero que esteja pronta para ele. — Sussurro com um sorriso malicioso em meu rosto. E, segurando seus pulsos com firmeza nas suas laterais, vou enterrando nela profundamente, com muita facilidade porque está toda molhadinha para mim. Ouço seus gemidos e meu tesão aumenta ainda mais.
— Cristo, Ana. Você está tão pronta. — Sussurro em veneração.
Coloco suas pernas ao redor da minha cintura enquanto fico de pé. Encaro-a com brilho de posse no meu olhar e mergulho no seu oceano de desejo. Começo a me mover, realmente me mover. Isso não é fazer amor, isso é foder, com força! É tão cru, tão carnal e ela gosta, ela geme. Retorço o quadril de um lado para o outro e, se a sensação para mim é incrível, tenho certeza que para ela é ainda melhor.
Ela fecha os olhos e seu corpo começa a dar sinais que entrará em êxtase rapidamente. E vai gemendo alto, seu corpo ficando trêmulo, enquanto vou aproveitando mais e mais cada estocada, cada pressão. Pego o ritmo, enfiando mais rápido... com mais força... seu corpo inteiro está se movendo ao meu ritmo. Posso sentir a rigidez nas suas pernas e as suas entranhas tremendo e se acelerando.
— Vamos lá, Baby, dê para mim! — A estimulo através dos dentes cerrados e a necessidade fervente em minha voz.
Ela grita um apelo com palavras desconexas e cai ao meu redor, sem fôlego, mas totalmente saciada. Enfio meu pau para dentro com mais força ainda e caio num gozo descomunal, jorrando para dentro dela. Minha respiração fica tão acelerada que quase me falta o chão, vou puxando seus pulsos e desfaleço sem palavras ao seu lado, em êxtase também, saciado e ... feliz.
— Que inferno você está fazendo comigo? — Sussurro enquanto fungo no seu pescoço. — Você me seduz totalmente, Ana. Você tece uma poderosa magia.
Libero seus pulsos e ela passa os dedos pelo cabelo, enquanto pressiona suas pernas com mais força ao meu redor.
— Sou eu que estou seduzida. — Ela ronrona.
Olho para cima e a encaro, incrédulo! Estou desconcertado, alarmado até com esta revelação. Ainda não sei como lidar com estas palavras e com as sensações que elas provocam em mim. Tenho medo do tamanho que nosso envolvimento está tomando, sua inocência aliada à minha perversidade... É um jogo perigoso e tão bom de jogar que me sinto cada vez mais dependente dela. Coloco as mãos em cada lado do seu rosto e seguro sua cabeça no lugar.
— Você... É... MI-NHA! — Digo calmamente, destacando cada palavra. — Você entendeu?
Encaro-a sério e minha súplica soa com a força que sai do meu coração. Começo a perceber que estou ficando fanático por ela, o poder que exerce sobre mim me desarma.
— Sim, sua! — Ela exclama calmamente.
— Você tem certeza que tem de ir para a Geórgia?
Ela assente lentamente. Neste breve momento, posso sentir minha expressão mudar e as persianas se fecharem, expressando minha frustração. Começo a me refazer ficando de pé.
— Você está dolorida? — Pergunto, me inclinando em cima dela.
— Um pouco. — Confessa.
— Eu gosto que você esteja dolorida. — Meus olhos ardem. — Isso a faz lembrar que eu estive aí... e... somente eu!
Pego o seu queixo e a beijo com força, para mostrar quem é que manda. Então fico de pé e estico a mão para ajudá-la a levantar. Ela olha para o pacote de alumínio ao meu lado.
— Sempre preparado... — Murmura.
Olho confuso enquanto fecho novamente a braguilha, não entendo muito bem qual sentimento ela exprime neste momento, me parece que de desconfiança. Ela ergue o pacote vazio e me encara, sem saber que, na verdade estava preparado para ela, esperando mais... dela.
— Um homem pode esperar, Anastasia, até sonhar e... algumas vezes... os sonhos dele se tornam realidade. — Digo, com olhos queimando de luxúria. —Ela nem imagina que você estava preparadinho, sonhando em fodê-la por todos os locais deste apartamento, não Grey?
— Então, na sua mesa, isso foi um sonho? — Ela pergunta secamente, tentando dar uma leveza de humor à atmosfera estranha que se ergueu entre nós.
Esboço um sorrisinho, já que vou fazer isto com ela em todos os locais desta casa. Também não quero que ela perceba que não foi minha primeira a fazer isto nesta mesa, já um tanto calejada. Com certeza com ela foi a melhor, a que mais desejei, mas não a primeira... Ela se mexe desconfortavelmente enquanto o seu brilho pós-foda evapora. O que será que minha mulher inteligente está pensando? O que será que eu fiz desta vez?
— É melhor eu ir tomar um banho. — Fica de pé e passa por mim.
Faço cara de quem não está entendendo nada e passo a mão no cabelo.
— Bem, tenho mais umas duas ligações para fazer. Juntarei-me a você para o café da manhã quando sair do chuveiro. Acho que a Sra. Jones lavou suas roupas de ontem e elas já devem estar no guarda-roupa.
— Obrigada... — Ela murmura ruborizada.
— Não foi nada. — Respondo automaticamente.
Em seguida percebo que ela está fazendo uma careta, reflexo de pensamentos não verbalizados.
— O quê? — Pergunto tirando-a do devaneio.
— O que está errado? — Ela pergunta baixinho.
— O que você quer dizer?
— Bem... você está mais estranho do que o normal.
— Você me acha estranho? —Tento segurar um sorriso. — Vamos apenas dizer que foi um momento inesperado.
— Nosso objetivo é agradar, Sr. Grey. — Ela inclina a cabeça para um lado numa nítida imitação ao meu gesto e às minhas palavras frequentes.
— E você me agrada. — Digo ficando desconfortável por perceber que ela me agrada além do que deveria imaginar. — Eu pensei que você iria tomar um banho.
— Sim... hum, te vejo em um momento. — E sai para fora do meu escritório, meio atordoada...
Ela me deixa sozinho em plena confusão. Que porra está acontecendo aqui? Ela é doce, meiga, inocente, perdeu a virgindade recentemente. Mas trepa como ninguém: no quarto, na cama, na banheira, na mesa... Meu objetivo era deixá-la viciada em mim, mas eu é que me vejo viciado nela. Não vou suportar vê-la indo para a Geórgia sem mim. A possibilidade da ausência dela me descontrola, enlouquece. Ela faz a transição do prazer da carne para a confusão das emoções de maneira original e espetacular, em segundos e não sei como lidar com isto.
Sou interrompido pela ligação de Andrea.
—Fale Andrea.
—Sr Grey, a agenda está arranjada como Senhor determinou. Agendei suas sessões com o Sr Claude Bastille no período da manhã, em toda esta semana e também com o Dr Flynn na próxima quarta-feira à tarde.
—Está bem Andrea, no período da tarde repassaremos todos os horários. Até mais. —E desligo o telefone.
Ouço vozes da cozinha e me encaminho para lá.
— Chá agora, Srta. Steele? — É Gail perguntando.
— Por favor.
— Você gostaria de algo para comer?
— Não, obrigada. —Ah, não, novamente ela se recusando a comer. Como ela se mantém viva sem comer nada deste jeito? — Ainda mais depois de gastar este tanto de energia, não Grey?
— Claro que você vai comer alguma coisa. — Vocifero, olhando de cara feia. — Ela gostaria de panquecas, bacon, e ovos, Sra. Jones.
— Sim, Sr. Grey. O que gostaria, Senhor?
— Omelete, por favor e um pouco de fruta. — Por minha vez, vou para um segundo café da manhã, preciso recompor as energias. Não consigo tirar os olhos dela, está tão radiante. O frescor do banho e os cabelos molhados presos num coque a deixam maravilhosamente sexy. O vestido ameixa, que realça sua pele, está impecavelmente limpo e passado, conferindo-lhe uma aura ainda maior. E os saltos altos lhe dão elegância ímpar. —Ah, seu nome deveria ser Srta Tesão, Anastasia...
— Sente. — Ordeno, apontando para um dos bancos da mesa.
Ela aceita e eu também me sento ao seu lado enquanto Gail se ocupa com o café da manhã. Resolvo perguntar o que está me incomodando desde ontem, me tirando a paz.
— Você já comprou sua passagem aérea?
— Não, vou comprá-la quando chegar em casa... na internet.
Inclino-me em um cotovelo, esfregando meu queixo. Estou desconfortável para fazer a pergunta que pode provocar um desastre, mas tenho que enfrentar sua reação.
— Você tem dinheiro?
Seus olhos se arregalam e ela me encara, mas não altera a voz respondendo numa monossílaba.
— Sim.
Ergo uma sobrancelha severa para ela, sem estar nem um pouco convencido da resposta. —Afinal, você sabe exatamente o saldo bancário dela não é garoto?
— Sim, eu tenho, obrigada. — Ela emenda rapidamente.
— Bem é que... eu tenho um jato. Não está programado para ser usado pelos próximos três dias, está à sua disposição.
Ela olha boquiaberta para mim, demonstrando surpresa e incredulidade.
— Nós já fizemos um sério mau uso da sua companhia de aviação. Eu não gostaria de fazê-lo novamente.
— É a minha companhia, é o meu jato. — Digo magoado por causa de sua rejeição, meu intuito é apenas protegê-la, evitar que fique em perigo ou desconfortável. — E também controlá-la, vigiá-la, para que ninguém roube o que é seu, não Grey? Fico incomodado com esta maldita voz da consciência perseguidora, ah se eu pudesse demiti-la...
— Obrigada pela oferta. Mas ficaria mais feliz em pegar um voo programado.
Tenho vontade de discutir mais, tentar convencê-la, mas decido não fazê-lo, pois sei que posso criar um atrito enorme. Ela é uma mulher de postura altamente definida, opera em modo racional ao extremo. Não vai ser fácil, mas usufruirei dos poderes que o dinheiro me dá e resolverei esta questão do meu jeito. Decido encerrar a discussão, por enquanto.
— Como desejar... — Suspiro. — Você tem muita preparação a fazer para sua entrevista?
— Não.
— Bom. Você ainda não vai me contar quais são as editoras?
— Não.
Meus lábios se curvam em um sorriso relutante.
— Eu sou um homem de meios, Srta. Steele.
— Estou bem ciente disso, Sr. Grey. Você irá monitorar o meu telefone? — Ela dispara com sua boca inteligente.
— Na verdade, estarei bem ocupado esta tarde, então terei que arrumar outra pessoa para fazê-lo. —Agora sim você foi sincero! —Sorrio para ela por ser a mais pura expressão da verdade.
— Se pode colocar alguém para fazer isso, é porque está com excesso de pessoal.
— Mandarei um email para o chefe dos recursos humanos e falarei para verificar o número de funcionários. — Meus lábios se retorcem para esconder meu sorriso, pois meu senso de humor aflora rapidamente.
Gail nos serve o café da manhã e nós comemos em silêncio por alguns minutos. Depois de limpar as vasilhas, diplomaticamente, ela sai da sala. Eu olho para Anastasia.
— O que foi, Anastasia?
— Sabe, você nunca me contou o motivo de não gostar de ser tocado.
Empalideço. Não quero contar que cada vez que sou tocado lembro-me daquele maldito cafetão colocando suas garras sobre mim, seu cigarro fedorento queimando minha pele, as surras ardendo nas entranhas, o toque dilacerando minha alma... Revisitar meu passado é como me afogar num tsunami de emoções dilacerantes e eu realmente não desejo explorar este universo, muito menos encher sua cabeça com estas merdas.
— Te contei coisas que jamais contei a alguém. — Minha voz é um sussurro e meu olhar cabisbaixo, remoído pela dor da lembrança. É a única que consegue invadir esta ilha de sentimentos cercada de amargura por todos os lados, desta minha vida infeliz.
Ela sacode a cabeça sem entender e nada diz. Tento mudar de assunto.
— Você pensará sobre o nosso acordo enquanto estiver fora? — Pergunto.
— Sim.
— Você sentirá minha falta?
Ela me olha surpresa.
— Sim. — Responde e isto me basta no momento, meus olhos brilham e minha boca expressa a minha alegria num amplo sorriso.
Como ela pode significar tanto para mim em tão pouco tempo? Ela conseguiu ficar sob minha pele... literalmente.
— Sentirei sua falta também. Mais do que você imagina... — Suspiro.
Meu coração se aquece com sua única palavra. Eu realmente estou tentando, bastante. Gentilmente acaricio sua bochecha, me abaixo e a beijo suavemente.
—Você vai levar o MacBook e o BlackBerry, isto não é um pedido Anastasia, é uma ordem.
Ela revira os olhos para mim.
—Cuidado, está me afrontando?
—Claro que não Senhor, ordem dada, ordem cumprida.
Acho graça e sorrio para ela, em seguida pergunto.
—Posso te levar ao aeroporto?
—Obrigada, mas já combinei com Kate, não quero dar trabalho.
Agora sou eu que reviro os olhos para ela, tinha que ser com a Chaterine.
—Você nunca me dá trabalho Baby, nunca. Mas se é assim que prefere... eu aceito.
Mais tarde chega o momento de nos despedirmos, a hora que eu não queria que chegasse. Ela diz carinhosamente.
—Preciso ir, não quero me atrasar para as entrevistas.
—Já disse que não precisa passar por isso, me deixa cuidar de você?
—Não vamos iniciar uma discussão agora, Christian. Nosso final de semana foi maravilhoso e eu quero minha independência, vamos com calma. —Não adianta, ela mantém suas posições, por mais que eu tente dissuadi-la da ideia.
—Está bem, não vamos discutir, mas se você reconsiderar, não se acanhe em me comunicar, ok?
—Ok, mas agora tenho que ir.
—Eu te acompanho até o carro.
Ela sorri para mim e diz.
—E isto também não é um pedido, não é Sr. Mandão?
—Exatamente, Srta Esperta!
Descemos de mãos dadas e em silêncio no elevador. Aperto sua mão como se não quisesse deixá-la ir. Na verdade eu realmente não quero que ela vá, mas infelizmente não consigo ter nenhum poder sobre isto.
Aciona o alarme do carro e eu abro a porta para ela. Encaramos-nos com o mesmo desejo nos olhos: vontade de continuarmos juntos, sem jamais dizer adeus.
Tomo a iniciativa, a agarro e invado sua boca gostosa com minha língua sedenta. Seguro firme sua nuca e ela corresponde de imediato. Trocamos um beijo delicioso, longo, molhado, intenso... E então ela toma a iniciativa de se afastar e entrar no carro. Me abaixo no vidro, coloco uma mecha rebelde de seu cabelo atrás da sua orelha e vou logo dizendo:
—Não se esqueça de levar o que eu disse, preciso ter contado contigo. Não esqueça também que você é MINHA, que estou aqui te esperando.
Ela leva os dedos à minha boca, para me calar. Eu os beijo.
—Hei, estou aqui, não estou? E vou voltar... para você.
—Estarei esperando, Baby, estarei esperando...
Afasto-me do carro observando o vidro subir e fico ali alguns instantes, observando ela se afastar, triste pela tristeza que invade meu peito.
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Chego ao escritório às 13h totalmente irritado por ter me despedido de Anastasia. Levá-la até o carro pareceu-me uma caminhada curta para um abismo. Sinto uma incrível necessidade de estar com ela e a despedida me fez mal.
Assim que desço do elevador, começam os cumprimentos e não respondo a nenhum, porque o mau humor está além do que se pode imaginar. Sigo diretamente para meu escritório, mas no caminho digo para Andrea.
—Quero você e Welch em meu escritório, agora.
— Sim, Senhor, já vou localizá-lo. —Ela responde já se levantando.
Alguns minutos depois, ambos entram em minha sala e Welch me cumprimenta.
—Boa tarde, Senhor Grey. O que o Senhor deseja?
—Boa tarde Welch. Antes de dizer o que você vai fazer, preciso falar primeiro com Andrea.
Minha secretária, impecavelmente vestida, logo saca seu bloco de notas para anotações.
—Andrea, quero que você entre em contato com as companhias áreas que fazem voo para a Georgia e localize a reserva de Anastasia Rose Steele.
—Pois não Senhor.
—Veja que tipo de passagem ela comprou e faça um up grade. Quero que você refaça o pedido para uma passagem especial, em classe executiva, o melhor lugar.
— Pois não Senhor, farei isto agora mesmo. Mais alguma ordem?
—Sim, compre também o assento ao lado do dela.
—O Senhor vai para a Geórgia, Senhor?
—Não Andrea, estou apenas garantindo conforto para a Srta Steele. Apenas pague a passagem, ninguém embarcará ao lado dela. Pode se retirar agora, quero falar com Welch.
Ela faz cara de paisagem e se retira para cumprir as ordens. Welch está de braços cruzados, com seu ar bonachão, olhando um quadro da parede, como se nada estivesse acontecendo. Assim que Andrea se retira, ele senta em frente à minha mesa.
—Pode falar, chefe. O que temos para investigar hoje?
—Quero um rastreamento total sobre as entrevistas que Anastasia Steele foi fazer hoje. Verifique as empresas, a quem elas pertencem, com quem ela falou estes dias, coisas do gênero.
Welch, coça a cabeça e me indaga.
—Sem rodeios, posso rastrear o BlackBerry e o MacBook?
—Sem falhas, Welch. Rastreie tudo o que for necessário, afinal os dispositivos instalados servem para isto não? Quero o relatório completo ainda hoje.
—Pois não senhor, vou providenciar tudo agora mesmo e logo entrego o dossiê.
—Eu sei Welch, quero tudo no capricho.
—Mais alguma coisa?
—Por enquanto é só, pode se retirar.
A tarde flui rapidamente com os encontros agendados. Marco se explica, mas não convence. Resolvo dar fim mesmo na P&L. Já mais à tarde com a equipe de engenharia me motivo e fazemos muitos acertos para meu projeto, pareço um menino num parque de diversões.
Logo no final do expediente recebo o dossiê levantado por Welch. Anastasia fez uma entrevista num grande conglomerado com escritórios sediados em todos os EUA e a segunda na SIP- Seattle Independent Publishing, do Sr J. Hyde. A segunda editora é pequena e não convencional, sinto cheiro de que ela vá optar por esta, que tem a ver com seu jeito tímido de ser. Vou aguardar os acontecimentos e um dossiê mais detalhado de Welch.
Tenho muita vontade de escrever um e-mail para ela, mas acho melhor lhe dar um pouco de espaço. — Sem sufocar para não afugentar... enquanto isso você que fique no sufoco, Grey!
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Logo ao chegar em casa recebo um telefonema de Elena.
—Boa noite querido, esqueceu da sua amiga aqui?
—Elena, claro que não. Como vai?
—Vou bem, mas já faz dias que não recebo nenhuma notícia sua.
—É verdade Elena, tenho estado muito ocupado.
—Imagino, a que tipo de ocupação você se refere, querido. Mas gostaria de te convidar para um jantar esta semana, precisamos decidir sobre muitos assuntos da nossa sociedade.
A ideia de jantar com Elena vem mesmo a calhar, pois com ela consigo ser eu mesmo e falar de qualquer assunto. Topo na hora.
—Esta bem, que tal amanhã à noite? —Anastasia não estará por aqui, provavelmente estarei ansioso e minha melhor amiga será uma companhia mais que especial.
—Excelente querido. Amanhã está ótimo para mim. No mesmo lugar e mesmo horário?
—Isto Elena, como sempre.
—Até amanhã, um beijo.
—Até amanhã Elena. —E desligo.
Sento-me diante da máquina do bem, aquela que me permite estar mais próximo dela. Assim que abro o notebook, para minha surpresa, encontro sua mensagem.
De: Anastasia Steele
Assunto: Entrevistas
30 de Maio de 2011 18:49
Para: Christian Grey
Querido Senhor
Minhas entrevistas foram boas hoje.
Pensei que você pudesse estar interessado.
Como foi o seu dia?
Ana
Fico sorrindo como adolescente diante da tela e digito rapidamente.
De: Christian Grey
Assunto: Meu dia
30 de Maio de 2011 19:03
Para: Anastasia Steele
Querida Srta. Steele
Tudo o que você faz me interessa, você é a mulher mais fascinante que conheço.
Gostei de saber que as suas entrevistas foram boas.
Minha manhã superou todas as expectativas.
Em comparação, minha tarde foi bem enfadonha.
Christian Grey
CEO, Grey Empreendimentos e Hodlings Ltda.
De: Anastasia Steele
Assunto: Ótima Manhã
30 de Maio de 2011 19:05
Para: Christian Grey
Querido Senhor
A minha manhã foi além das expectativas para mim também, apesar de você ter ficado meio que estranho depois do impecável sexo na mesa. Não pense que eu não notei.
Obrigada pelo café da manhã. Ou agradeça a Sra. Jones.
Eu gostaria de fazer perguntas sobre ela depois – sem você ficar esquisitérrimo.
Ana
Fico ansioso esperando uma resposta que chega rapidamente, recheada das surpresas da Srta Corajosa Steele por trás de uma tela.
De: Christian Grey
Assunto: Publicação e Você?
30 de Maio de 2011 19:10
Para: Anastasia Steele
Anastasia
“Esquisitérrimo” não é um termo que deveria ser usado por alguém que quer fazer uma carreira no mercado editorial. Impecável? Comparado a quê? Esclareça, por favor? E o que precisa perguntar sobre a Sra. Jones? Estou intrigado.
Christian Grey
CEO, Grey Empreendimentos e Holdings Ltda.
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Ela tem mesmo o dom de ler meus gestos, minhas entrelinhas. Só não sabe que o que me torna estranho é minha loucura por ela.
De: Anastasia Steele
30 de Maio de 2011 19:17
Para: Christian Grey
Assunto: Você e a Senhora Jones
Querido Senhor
A linguagem evolui com o tempo e vai seguindo. É algo vivo. Não está presa numa torre de marfim, cheia de obras de arte caras e com uma visão panorâmica da maior parte de Seattle com um helicóptero em seu telhado.
Impecável – comparado às outras vezes que nós... qual é a sua palavra... ah, sim... fodemos. Na verdade, a foda tem sido bem impecável, ponto final, na minha humilde opinião – mas então como sabe eu tenho uma experiência bem limitada.
A Sra. Jones é uma ex-sub sua?
Ana
Meu Deus! Como ela pode imaginar estas coisas? De onde vem esta ideia maluca? —Elementar meu caro Grey, você e sua loucura fodástica passaram esta impressão...
De: Christian Grey
Assunto: Linguagem. Olha a boca!
Data: 30 de Maio 2011 19:22
Para: Anastasia Steele
Anastasia
A Sra. Jones é uma empregada valorizada. Eu nunca tive qualquer tipo de relacionamento com ela além do profissional. Eu não emprego ninguém com quem eu tive um relacionamento sexual. Estou chocado que você pense assim. A única pessoa que eu faria uma exceção a esta regra seria você – porque você é uma jovem brilhante com habilidades impressionantes de negociação.
No entanto, se você continuar usando essa linguagem, eu posso ter que reconsiderar em incorporá-la a minha planilha. Estou feliz que você tem experiência limitada. A sua experiência continuará sendo limitada – apenas comigo. Eu deverei considerar impecável como um elogio... apesar de que contigo, eu nunca tenho certeza se é isso que você quer dizer, ou se o seu senso de ironia está levando vantagem... como sempre.
Christian Grey
CEO, Grey Empreendimentos e Holdings Ltda. De sua Torre de Marfim
De: Anastasia Steele
Assunto: Nem por todo Chá na China
30 de Maio de 2011 19:27
Para: Christian Grey
Querido Sr. Grey
Eu acho que já expressei as minhas reservas sobre trabalhar em sua empresa. Minhas opiniões a respeito disso não mudaram e nunca irão mudar. Eu devo te deixar agora já que Kate retornou com comida. O meu senso de ironia e eu, te damos boa noite.
Eu entrarei em contato quando estiver na Geórgia.
Ana
De: Christian Grey
Para: Nem Mesmo o Volúvel Chá Inglês do Café da Manhã?
30 de Maio 2011 19:29
Para: Anastasia Steele
Boa noite Anastasia.
Eu espero que você e o seu senso de ironia tenham um bom voo.
Christian Grey
CEO, Grey Empreendimentos e Holding Ltda.
Teclo este último e-mail e fico olhando para a tela que, de repente, fica tão vazio quanto meu mundo. O espaço que a distância dela abre em meu coração não tem explicação.
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Já são quase horas da noite. Ela deve estar no aeroporto. Queria tanto estar por lá, mas infelizmente não consegui convencê-la. Estou atuando em modo ansiedade total, para meu desespero. Seu voo sai às 10:25h do aeroporto Sea- Tac. Apesar de não gostar da Chaterine, sei que pelo menos neste momento é seguro para Anastasia estar com ela.
Fico imaginando sua reação no momento que souber da passagem, provavelmente vou ter que aguentar palavras duras sobre isto, mas se é para seu bem e segurança, aguento o que for necessário.
Ouço o som de e-mail e meu coração dispara:
De: Anastasia Steele
Assunto: Gestos mais que Extravagante
30 de maio 2011 21:53
Para: Christian Grey
Querido Sr. Grey
O que realmente me preocupa é como você soube em que voo eu estava.
Sua perseguição não conhece limite. Vamos esperar que Dr. Flynn tenha voltado de suas férias.
Fizeram minhas unhas, recebi massagem nas costas e tomei duas taças de champanhe – um começo muito bom para minhas férias.
Obrigada.
Ana
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Massagem nas costas? Que porra é esta agora? Ah, Anastasia Stelle, vai ter que se explicar para um homem abalado emocionalmente por você...

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