6 de mai. de 2015

Capítulo 23: Planar e perseguir o manhecer



É fim de uma madrugada que quase se foi, mas o sol ainda não raiou. Acordo envolto no corpo quente e macio da minha mulher. O cheiro adocicado de seu cabelo é néctar para um dia célebre que vai acontecer. Visto-me de preto e não tomo banho, já que pretendo fazer isso com ela quando retornarmos. Assim que me troco, percebo que ela está movendo-se meio agitada, resmungando, como se estivesse presa num pesadelo. Seguro seu ombro delicadamente e digo:
— Acorde, Baby!
Ela não responde e continua a se debater.
Anastasia....
Não... Ela lamenta. Fico imaginando quem ou o que perturba seu sono, seu descanso.
Vamos lá, Baby, desperte! —Falo gentilmente.
Não. Eu quero tocar em você. —Ela ronrona agitada levantando os braços... —Pronto, já sabe quem atrapalha seu sono, não é Sr. Grey? O Senhor em carne e sonho...
Ela continua a falar mergulhada na inconsciência.
Christian eu quero mais... Eu quero seu amor... — Paro estático, mas ela não para e me entrega sua confissão. — Eu amo você, Christian. Eu amo você, porque não percebe isso? Por favor, não me abandone...
Meu coração bate em ritmo retumbante, alucinado. Ouvir estas palavras pronunciadas desta boca maravilhosa é um misto de dor e prazer, talvez do jeito que eu gosto. Que prazer ouvir isto desta mulher que abala minhas estruturas, mas que dor saber que sou tão fodido, tão incapaz de retribuir a este sentimento. —Sentimento que só os nobres sentem e o dinheiro não compra, e você Grey, nunca foi um nobre neste sentido.
Não suporto mais ouvi-la dizer estas coisas, ao mesmo tempo em que gostaria de passar a vida assistindo a esta cena. Então resolvo acordá-la definitivamente, não está sendo muito honesto da minha parte abusar de sua sonolência e estado de inconsciência.
Acorde, Anastasia! —Falo mais firme em seu ouvido.
Seus olhos piscam involuntariamente abertos por uma fração de segundo. Ela observa o ambiente como se quisesse entender ou lembrar-se de onde está.
Acorde, Baby! Sussurro...
Ainda está escuro e ela tenta se acostumar à penumbra e entender o que está acontecendo.
Ah... não... Ela geme. —Sorrio diante da cena tão linda da minha menina ali deitada, indefesa em minha cama.
Hora de levantar, Baby. Vou acender a luz. Falo com voz calma.
Não... Ela sussurra teimosa.
Eu quero perseguir o amanhecer com você. — Digo beijando seu rosto, suas pálpebras, a ponta do seu nariz, sua boca e só assim ela abre os olhos com preguiça natural dada ao horário. A luz está acesa e ela dá umas piscadelas.
Bom dia, linda! —Murmuro.
Ela geme enquanto aprecio a cena e sorrio.
Você não é uma pessoa da manhã. Murmuro sorrindo, debruçado sobre ela. Divertido e divertindo-me.
Eu pensei que você queria sexo. Ela resmunga para meu deleite.
Anastasia, eu sempre quero sexo com você. É reconfortante saber que você sente o mesmo. — Digo para provocá-la.
Ela me olha enquanto seus olhos se ajustam à luz e responde:
Claro que sim, mas não quando é tão tarde.
Não é tarde, é cedo. Vamos lá, se você levantar nós vamos sair. E depois faremos o que você sugere: muito sexo!
Eu estava tendo um sonho tão bom... Ela lamenta enquanto eu fico na dúvida, já que não é o que parecia.
Sonhando com o quê? — Peço com paciência.
Com você. Ela cora ao responder.
O que eu estava fazendo no sonho? —Tento arrancar uma confissão dela acordada.
Tentando me alimentar com morangos.
Meus lábios se contorcem em um traço de sorriso enquanto meu pau regozija-se sob esta informação. Antes que suas palavras atrapalhem meus planos, me adianto.
Dr. Flynn poderia ter um dia de campo com isso. Levante e vá se vestir. Não se preocupe em tomar banho, nós podemos fazer isso mais tarde.
Ela senta-se e os lençóis envoltos em sua cintura caem, revelando seu corpo maravilhoso. Dou espaço para ela se levantar, mas meus olhos escurecem diante do desejo que me aflora.

Que horas são? —Ela pergunta.
— São 5:30 da manhã.
Parece 3:00 da manhã.
Nós não temos muito tempo. Eu a deixei dormir o maior tempo possível. Venha.
Não posso tomar um banho?
Suspiro impaciente.
Se você tomar um banho vou querer tomar com você. Sabemos o que vai acontecer em seguida, o dia vai passar e vamos perder o que planejei. Venha! —Digo animado.
O que vamos fazer?
É uma surpresa. Eu disse a você.
Ela sorri para mim.
Ok. Ela responde calmamente enquanto sai da cama e procura por suas roupas.
É claro que já deixei suas roupas bem dobradas na cadeira ao lado da cama e ela coloca minhas cuecas boxes Ralph Lauren. Enquanto ela se veste fico sorrindo por ser presenteado com cena mais deliciosa, a qual vai abrindo meu apetite sexual voraz por ela.
Eu vou lhe dar um pouco de privacidade, agora que você se levantou. Saio em direção à sala de estar e ela anda para o banheiro.
Se continuar a assistir esta cena meus planos irão por água abaixo já que meu pau acorda em fração de segundo. Efeito Steele, Grey!
Sete minutos depois, ela retorna limpa, escovada e vestida em jeans, corpete e minha roupa íntima. Já estou sentado na mesa de jantar tomando café da manhã.
Coma! Ordeno.
Ela fica me encarando, com o pensamento perdido. Eu a puxo deste devaneio, a conheço bem se puder não comerá.
Anastasia... Digo com firmeza.
Vou tomar um chá. Posso pegar um croissant para depois?
Olho-a com desconfiança e ela sorri docemente.
Não jogue água na minha festa, Anastasia. Advirto suavemente.
Eu vou comer mais tarde quando meu estômago estiver acordado. Depois das 7:30 da manhã... Ok?
Ok. Respondo para ela.
Eu quero desviar meu olhar de você. —Ela diz.
Por todos os pecados, coma! Você vai desandar o meu dia. Digo com firmeza notando sua nítida enrolação já que olha para o teto.
Bem, uma surra me acordaria, eu suponho. Ela diz com voz sensual. Fico boquiaberto e respondo.
Por outro lado não quero que você fique toda quente e desconfortável, o clima aqui é quente o suficiente. Dou de ombros com indiferença.
Fecho a boca e me esforço muito para olhar indignado, mas não consigo totalmente. Posso ver sua tentativa de me enrolar para não tomar o café da manhã.
Está, como sempre, me desafiando, Senhorita Steele. Beba seu chá.
Ela observa o rótulo Twinings e se serve. —Sim Anastasia, eu penso em tudo para deixá-la feliz. Até no seu chá preferido.
Saio da sala e lanço um moletom para ela, deve estar frio lá fora.
Você vai precisar disso.
Ela me olha intrigada.
Confie em mim. Sorrio e a beijo depressa nos lábios. Em seguida, agarro sua mão e nos guio para fora.
Lá fora, no frio relativo à meia-luz anterior ao amanhecer, pego as chaves das mãos do manobrista de um veloz carro esporte com capota. Ela levanta uma sobrancelha demonstrando surpresa e eu abro um sorriso de felicidade.
Você sabe... Às vezes é ótimo ser eu. —Abro a porta do carro com uma reverência exagerada e a convido para entrar. Operando em modo humor e gentilezas, Grey?
Aonde vamos?
Você vai ver. Sorrio enquanto saio por Savannah Parkway. Programo o GPS e pressiono um botão no volante para acionar a música.
O que é isso? Ela pergunta, quando os doces sons de uma centena de cordas de violinos chegam até nós.
É uma parte de La Traviata. Uma ópera de Verdi.
La Traviata? Eu tenho lembrança disso. Só não posso me lembrar de onde. O que significa?
Olho para ela e sorrio satisfeito com seu interesse.
Bem, literalmente, a mulher caída. É baseada no livro de Alexandre Dumas, A Dama das Camélias.
Ah. Eu li isso.
Eu achei que você poderia ter lido.
A cortesã condenada. Ela se contorce desconfortavelmente no assento de couro.
Hmm, é uma história deprimente. — Murmura.
Muito deprimente? Você quer escolher alguma música? Está no meu iPod. Ela procura o iPod e não encontra. Bato na tela do console entre nós e aparece a lista de reprodução.
Você escolhe. Meus lábios se contorcem em um sorriso para desafiá-la.
Ela percorre a tela sensível ao toque e opta por uma música de Britney. Abaixo o volume. Talvez seja cedo demais para isso: Britney é a mais sensual.
Toxic, hein? Sorrio. Aquele momento infernal que você sorri para não chorar. Que coincidência é esta Nossa Senhora das fãs de Britney?
Eu não sei o que você quer dizer. Diz inocentemente.
Abaixo um pouco mais a música e por dentro estou desesperado. Meu subconsciente opera em modo salve-se quem puder. É chegada a hora de revelações. Abaixo um pouco mais a música e abro esta minha santa boca.
Eu não coloquei essa música no meu iPod. — Digo fingindo casualidade. O reflexo do momento vai direto para meu pé que aperta o acelerador pela rodovia a jogando de volta no acento.
A música termina e o iPod se embaralha e começa a tocar uma música triste de Damien Rice. Ela olha para fora da janela em silêncio. Meu estômago revirando. —Porra, por que ela não diz nada? O que fazer agora, Grey?
Foi Leila. Digo respondendo aos seus pensamentos não ditos.
Leila?
Uma ex que colocou a música no meu iPod.
Damien toca ao longe no fundo enquanto ela continua calada. De repente, pergunta.
Uma ex... Ex submissa? Uma ex... Uma das quinze?
Sim.
O que aconteceu com ela?
Nós terminamos.
Por quê? Senta que lá vêm as perguntas, Grey!
Ela queria mais. Falo com voz baixa, introspectiva e deixo a frase aberta entre nós, terminando com essa palavra poderosa novamente.
E você não queria? Ela pergunta antes que falasse mais.
Balanço a cabeça em negativa.
Eu nunca quis mais, até que conheci você.
Ela apenas suspira em resposta.
O que aconteceu com as outras catorze? Pergunta.
O momento que eu sempre temi chegou. Ela vai disparar sua metralhadora de perguntas e será melhor enfrentar. —Momento suicida, amigão! Encare!
Você quer uma lista? Divorciada, decapitada, morta?
Você não é Henry VIII.
Ok. Em nenhuma ordem em particular, eu só tive relacionamentos de longo prazo com quatro mulheres, além de Elena.
Elena?
Sra. Robinson para você. Dou meu meio sorriso de uma piada secreta.
O que aconteceu com as quatro? Pergunta com interesse.
Então está tão curiosa e ávida por informação, Srta. Steele. Repreendo de brincadeira.
Oh, Sr. Quando é o seu período fértil? —Ela faz uma voz como se me imitasse.
Anastasia, um homem precisa saber dessas coisas.
Será que precisa?
Eu preciso.
Por quê?
Porque não quero que você engravide.
Nem eu! Bem, ainda não por alguns anos. Ufa, ainda bem que ela pensa assim também. Pisco assustado e relaxo.
Então, as outras quatro, o que aconteceu? Pergunta.
Bem... uma, conheceu outra pessoa. E as outras três queriam, mais. Eu não estava no mercado para mais.
E as outras? Ela pressiona.
Olho para ela brevemente e apenas balanço a cabeça.
Só não deu certo. Melhorar pular os detalhes sórdidos, Grey.
Uma longa carga de informações para processar. Ela olha o retrovisor lateral do carro e observa o crescimento suave de rosa e verde azulado no céu. O amanhecer está nos seguindo. De repente ela avista o campo de pouso.
Onde estamos indo? Ela pergunta perplexa, olhando para o I-95.
Um campo de pouso. —Sorrio satisfeito com a surpresa causada.
Não estamos indo de volta para Seattle não é mesmo? Ela suspira, alarmada. Eu não disse adeus para a minha mãe. Caramba, ela vai estar nos esperando para jantar.
Eu rio com sua preocupação.
Não, Anastasia, vamos para o meu segundo passatempo favorito.
Segundo? Franze a testa para mim.
Sim. Eu te disse o meu favorito esta manhã. —Dou um sorrisinho malicioso.
Franzo a testa e movimento a cabeça diante de seu rosto de dúvida e mando em alto e bom som:
Satisfazer você, Senhorita Steele é o que tem que estar no topo da minha lista. Qualquer maneira que eu puder te agradar. 
Bem, isso é bastante alto na minha lista de desvios e prioridades excêntricas também. Ela murmura e cora.
Tenho o prazer de ouvir. Resmungo secamente.
Então, aeroporto?
Sorrio para ela.
Voando. Nós vamos perseguir o amanhecer, Anastasia.
O GPS indica para virar à direita no que parece ser um complexo industrial. Viro para o lado no grande edifício branco Brunswick Soaring Association e aí ela descobre, não tem jeito. Pergunta boquiaberta:
Planando! Vamos planar?
Paro e desligo o motor.
Você quer isso? Pergunto.
Você vai voar?
Sim.
Sim, por favor! Ela diz muito anima e sem hesitar. Feliz, me inclino para frente e a beijo.
Primeira outra novidade, Srta Steele. Digo enquanto saio do carro.
Abro sua porta e ela salta do carro com rapidez. O céu se transformou em um opala sutil, brilhando suavemente atrás das nuvens. O amanhecer está sobre nós. Pego sua mão e a levo para o prédio, para uma grande extensão de pista onde vários aviões estão estacionados. Taylor já está a nossa espera com o piloto reboque.
Sr. Grey, este é seu piloto reboque, o Sr. Mark Benson. Diz Taylor. Apertamos as mãos e iniciamos nossa conversa técnica sobre a velocidade do vento, as direções e assim por diante.
Olá, Taylor. Ela murmura timidamente.
Senhorita Steele.
Eles conversam algo enquanto eu fixo nas informações sobre o voo, mantendo todos os aspectos de segurança. Em seguida a chamo de volta.
Anastasia, venha. Estendo a mão.
Vejo você depois. Ela sorri para Taylor dando-lhe uma saudação rápida enquanto ele volta para o estacionamento. O que será que eles conversaram?
Sr. Benson, esta é a minha namorada Anastasia Steele. —Neste momento não tenho tempo para me preocupar com as conversas entre os dois e confio na discrição de Taylor.
Prazer em conhecê-lo. Ela murmura enquanto apertam as mãos.
Igualmente. — Ele diz com seu sotaque britânico.
Pegamos as mãos e sinto a excitação crescente em minha barriga, percebo que ela também está assim. Seguimos Mark Benson por todo o caminho em direção a pista. Mantemos nossa conversa sobre a execução do voo. Estaremos em um Blanik L-23, que é melhor do que um L-13. Na minha opinião, atende mais ao meu gosto. Benson vai pilotar um Piper Pawnee. Ele está voando a cerca de cinco anos e não contenho minha animação.
O avião em si é longo, elegante e branco com listras laranja. Tem uma cabine pequena com dois assentos um em frente ao outro. É preso por um longo cabo branco de um pequeno avião com uma única hélice convencional. Benson abre a grande cúpula de acrílico claro que emoldura a cabine, o que nos permite entrar. Benson se dirige a Anastasia e começa a colocar-lhe o cinto.
Primeiro precisamos colocar o cinto do seu paraquedas. ­—Ele orienta.
Eu vou fazer isso. Interrompo e tomo o cinto de Benson, que sorri muito desconsertado para mim.
Eu vou buscar algum contrapeso. Diz e segue em direção ao avião.
Você gosta de me prender nas coisas. Ela diz com sua boca inteligente.
Senhorita Steele, você não tem ideia. Aqui entre nessas tiras... — Deixo a frase solta numa promessa contida. 
Ela coloca o braço em meu ombro, enrijeço um pouco com seu toque, mas não me movo. Uma vez que seus pés estão nas alças, puxo o paraquedas para cima e ela coloca os braços nas alças. Habilmente, prendo o cinto e aperto todas as correias checando sua segurança. Está perfeito.
Pronto, está tudo em ordem. — Digo levemente com meus olhos brilhando. Você tem seu laço de cabelo de ontem?
Ela concorda com a cabeça.
Você quer que eu coloque em meu cabelo?
Sim.
Ela rapidamente faz o que peço e eu, após investigar que está tudo em segurança, deixo-a subir no planador.
Pode se sentar. Comando e ela sobe na parte traseira.
Não, na frente. O piloto fica na parte de trás. —Explico.
Mas você não será capaz de ver. —Ela fica surpresa.
Verei o suficiente. Sorrio.
Sobe e se estabelece no assento de couro confortável. Inclino-me, puxo o cinto sobre seus ombros, pego o menor entre suas pernas e apoio todos no fecho de sua barriga. Aperto as cintas de contenção.
Hmm, duas vezes em uma manhã! Sou um homem de sorte. Sussurro e a beijo rapidamente. Isso não vai demorar muito, vinte, trinta minutos no máximo. As massas de ar não são muito boas neste horário da manhã, mas é tão deslumbrante lá em cima a esta hora. Eu espero que você não esteja nervosa. 
Animada, estou animada. Ela diz sorridente.
—Ótimo! Sorrio de volta, acariciando seu rosto lindo. Ah, minha mulher corajosa!
Vou para o meu assento e também coloco o cinto e todos os requisitos de segurança. Estamos ainda no chão. Checo os equipamentos diante de mim, os painéis, os mostradores, o leme e alavancas. Tudo em ordem.
Mark Benson aparece com um sorriso alegre e verifica o equipamento de Anastasia. Depois se inclina e verifica o chão da cabine dizendo:
Sim, isso é seguro. Primeira vez? —Sorri para ela tentando responder às suas questões não verbalizadas.
Sim.
Você vai adorar.
Obrigada, Sr. Benson.
Chamem-me de Mark. Depois se vira para mim e pergunta. Tudo bem?
Sim. Vamos.  —Digo já operando em modo ansiedade total.
Mark fecha a tampa da cabine, passeia ao longo do caminho em frente e sobe fazendo a única hélice do Piper começar a rodar. O nervosismo do meu estômago sobe para a minha garganta. Eu realmente quero que ela aprecie este passeio, afinal é uma de minhas paixões antigas. E a recente, Grey, qual é?
Mark nos puxa lentamente pela pista e quando o cabo leva a pressão sacudimos para frente e vai conversando com a torre pelo rádio. Piper pega velocidade, assim como nós. De repente, sou tomado pela sensação maravilhosa de estar no ar.
Aqui vamos nós, Baby! — Grito atrás dela. Estamos em nossa própria bolha, sós nós dois. Tudo o que ouço é o som do vento rasgando, passando por nós e o som distante que vem do zumbido do motor do Piper.
Seguimos para o oeste, para o interior, longe do sol nascente, ganhando altura, atravessando campos e florestas e casas e I-95. Isto é surpreendente, acima de nós apenas o céu. A luz é extraordinária, difusa e quente no tom, hora mágica. Momento mágico, Grey... Momento mágico!
E começa aquele zumbido delicioso no ouvido, a terra ficando longe e o mergulho na altura. É aqui que não sou incomodado, que meus fantasmas desaparecem por algum momentos, que ninguém me acha, que meu BlackBerry não funciona... A única pressão aqui é da atmosfera lá fora. Aqui não existe sociedade hipócrita, nem julgamentos. Talvez aqui eu esteja mais próximo de Deus, se é que ele existe e me quer bem, se me aceita como sou...
O rádio crepita e Mark menciona 3.000 pés. Ela verifica o chão e já não podemos mais distinguir claramente nada lá embaixo.
Relaxe. Digo no rádio e de repente o Piper desaparece e a sensação de ser puxado fornecida pelo pequeno avião nos deixa. Estamos flutuando, flutuando sobre a Geórgia.
O avião se transforma e as asas mergulham. Vamos em espiral na direção ao sol. Nós rodamos e rodamos nesta luz maravilhosa da manhã. E compartilhar desta sensação com Anastasia vale cada centavo ganho nesta minha vida para poder proporcionar este momento feliz a nós dois. —Puta que pariu, que momento espetacular!
Segure-se firme! Grito e mergulhamos de novo, só que desta vez não paro. De repente estamos de cabeça para baixo, olhando para o chão através do topo de vidro da cabine.
Ela grita alto, seus braços automaticamente avançam e suas mãos ficam espalmadas sobre o vidro como se isso a impedisse de cair. Eu não contenho minha alegria e me acabo numa grande gargalhada, como não gargalhava há muito tempo. Acho que minha alegria é contagiante porque ela faz o mesmo enquanto endireito o avião.
Estou contente por não ter tomado café da manhã! Ela grita para mim.
Sim. — Respondo. — É bom você não ter tomado, porque vou fazer isso de novo.
E antes que ela entenda o que quero dizer, mergulho o avião mais uma vez, até que estamos de cabeça para baixo novamente. Desta vez ela fica com a mão no cinto e ri como criança num parque de diversões. Logo nivelo o avião mais uma vez.
Lindo, não é? Pergunto.
Sim.
Voamos mergulhando majestosamente no ar, ouvindo o vento e o silêncio, na luz da manhã. Quem poderia pedir mais?
Vê o leme na sua frente? Grito novamente.
Ela olha para o leme que se move ligeiramente entre suas pernas.
— Agarre.
Ela não se move, parece mais assustada que no início do voo.
Vá em frente, Anastasia. Agarre-o. Insisto com mais veemência.
Timidamente, ela o agarra enquanto eu vou instruindo.
Segure firme... Mantenha-o estável. Vê o botão do meio em frente? Mantenha a agulha no centro. Para meu encanto ela faz tudo com tranquilidade e maestria.
Boa menina. Elogio.
Estou surpresa que você me deixe assumir o controle. Ela grita.
Você ficaria espantada com o que eu deixaria você fazer, Senhorita Steele. Faça para mim agora. — E então, numa medida ousada, mas muito calculada, deixo o planador como se estivesse sob seu controle. 
Ela sente o movimento do leme e o deixa ir em espiral para baixo por vários pés. O chão está se aproximando e parece como se pudéssemos estar batendo nele em breve. Rapidamente faço contato com a torre.
BMA, este é BG N Papa Alpha 3, entrando na pista da esquerda a favor do vento sete para a grama, a BMA.
A torre responde a mim no rádio. Nós voamos rodando novamente em um grande círculo nos aproximando lentamente do chão e já podemos avistar o aeroporto, as pistas de pouso e nos aproximamos da I-95. Ela se movimenta no banco, demonstrando inquietação.
Espere, Baby. Isto pode ficar instável. 
Depois de outro círculo e mais um mergulho estamos no chão com um baque breve, correndo ao longo da grama até finalmente chegarmos a uma parada. O avião oscila ligeiramente e, em seguida, mergulha para a direita.
Inclino-me e abro a tampa da cabine saltando para fora e me alongando. Em seguida me aproximo dela que ainda está presa ao assento.
Como foi isso? Pergunto e tenho certeza que meus olhos estão brilhando de felicidade enquanto começo a soltá-la.
Foi extraordinário. Obrigada! Ela diz com um sorriso radiante.
Foi mais? Pergunto com a voz repleta de esperança.
Muito mais! Ela responde sorridente.
Venha. Estendo a mão para ela que sai da cabine.
Assim que estamos fora aproveito para dar um daqueles abraços quentes e fortes em que os corpos se encontram e não querem mais se desgrudar. Seguro seus cabelos com uma das mãos e com a outra deslizo por suas costas até a base da espinha. E aí lhe tasco um beijo, longo, firme enquanto minha língua mergulha em sua boca como se fosse a única forma de matar esta minha sede.
Sinto minha respiração ficar pesada e meu pau endurecer numa piscada de olhos. Ou numa investida de língua, Grey!
Suas mãos agarram meus cabelos e seu corpo se esfrega no meu. Ela também me quer aqui, agora, no chão. Afasto-me e olho para baixo, alguém precisa manter um pouco de sanidade neste momento. Mas meu desejo real é o de fodê-la nesta relva, exibi-la ao astro rei que já se mostra no horizonte.
Café da manhã. Sussurro com dificuldade e com voz erótica.
Seguro sua mão macia e vamos para o carro.
E sobre o planador? —Ela indaga.
Alguém vai cuidar disso. — Respondo. Vamos comer agora. Venha. Sorrio.
Ela caminha descontraidamente ao meu lado com um sorriso espontâneo de iluminar qualquer emoção, parece uma criança feliz no auge da inocência pura. Voltando ao longo da I-95 para Savannah, seu alarme do telefone acende.
O que é isso? Pergunto curioso, olhando para ela.
Ela revira a bolsa, procurando por algo.
Alarme para a minha pílula. Responde com as bochechas vermelhas.
Bom, bem pensado. Eu odeio camisinha. 
Ela fica um pouco mais vermelha diante do meu comentário.
Gostei que você me apresentou a Mark como sua namorada. Murmura feliz.
Não é o que você é? Levanto uma sobrancelha.
Eu sou? Eu pensei que você queria uma submissa. 
Quero, Anastasia. Mas eu já lhe disse, quero mais, também. 
Estou muito feliz que você queira mais. Ela sussurra.
Nosso objetivo é satisfazer, Senhorita Steele.Sorrio enquanto viro para a International House of Pancakes.
IHOP. Ela sorri de volta. Eu não acredito nisso. Quem teria pensado... Christian Grey na IHOP?
—Surpresas da vida, simples assim Baby.
São 8:30 da manhã e está tudo calmo no restaurante. O cheiro de massa doce, frituras e desinfetante se misturam no ar. Eu a levo a uma mesa.
Eu nunca imaginei que você viria aqui. Ela diz enquanto se acomoda na cabine.
Meu pai costumava nos trazer a um desses sempre que minha mãe saia para uma conferência médica. Era o nosso segredo. — Sorrio para ela e pego um cardápio, passando a mão pelo cabelo rebelde enquanto olho para o mesmo.
Eu sei o que quero. Respiro com voz baixa e rouca e olho para ela com veemência.
Ela me olha respondendo à minha chamada.
Eu quero o que você quiser. Sussurra. Inalo drasticamente puxando pelo ar. Que apetite esta mulher me desperta, céus!
Aqui? Pergunto sugestivamente, levantando uma sobrancelha para ela, sorrindo maliciosamente, meus dentes prendendo a ponta de minha língua. Enquanto isso ela cora e morde o lábio.
Não morda seu lábio. — Ordeno. Não aqui, não agora. Se eu não puder tê-la aqui, não me tente. 
Olá, Meu nome é Leandra, o que posso fazer por vocês... er... gente... er... hoje, esta manhã...? A voz da garçonete se extingue, tropeçando em suas palavras enquanto me encara. Ela fica vermelha como tomate, e no fundo eu até que a entendo,  deve ter reconhecido o bilionário dos jornais e revistas.
Anastasia? Pergunto ignorando a garçonete.
Eu te disse, quero o que você quiser. Será que entendi direito, isso é uma indireta? Olho para ela faminto. A garçonete percebe que está sobrando na situação e rapidamente diz:
Devo lhes dar mais um minuto para decidir?
Não. Sabemos o que queremos. Digo a boca num pequeno sorriso sexy.
Queremos duas porções das panquecas originais com xarope e bacon ao lado, dois copos de suco de laranja, um café preto com leite desnatado e um chá Inglês, se você tiver. Digo, sem tirar os olhos de Anastasia.
Obrigada, senhor. Isso é tudo? Sussurra Leandra, olhando para qualquer lugar, menos para nós dois. Nós dois por nossa vez, olhamos para ela, e ela cora mais um pouquinho e se distancia.
Você sabe que não é realmente justo. Ela olha para a mesa de fórmica enquanto traça um padrão com o dedo indicador, tentando parecer indiferente.
O que não é justo? —Sussurro...
O jeito que você desarma as pessoas. Mulheres. Eu. 
Eu te desarmo?
O tempo todo.
É só algo físico, Anastasia. — Digo suavemente.
Não, Christian, é muito mais do que isso. —Como assim é muito mais do que isto? O que ela está tentando dizer? Franzo o cenho pensativo e também me coloco.
Você me desarma totalmente, Senhorita Steele. Sua inocência. Que supera qualquer barreira. 
É por isso que você mudou de opinião?
Mudei de opinião? Mudou de opinião mesmo, Grey!
Sim, sobre... err... nós?
Coço o queixo pensando numa resposta prudente.
Eu não acho que mudei de opinião apenas por isso. Nós apenas precisamos redefinir nossos parâmetros, redesenhar as nossas linhas de batalha se você quiser. Nós podemos tentar, tenho certeza. E também quero você submissa na minha sala de jogos. Vou te punir se você desviar das regras. Fora isso... Bem, eu acho que tudo está em discussão. Essas são as minhas necessidades, Senhorita Steele. O que você diria sobre isso? 
Então dormir com você? Na sua cama? 
É isso que você quer?
Sim.
Eu sou capaz de concordar com isso. Além disso, durmo muito bem quando você está na minha cama. Não tinha ideia disso. Minha voz diminui automaticamente, talvez tentando disfarçar esta situação que tanto me surpreende.
— Estava com medo de que você me deixaria se eu não concordasse com tudo isso. Ela diz em tom preocupado.
Eu não vou a lugar algum, Anastasia. Além disso... Penso novamente em como dizer algo que está nas minhas entranhas, mas é difícil de admitir. Estamos seguindo seu conselho, sua definição: compromisso.
Eu adoro que você queira mais. Murmura timidamente.
Eu sei. —E admiro o brilho surpreendente que se forma em seus olhos.
Como você sabe?
Confie em mim. Apenas sei. Sorrio para ela lembrando das confissões da madrugada.
Leandra chega com o café da manhã e nossa conversa cessa. Ela pega seu prato e para minha felicidade o devora com gosto.
Posso te convidar? Ela pergunta.
Me convidar para o quê?
Para tomar o café da manhã comigo, pagando por esta refeição. —Como assim? Minha mulher pagando por minha refeição? —E você jamais seria um destes frouxos do planeta que não sabem cuidar de sua dama, não é Grey?
Eu não penso assim. Respondo irritado.
Por favor. Eu quero. —Ela insiste e eu franzo a testa visivelmente desconfortável.
Você está tentando me castrar completamente?
Este é provavelmente o único lugar que vou ser capaz de pagar.
Anastasia, aprecio seu pensamento. Mas não.
Ela aperta os lábios.
Não faça esta carinha triste. Ameaço com os olhos brilhando sabendo que já venci a situação. Uma mulher me pagar a conta... Era só o que faltava, este é um limite inaceitável para mim.

********
Assim que terminamos o café eu a levo até a casa de sua mãe seguindo o endereço já pesquisado por minha equipe e o mapa estudado por mim quando me decidi em vir para cá. Quando estaciono na frente da casa, para minha surpresa, ela não comenta apesar de fazer aquela rostinho de quem está questionando minha atitude. Provavelmente já entendeu como sou e do que sou capaz de fazer por ela. E como você realmente é, Grey?
Você quer entrar? Pergunta timidamente.
Eu preciso trabalhar, Anastasia, mas voltarei esta noite.
Obrigada... por tudo. —Ela diz com delicadeza.
O prazer é meu, Anastasia. Eu a beijo e inalo o cheiro sexy de seus cabelos.
— Te vejo mais tarde, então.
Tente me parar... Sorrio.
Ela acena um adeus enquanto sigo para o sol da Geórgia. Ligo o iPod em modo aleatório e começa a tocar “Called out in the dark” de Snow Patrol. O som enche o carro na mesma velocidade que volto para o hotel à espera que as horas passem e eu possa retornar aos braços de minha Anastasia.
Chego ao hotel e subo para tomar um banho e vestir-me adequadamente para a reunião. O tempo calculado foi à risca. Visto-me de terno cinza e camisa branca. Assim que começo a dar o nó na gravata pensamentos pecaminosos e deliciosos surgem em minha mente com Anastasia e suas mãos amarradas... Vamos Grey, respire, medite, limpe sua mente porque o trabalho te chama.
O toque de chegada de mensagem alivia meu pré- estado de tesão e iniciamos uma conversa deliciosa.
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De: Anastasia Steele
Assunto: Voando em vez de ferida
Data: 02 de junho de 2011 10:20 EST
Para: Christian Grey
Às vezes, você realmente sabe como dar bons momentos a uma garota.
Obrigada

Ana, X
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De: Christian Grey
Assunto: Voando vs ferida
Data: 02 de junho de 2011 10:24 EST
Para: Anastasia Steele

Prefiro qualquer coisa a seu ronco. Eu tive um momento muito bom.
Mas eu sempre tenho quando estou com você.
  
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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De: Anastasia Steele
Assunto: O RONCO
Data: 02 de junho de 2011 10:26 EST
Para: Christian Grey

EU NÃO RONCO. E se eu fizer isso é muito rude de sua parte apontar.
Você não é cavalheiro Sr. Grey! E você está no mesmo barco que eu!

Ana
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De: Christian Grey
Assunto: Falar dormindo
Data: 02 de junho de 2011 10:28 EST
Para: Anastasia Steele
Eu nunca disse ser um cavalheiro, Anastasia. E acho que tenho demonstrado isso em diversas ocasiões. E não estou intimidado pelas suas letras MAIÚSCULAS.
Mas vou confessar que foi mentirinha : Não - você não ronca, mas você fala. E é fascinante.
O que aconteceu com o meu beijo?
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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E se você soubesse o que disse Srta Steele... Você disse para eu ser o homem mais feliz deste universo, com outras palavras, mas disse....

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De: Anastasia Steele
Assunto: Língua nos dentes
Data: 02 de junho de 2011 10:32 EST
Para: Christian Grey

Você é um grosseirão, definitivamente, não é um cavalheiro.
Então, o que eu digo? Não há beijos para você, até você falar!
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De: Christian Grey
Assunto: A Bela Adormecida Falando
Data: 02 de junho de 2011 10:35 EST
Para: Anastasia Steele

Seria mais uma grosseria minha dizer e eu já fui castigado por isso.
Mas se você se comportar, eu posso lhe dizer esta noite. Eu tenho que ir a uma reunião agora.
Até mais, Baby!

Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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Desligo o BlackBerry já abrindo a porta do quarto. Alguém está tocando a campainha e me deparo com o rosto tenso de Taylor à minha porta com cara de Rambo preocupado no meio da guerra.
—O que houve Taylor? É impressão minha ou você está preocupado, tenso?
—Desculpe, Senhor, mas tenho péssimas notícias.
—O que houve, a reunião foi cancelada?
—Não Senhor, os empresários estão sendo acomodados na sala reservada do hotel. O problema está no Escala.
—Como assim, Taylor? Incêndio, falta de pagamento do condomínio? Era só o que me faltava... Vamos, pode falar.
—Senhor, Leila invadiu o apartamento descontrolada e tentou o suicídio. Só não morreu porque Gail estava lá e a acudiu.
Sinto um cruzado de direita na boca do estômago e me sento à cama para respirar.
—O que você está dizendo Taylor, como e quando foi isso?
—Hoje senhor. Ela invadiu o apartamento num estado deplorável e cortou o pulso. Ela está fora de perigo Senhor, mas seu estado emocional é realmente péssimo. Acionei Welch para tomar conta da situação enquanto não estamos lá. Gail não sabe como fazer isso sozinha.
— Tem toda razão Taylor, fez muito bem. Como está a situação agora?
—Ela está calma e sedada Senhor, mas agora precisamos decidir para onde levá-la.  Welch foi com os paramédicos da empresa, senão imagine a publicidade da situação. Eles recomendaram atendimento psiquiátrico.
—Claro, Taylor, como sempre muito bem pensado e excutado. Um momento. Vou consultar John Flynn.
Disco para John e ele atende imediatamente.
—Olá, Grey! Como vão as coisas por aí?
—Péssimo e sem tempo John. Estou na Geórgia, tenho uma reunião marcada em trinta minutos, a desvairada da Leila invadiu meu apartamento, cortou o pulso e agora precisamos encaminhá-la para um hospital com atendimento psiquiátrico, qual você indica?
—Oh ho, quanta informação meu amigo. Que situação complicada, deixe-me refletir... Bom... vejamos, encaminhe-a para o University of Washington Medical Center. Eles são ótimos e eu posso dar uma olhada pessoalmente no estado dela.
— Faça isso, John. À noite estarei de volta. Tenho uma reunião e Taylor vai tomar conta da situação de agora em diante.
—Certo amigo, pode me ligar. Quem está no seu apartamento no momento?
—Welch e os paramédicos da empresa, não queremos publicidade sobre o assunto.
—E nem pode. Vou entrar em contato com eles e ajudar a resolver esta situação.
—Obrigado mais uma vez meu amigo. —E desligo o telefone.
—Vamos voltar para casa o mais rápido possível Taylor.
—O Senhor quer que desmarque a reunião?
—Não. Sou um homem de negócios. Não posso misturar problemas pessoais e trabalho. Enquanto fico na reunião arranje tudo para irmos embora imediatamente. Quero o avião pronto assim que terminar os negócios. E mantenha-se em contato com Welch e Flynn, veja atendimento de primeira categoria para Leila, mas salvem esta mulher.
—Entendido, Senhor. Vou providenciar tudo imediatamente.

**********
A reunião transcorreu normalmente. Meus funcionários Allan e Stefan se encarregaram dos dados, das negociações, da parte legal e burocrática do acordo. Eu controlei o tempo da reunião e operei em modo The Flash, não via a hora de tudo terminar.
Ao final, nos despedimos e o dono do terreno apertou minha mão.
—Parabéns Sr Grey, fechamos um ótimo negócio.
—Obrigado, agora daremos continuidade aos trâmites processuais.
—Com certeza, espero que aprecie nossa cidade mais um pouco.
—Bem que gostaria, mas preciso retornar a Seattle imediatamente, o dever me chama.
—Um ótimo retorno então, Senhor Grey.
Meus funcionários se entreolham enquanto recolhem os documentos da mesa. Devem estar surpresos já que combinei o retorno para amanhã, mas antes de qualquer questionamento, disparo:
—É isso mesmo o que vocês ouviram. Arrumem suas coisas, sairemos na próxima hora.
Saio da sala e me encaminho para meu quarto. Terei finalmente um lugar para ampliar a empresa e da melhor forma: próximo à casa da mãe de Anastasia. Se ela vier para cá, tenho como monitorá-la sempre.
Ligo pra ela, vai ser duro dar a notícia e neste momento é melhor falar do que mandar e-mail. O telefone toca até cair e ela não atende.
—Que diabos é isso agora, porra Anastasia! Por que não atende?
Começo a arrumar minhas coisas para a saída rápida do hotel. Minha cabeça está a mil. O que fazer com a loucura de Leila? Como não previ uma situação dessas? O telefone toca. É Anastasia e eu disparo.
Anastasia.
Oi. Murmura timidamente.
Tenho que voltar para Seattle. Algo está fora de controle. Estou de saída agora. Por favor, peça desculpas à sua mãe, mas não posso ir ao jantar. Digo polidamente.
Nada de grave, espero?
É uma situação que tenho que lidar. Vou te ver sexta-feira e enviarei Taylor para lhe pegar no aeroporto, se não puder ir eu mesmo. Digo com a frieza que a situação necessita e a preocupação com sua segurança.
Ok. Espero que você resolva a sua situação. Tenha um bom voo. 
Você também, Baby. Respiro já com saudades e com raiva de ter que mudar meus planos. Desligo.

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Desembarcamos no aeroporto e a caminho de casa recebo sua mensagem e travamos uma boa conversa.
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De: Anastasia Steele
Assunto: Chegou em segurança?
Data: 02 de junho de 2011 22:32 EST
Para: Christian Grey

Caro senhor
Por favor, me deixe saber se você chegou em segurança. Estou começando a me preocupar. Pensando em você.

Sua Ana, X
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Ela está preocupada comigo, mas eu estou muito mais com sua segurança. Respondo rapidamente.
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De: Christian Grey
Assunto: Desculpa
Data: 02 de junho de 2011 19:36
Para: Anastasia Steele

Querida Senhorita Steele

Eu cheguei em segurança e por favor aceite minhas desculpas por não deixá-la saber. Eu não quero te causar nenhuma preocupação, é reconfortante saber que você se importa comigo. Estou pensando em você também e como sempre estou ansioso para vê-la amanhã.

Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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Não posso causar-lhe maiores preocupações, seu bem estar em primeiro lugar.
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De: Anastasia Steele
Assunto: A Situação
Data: 02 de junho de 2011 22:40 EST
Para: Christian Grey

Caro Sr. Grey

Eu acho que é muito evidente que eu me importo com você, profundamente. Como você pode duvidar disso?
Espero que a sua "situação" esteja resolvida.

Sua Ana, X
PS: Você vai me dizer o que eu disse enquanto estava dormindo?
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Ah, deixei a curiosa Srta Steele?
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De: Christian Grey
Assunto: Quinta Petição
Data: 02 de junho de 2011 19:45
Para: Anastasia Steele

Querida Senhorita Steele

Eu gosto muito que você se importe comigo. A "situação" aqui ainda não está resolvida.
Com relação ao seu PS: A resposta é não.
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.

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De: Anastasia Steele
Assunto: Insana Petição
Data: 02 de junho de 2011 22:48 EST
Para: Christian Grey

Espero que tenha sido divertido. Mas você deve saber que não posso aceitar qualquer responsabilidade pelo que sai da minha boca enquanto eu estiver inconsciente. Na verdade, você provavelmente me entendeu mal.
Um homem com a sua idade avançada certamente deve ser um pouco surdo.
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Fico feliz que diante de toda situação ela esteja inocentemente brincando comigo. Um pouco de alegria e bom humor são sempre bem vindas nas situações difíceis.
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De: Christian Grey
Assunto: Se Declarar Culpado
Data: 02 de junho de 2011 19:52
Para: Anastasia Steele

Querida Senhorita Steele

Desculpe, você poderia falar mais alto? Eu não posso ouvi-la.
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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De: Anastasia Steele
Assunto: Insana Petição Novamente
Data: 02 de junho de 2011 22:54 EST
Para: Christian Grey

Você está me deixando louca.
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De: Christian Grey
Assunto: Espero que sim...
Data: 02 de junho de 2011 19:59
Para: Anastasia Steele

Querida Senhorita Steele

Eu pretendo fazer exatamente isso na noite de sexta-feira. Esperando ansiosamente. ;)

Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.

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De: Anastasia Steele
Assunto: Grrrrrr
Data: 02 de junho de 2011 23:02 EST
Para: Christian Grey

Estou oficialmente chateada com você.
Boa noite

Senhorita A. R. Steele
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De: Christian Grey
Assunto: Gato Selvagem
Data: 02 de junho de 2011 20:05
Para: Anastasia Steele

Você está rosnando para mim senhorita Steele?
Eu possuo uma gata que rosna.

Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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E que gata, que rosna, que arranha e geme lindamente.
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De: Christian Grey
Assunto: O que você disse enquanto dormia
Data: 02 de junho de 2011 20:20
Para: Anastasia Steele

Anastasia

Eu prefiro ouvir você dizer acordada as palavras que pronunciou no seu sono enquanto estava inconsciente é por isso que não vou te dizer. Vá dormir. Você precisará estar descansada para o que tenho em mente amanhã.

Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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E quem sabe um dia ela me diga tudo novamente, desperta, consciente e trazendo paz a esta minha vida tão conturbada...

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