5 de mai. de 2013

Capítulo 9 - Dra. Grace e cueca box



Pisco rapidamente, olhando para ela, com olhos arregalados, com horror humorado. Por essa eu não esperava.
— Merda! É minha mãe.
Saio de dentro dela de uma vez, tiro a camisinha usada e jogo no cesto de papéis. Realmente a presença da Doutora Grace neste momento é simplesmente um balde de água gelada na fogueira que estava no quarto há poucos momentos. Tenho que pensar rapidamente no que fazer. Posso deixar Anastasia escondida aqui no quarto e fingir que nada está acontecendo. Minha mãe nunca me força a dar explicações, já se acostumou com a forma que protejo minha intimidade. Mas se fizer isso, aí sim vou colaborar para que o pensamento arraigado na família de que sou gay tome mais força ainda.
Cada uma... Até que alguns homens já tentaram se oferecer a mim, mas nem chegaram perto, pois sentiram a força do meu olhar de repulsa e não quiseram conhecer a força do meu soco de direita. — Grey, gay... aff, não suporto nem a rima. Vamos, decida garoto!
Apesar de ter acionado o modo desespero total, olho para Anastasia pronto para sugerir que ela fique quieta no quarto, esperando que eu despache minha mãe. Afinal, não tenho certeza do futuro do nosso relacionamento para começar um “momento família” sem planejamento e assim, no susto. Mas não sei o que acontece quando seus olhos me fitam. Sei apenas que conseguem derrubar todas as minhas barreiras, as certezas se transformam em incertezas e vice-versa.
É algo visceral o poder deste olhar sobre mim e, nem sei de onde, minha voz toma o controle e por si só começa a falar:
— Vamos, Baby! Temos que nos vestir... se quiser conhecer minha mãe. — Sorrio para ela ao me levantar da cama e visto o jeans. Não dá tempo para colocar as cuecas! Anastasia tenta se levantar, mas não consegue porque ainda está amarrada. Então me diz apavorada:
— Christian... não posso me mover.
Apesar de também estar apavorado com a situação inusitada, meu sorriso se acentua, porque com esta situação eu realmente não contava. Inclino-me, desamarro a gravata e observo a marca sexy que ficou em seus pulsos. Beijo-a rapidamente na testa e sorrio.
— Outra novidade. —reconheço, mas percebo que além de apavorada ela não tem ideia do que estou falando.
— Eu não tenho roupa limpa. — Ela diz com uma voz em completo pânico. —Talvez devesse ficar aqui.
— Oh, não, você não vai, — ameaço. — Pode vestir algo meu. — Visto uma camiseta branca e passo a mão pelo cabelo que deve estar revolto depois desta foda maravilhosa.
Ela está assustada e maravilhosa ao mesmo tempo.
— Anastasia, você ficaria bonita até com um saco. Não se preocupe, por favor. Eu gostaria que conhecesse minha mãe. Vista-se. Vou acalmá-la um pouco. — Aperto os lábios. — Espero você no salão, dentro de cinco minutos, caso contrário, eu virei e a arrastarei para fora daqui, com qualquer coisa que esteja vestindo. Minhas camisetas estão nessa gaveta. As camisas estão no closet. Sirva-se. — Olho-a por um instante, inquisitivo e saio do quarto.
No percurso até chegar à minha mãe parece que adentrei o caminho dos perdidos e ansiosos por misericórdia. Não sei bem como agir e o que falar para ela. Mas basta avistar meu anjo loiro salvador que minhas relutâncias desmoronam. Ela está próxima à porta de saída se despedindo de Taylor. Eu atravesso a sala e sigo em sua direção.
— Olha ele aí Taylor!
—Senhora... —Taylor faz um gesto com a cabeça e se retira imediatamente. A Dra Grace beija minha testa com ternura enquanto segura minhas mãos. Está, como sempre, impecável com um vestido estilo camisa, castanho claro, com sapatos combinando. Sempre elegante e bonita, com seu olhar protetor e amoroso.
—Christian, você quer matar sua mãe do coração? Não tenho mais idade para isso!
—Eu sei mãe. Tenho tido muitos problemas para resolver estes dias, por isso andei sumido. —Falo isso gaguejando, pois não tenho como me livrar de seu olhar meticuloso que me analisa por completo, como se estivesse fazendo uma ressonância magnética em mim.
—Posso ver querido, que esta ocupação tem lhe feito muito bem. Você está com a aparência radiante, quem está conseguindo te deixar ainda mais bonito? Nunca imaginei que isto fosse possível! —Ela amplia ainda mais seu sorriso maravilhoso. Eu enrubesço e fico numa encruzilhada sem ter o que dizer.
—O que exatamente não é possível Dra Grace, eu arrumar alguém? —digo em tom divertido dando uma piscadela para ela e tentando quebrar o clima.
—Ora, Christian! Eu sei que você deve ter muitos “alguéns”, mas melhorar esta beleza dos Deuses do Olimpo que só você tem... Meu filho, só se for magia, pois nunca imaginei que pudesse ser melhorada a perfeição!
—Ah, Dra Grace! Somente as mães amorosas conseguem enxergar tanta perfeição assim em seus filhos. Olhe bem nos meus olhos para ver. ­—Viro os olhos propositalmente para a ponta do nariz e fico estrábico.
Ela me beija novamente e me diz gargalhando:
—Ah, meus meninos! Até parece que estou conversando com o Elliot! Fico feliz que esteja, além de lindo, muito bem humorado. Mas não quero atrapalhar, já estou de saída.
—Nada disso, fique mais um pouco comigo, bem... hã, hã, conosco...
Minha mãe me encara e seus olhos se arregalam diante desta novidade. Percebo que ela nem acredita em meu convite.
—Olha Christian, não quero invadir sua privacidade, filho. Peço desculpas por ter vindo sem avisar, mas você não respondeu aos meus telefonemas, então a preocupação falou mais alto. Não faça nada que não queira, eu respeito sua vida particular.
Eu fui abençoado por ter sido adotado por uma pessoa como Grace Trevelyan-Grey. Ela é linda, amável, trabalhadora, competente, discreta, um anjo sem asas. É um exemplo para mim. Pego suas mãos pequenas e macias e tasco-lhe um beijo demorado. Depois a encaminho para o sofá. Sentados, ainda segurando sua mão, digo olhando em seus olhos:
— Dra Grace, seja sempre bem vinda à minha casa. Obrigado pela preocupação, mas gostaria de apresentar-lhe alguém hoje, isto é, se quiser conhecer...
Ela abre um amplo sorriso e responde rapidamente.
—Se é assim... claro que quero, será uma honra! —Percebo sua excitação, seu momento de alegria e curiosidade. —Prepare-se Dra Grace, vem aí meu “namorado”, provavelmente usando minhas roupas!
Ouço os passos de Anastasia se aproximando. Já teve tempo suficiente para se arrumar. Fico receoso se ela vai aparecer usando uma das minhas camisas de seda e deixar minha mãe espantada. Mas quando surge com sua beleza encantadora, relaxo completamente. Estou orgulhoso do que vou apresentar à minha mãe.
— Aqui está. — digo enquanto me levanto do sofá. Ela está magnífica em sua simplicidade. Fez um rabo de cavalo e colocou suas roupas do dia anterior, preferiu não usar as minhas. —Garota discreta e inteligente!
Minha mãe fica pálida e se vira para avistá-la. Instantaneamente oferece para Anastasia seu segundo mais amplo sorriso, pois o primeiro foi ao me receber em sua casa, quando ainda era um menininho assustado e complicado.
Levanta-se também e eu faço as devidas apresentações.
— Mamãe, apresento-lhe Anastasia Steele. Anastasia, esta é Grace Trevelyan-Grey.
A doutora Trevelyan-Grey lhe estende a mão espantada e totalmente aliviada, provavelmente por não surgir em sua frente um corpo sarado, alto, musculoso e... barbado! Não me conformo com a ideia da minha família de que eu abraçaria, morderia, cheiraria, iria me deitar com um... homem! —Sinceramente, mamãe: meu lado feminino é que é gay!!! Sou louco por mulheressou louco por uma tal de Srta Steele.
— Prazer em conhecê-la, Srta Steele — minha mãe murmura apertando a mão de uma tímida e assustada Anastasia. Não posso evitar sorrir, por alguma razão sem explicação estou vibrando com este momento.
— Doutora Trevelyan-Grey, — Anastasia murmura.
— Chame-me de Grace. — Ela sorri, e me olha também. — Usualmente sou chamada de doutora Trevelyan, e a senhora Grey é minha sogra. — Ela pisca um dos olhos. — Então, como se conheceram? — pergunta olhando para mim, incapaz de ocultar sua curiosidade e felicidade.
— Anastasia me entrevistou para a revista da faculdade, porque esta semana vou entregar os diplomas de graduação.
Minha mãe faz que sim com a cabeça.
— Então, você vai se graduar esta semana? — pergunta.
— Sim, finalmente estou concluindo minha graduação. Anastasia responde e somos interrompidos pelo toque do seu celular que vem da cozinha. Ela cora e diz muito sem jeito.
— Desculpem-me. —E se retira para atender ao celular.
Eu fico observando a reação de minha mãe que a acompanha deliberadamente com o olhar. Tento escutar a conversa dela ao telefone e saber quem está interrompendo este momento tão especial para nós.
Minha mãe diz:
—Christian, que bela moça! Já gosto dela pelo bem que está fazendo a você, filho. Demorou para apresentar alguém, mas caprichou!
—Calma, mamãe! Estamos apenas nos conhecendo, mas ela é sim muito bonita.
—Muito bem, não vamos deixá-la intimidada com análises neste momento, mas estou muito feliz com o que vi aqui hoje.
Eu percorro o olhar de minha mãe à Anastasia. Ela está de costas para nós e não consigo ouvir o que está falando, mas ouço claramente o nome José. —Tinha que ser este babaca filho da puta para estragar meu primeiro momento tão família. Ah, vai ter troco!
Ela se vira e me surpreende a observando atentamente. Por um instante não prestei atenção ao que minha mãe dizia, pois fiquei furioso com o telefonema inoportuno. Ela volta com toda tranquilidade até nós e a Dra. Grace está em pleno falatório.
— ... e Elliot me ligou para dizer que você estava por aqui... Faz duas semanas que não vejo você, querido.
— Elliot sabia? — pergunto, enquanto tento decifrar nela algum traço que me informe o motivo deste telefonema.
— Pensei que poderíamos comer juntos, mas já vejo que tem outros planos, assim não quero lhes interromper. —Minha mãe pega seu comprido casaco de cor creme, vira-se para mim, oferecendo o rosto. Eu a beijo rapidamente com suavidade e respondo:
— Tenho que levar Anastasia para Portland, almoçamos outro dia, prometo.
— É claro, querido. Anastasia foi um prazer lhe conhecer. Espero que voltemos a nos ver.
Ela estende a mão para Anastasia com os olhos brilhantes de alegria e ambas se cumprimentam sacudindo as mãos. Taylor aparece prontamente, pois sei que está atento ao que acontece, observando do escritório de segurança.
— Senhora Grey? — Ele pergunta.
— Obrigado, Taylor. — Ele a segue pelo salão e atravessam as portas duplas que vão para o vestíbulo.
Eu olho para Anastasia e pergunto com raiva e cautela.
— Então o fotógrafo ligou para você?
— Sim.
— O que queria?
— Só me pedir perdão, já sabe... por sexta-feira.
Eu aperto os olhos para não explodir e falar um palavrão.
— Sei... — digo simplesmente.
Taylor volta a aparecer.
— Senhor Grey, há um problema com o envio por Darfur.
Aceno bruscamente para ele com a cabeça, vou ter que resolver este problema agora também!
— O Charlie Tango voltou para o Boeing Field?
— Sim, senhor.
Taylor sacode a cabeça para ela.
— Senhorita Steele.
Ela sorri timidamente para ele, que se vira e sai.
— Taylor vive aqui?
— Sim. — respondo com raiva.
Vou até a cozinha, pego o BlackBerry e ligo imediatamente para Ros, que está cuidando desta operação.
— Ros, qual é o problema? — pergunto.
—Grey, se continuarmos com a rota traçada para entrega dos containers, estaremos colocando os funcionários em risco. O conflito e a crise humanitária estão fora de controle, mas se mudarmos a rota teremos uma boa perda financeira, então preciso da sua opinião.
Fico escutando sem deixar de olhar para ela que está desencaixada no meio da enorme sala. Sabia que seria difícil atravessar Darfur em meio aos conflitos existentes, mas prefiro não ter lucros a colocar qualquer vida sob minha responsabilidade em perigo. Então, respondo:
— Não colocarei a tripulação em perigo. Cancele a rota... Vamos pelo do ar....
— Está bem, vou cuidar disto imediatamente.
— Bom, mantenha-me informado. Desligo. —Agora vou resolver o conflito que se estabeleceu aqui na minha sala. Talvez seja mais difícil ainda.
Estou queimando de ódio deste maldito José. Devia ter quebrado todos os seus dentes na sexta-feira. Que tipo de homem tenta beijar uma mulher à força, coloca a culpa na bebida e depois liga para pedir desculpas? E se eu não tivesse aparecido? Ele se mostraria um estuprador? —Ah, seu babaca filho da puta, tire os olhos da minha mulher!
Não posso mais esperar, vou até o escritório e pego logo o contrato. Preciso me precaver e evitar que ela mude de ideia. Não posso perdê-la, ainda mais com este abutre alçando voos muito próximos a ela.Volto para a sala e percebo que ela não está nem um pouco à vontade.
— Este é o contrato. Leia e o comentaremos no fim de semana que vem. Sugiro que pesquise um pouco, para que saiba do que estamos falando.— Paro por um momento. —Bom, se aceitar, e espero realmente que aceite. — acrescento em tom mais suave, mas muito nervoso.
— Pesquisar?
— Você pode ficar surpresa com o que vai encontrar na internet — murmuro e percebo que ela não tem noção da quantidade de pessoas que são felizes por praticarem sexo como eu.
Ela cora e fica com um ar muito pensativo, incomodada com alguma coisa além do costume.
— O que acontece? — pergunto inclinando a cabeça para decifrá-la.
— Não tenho computador. Estou acostumada a utilizar os da faculdade. Verei se posso utilizar o notebook de Kate.
Esperava tantas respostas, menos esta. Isso tem uma resolução simples, fácil para mim. Entrego o envelope pardo com o contrato dentro para ela.
— Estou certo que posso... err, lhe emprestar um computador. Recolha suas coisas. Voltaremos para Portland de carro e comeremos algo pelo caminho. Vou vestir-me.
— Tenho que fazer uma ligação — ela murmura.
Minhas mandíbulas se apertam e meus olhos ardem de fúria, não consigo disfarçar.
— Para o fotógrafo? Eu não gosto disso, Srta. Steele. Bem vinda à Grey.com, aquilo que eu curto não compartilho. Lembre-se sempre. — Uso um tom de voz calmo, mas é um aviso arrepiante. Dou um olhar muito frio para ela e volto para o quarto antes da resposta.
Fico imaginando se ela será capaz de perdoar este imbecil depois da afronta e gravidade das suas atitudes. Não sei como será nosso próximo encontro. Também não sei como será minha reação com o perdão dela para ele, se é que eu vou deixar isto acontecer.
Entro no quarto, me arrumo e coloco minha jaqueta de couro preto. Pego alguns itens pessoais e coloco numa bolsa de couro, já que vou passar alguns dias fora de casa. Volto para a sala. Ela está muito quieta me aguardando.
— Pronta? —pergunto.
Ela concorda incerta enquanto olha para a bolsa de couro, curiosa.
Taylor já está esperando ao fundo, ciente das ordens que lhe passei.
— Até mais, então. — digo para ele, que concorda.
— Sim, senhor. Que carro vai levar, senhor?
— O R8.
— Boa viagem, senhor Grey. Senhorita Steele. — Taylor a olha com simpatia, deve estar se perguntando por que tanta diferença no tratamento com ela, pois sabe que mudei totalmente meus hábitos desde que a conheci. Ele nos abre a porta para que saiamos e eu chamo o elevador. Percebo que ela está remoendo algo em sua mente. Além de muito compenetrada está mordendo os lábios novamente.
— O que foi Anastasia? — pergunto chegando mais perto e levantando seu queixo. — Pare de morder o lábio ou a foderei no elevador, e não vou me importar se entrar alguém ou não.
Ela ruboriza, mas seus lábios esboçam um ligeiro sorriso.
— Christian, tenho um problema.
— Oh, sim. Pode me dizer seja o que for. — digo observando-a com atenção.
Chega o elevador. Entramos e aperto o botão marcado com o G.
— Bem, — continua ruborizada. — Preciso falar com a Kate. Tenho muitas perguntas sobre sexo, e você está muito comprometido. Se quiser que faça todas essas coisas, como vou saber...? — interrompe-se tentando encontrar as palavras adequadas. — É que não tenho pontos de referência.
Eu reviro os olhos. Justo com a chata da amiga ela vai tirar dúvidas? Mas entendo o mundo de novidades que se abriu para ela. Está realmente muito insegura.
— Fale com ela se for preciso. — respondo zangado. — Mas se assegure de que não comente nada com o Elliot.
Ela me olha com reprovação.
— Kate não faria algo assim, como eu não diria a você nada do que ela me conte sobre Elliot... se me contasse algo, — acrescenta rapidamente.
— Bom, a diferença é que não me interessa a vida sexual dele — murmuro em tom seco. — Elliot é um bastardo curioso. Mas lhe fale só do que temos feito até agora, — advirto.
— Ela, provavelmente, me cortaria as bolas se soubesse o que quero fazer contigo — acrescento em voz tão baixa, que não estou seguro se pretendia que ela ouvisse.
— Ok — concorda prontamente, sorrindo aliviada.
Ela me desarma com seu sorriso lindo. Franzo os lábios e sacudo a cabeça.
— Quanto antes se submeta para mim melhor, assim acabamos com tudo isto —murmuro.
— Acabamos com o que?
— Com seus desafios. — Passo uma mão pelo seu queixo e a beijo rapidamente nos lábios. As portas do elevador se abrem. Pego-a pela mão e a levo para a garagem no subsolo.

***************

Aperto o controle e as portas do meu Audi R8 Spyder se abrem.
— Bonito carro, — ela murmura secamente.
Eu levanto o olhar e sorrio.
— Eu sei, — respondo entusiasmado. —Os meninos e seus brinquedos, Srta Sorriso Perfeito. Ela revira os olhos e me oferece um sorriso generoso.
Abro-lhe a porta e ela entra. Dou a volta no carro e tomo o assento do motorista.
— Então, que tipo de carro é esse? — parece estar realmente interessada.
— Um Audi R8 Spyder. Como faz um dia lindo, podemos baixar a capota. Há um boné de beisebol aí. Na verdade, deve haver dois. Aponto para uma caixa. — E óculos de sol se você quiser.
Dou partida na ignição e o motor ruge à nossas costas. Deixo a bolsa entre os dois assentos, aperto o botão e a capota retrocede lentamente. Aperto outro, e a voz do Bruce Springsteen nos envolve.
— Vai ter que gostar do Bruce. — Sorrio, tiro o carro do estacionamento e subo a rampa onde nos detemos, esperando que a porta levante.
Saímos para a ensolarada manhã de maio em Seattle. Ela abre a caixa e pega os bonés de beisebol da equipe dos Mariners, minha equipe preferida. Passa-me um, põe o outro passando o rabo de cavalo pela parte de trás do boné e puxa a viseira para baixo.
Pessoas nos olham quando nos dirigimos pelas ruas. Devem estar olhando para ela, tão linda aqui ao meu lado. Eu me sinto feliz no meu carro último modelo, com a mulher mais linda do planeta ao meu lado, com a brisa da manhã nos envolvendo e Bruce Springsteen nos encantando sua linda voz. Estou leve, livre, solto e feliz como não me sentia há muito tempo.
Há pouco tráfego, assim não demoramos para chegar a interestadual 5 em direção ao sul, com o vento soprando por cima de nossas cabeças. Bruce canta que arde de desejo. Muito oportuno. Eu olho para ela. —Sim, esta música é um recado para você Srta Desperta Desejo Ardente. Com meus óculos Ray-Ban, não deixo que ela veja minha expressão de desejo. Franzo os lábios, apoio uma mão em seu joelho e aperto suavemente.
— Está com fome? — pergunto. —Porque eu te comeria inteirinha agora, dentro deste carro!
— Não especialmente.
Meus lábios voltam a apertar-se em uma linha firme. De novo sua relutância em comer.
— Você tem que comer, Anastasia, - repreendo-a. — Conheço um lugar fantástico perto de Olympia. Pararemos ali. — Aperto seu joelho de novo e volto a pegar no volante pisando no acelerador. Ela se ajeita contra o respaldo do assento.
Pensei num dia especial para nós. Levo-a a um restaurante que gosto muito. É pequeno e íntimo, um chalé de madeira no meio de um bosque. A decoração é rústica: cadeiras diferentes, mesas com toalhas em xadrez e flores silvestres em pequenos vasos. Cuisine Sauvage, alardeia um pôster por cima da porta.
— Fazia tempo que não vinha aqui. Não se pode escolher... Preparam o que caçaram ou recolheram. — Ela levanta as sobrancelhas fingindo horrorizar-se e não posso evitar de rir. A garçonete nos pergunta o que vamos beber.
— Dois copos do Pinot Grigio, — digo. —Ela aperta os lábios, aborrecida. — O que aconteceu? — pergunto-lhe rapidamente.
— Eu queria uma Coca-cola light, — sussurra.
Sempre me surpreendendo. Sacudo a cabeça, pois o vinho daqui é realmente bom e gostaria de oferecer-lhe o melhor.
— O Pinot Grigio daqui é um vinho decente. Irá bem com a comida, tragam o que nos trouxerem — digo em tom paciente.
— Tragam o que trouxerem?
— Sim.
Esboço um sorriso inclinando a cabeça e ela retribui da mesma forma.
— Minha mãe gostou de você — digo de repente.
— Sério? — Ela ruboriza, mas demonstra felicidade.
— Oh, sim. Sempre pensou que eu fosse gay.
Ela abre a boca ao se lembrar da pergunta que me fez na entrevista.
— Por que ela pensava que você era gay? — pergunta-me em voz baixa.
— Porque nunca me viu com uma garota.
— Oh... com nenhuma das quinze?
Eu sorrio diante desta pergunta.
— Tem boa memória. Não, com nenhuma das quinze.
— Oh.
— Olhe, Anastasia, para mim também foi um fim de semana de novidades, — digo em voz baixa.
— Foi?
—Nunca tinha dormido com ninguém, nunca tinha tido relações sexuais em minha cama, nunca tinha levado uma garota no Charlie Tango e nunca tinha apresentado uma mulher para minha mãe. O que você está fazendo comigo? — Eu a olho com a intensidade de meus sentimentos neste momento.
A garçonete chega com nossos copos de vinho, e imediatamente ela dá um pequeno gole.
— Eu gostei muito deste fim de semana, — diz em voz baixa. Eu aperto os olhos para ela novamente, porque faz o gesto que me provoca e acende.
— Pare de morder o lábio — digo. — Eu também, gostei muito! — acrescento olhando com desejo e perversão.
— O que é sexo baunilha? — pergunta-me. Eu acho graça nesta curiosidade e acabo gargalhando.
— Sexo convencional, Anastasia. Sem brinquedos, nem acessórios. — encolho os ombros. — Você sabe... bom, a verdade é que não sabe, mas isso é o que significa. É um termo comum para nós que apreciamos, bem... apreciamos um sexo diferente do habitual, do comum... —Mas você pode ser meu picolé de baunilha, Srta Chupa Gostoso!
— Oh. — Ela fica digerindo esta informação. A garçonete nos traz sopa, que ambos olhamos com certo receio.
— Sopa de urtigas — informa-nos a garçonete, dando meia volta e retornando à cozinha. Provamos a sopa, que está deliciosa e nos olhamos, aliviados. Ela dá uma risada alta e descontraída, eu inclino a cabeça em admiração.
— Que som adorável — murmuro.
— Por que você nunca fez sexo baunilha antes? Você sempre fez... err, o que faz? — pergunta-me intrigada.
Eu concordo lentamente, muitas lembranças invadindo minha mente.
— Mais ou menos. — Respondo com cautela. Por um momento franzo o cenho lidando com minha batalha interna, com minhas lembranças nem tanto agradáveis. Terei que ser sincero com ela. Terei que contar sobre Elena. Levanto os olhos e tomo a decisão. Tem que ser agora!
— Uma amiga de minha mãe me seduziu quando eu tinha quinze anos.
— Oh. Meu Deus, tão jovem!
— Seus gostos eram muito especiais. Fui seu submisso durante seis anos. — Encolho os ombros, meio envergonhado por contar isso.
— Oh. — ela me encara perplexa.
— Então, eu sei o que isso implica, Anastasia. A verdade é que não tive uma introdução ao sexo muito coerente.
Ela fica me observando enquanto falo e sua curiosidade entra em ação.
— E alguma vez saiu com alguém na faculdade?
— Não. — respondo, negando com a cabeça, para enfatizar a resposta.
A garçonete chega para retirar nossos pratos e nos interrompe por um momento.
— Por que não? — pergunta-me, quando ela se vai.
Eu sorrio com ironia.
— Você, realmente, quer saber?
— Sim.
— Porque não quis. Ela era tudo o que queria ou necessitava. Além disso, ela iria me castigar. — Sorrio com carinho ao recordar destes momentos tão especiais.
Era muita informação... mas ela queria mais.
— Então, ela era uma amiga de sua mãe, quantos anos ela tinha?
Ela está realmente curiosa. Acho graça nos detalhes que ela quer saber e sorrio para ela.
— Tinha idade suficiente para saber o que fazia.
— Você ainda a vê?
— Sim.
— Ainda... bem...? — Ruboriza e não consegue concluir a pergunta, mas eu entendo onde quer chegar.
— Não. — Sacudo a cabeça com um sorriso indulgente. — Ela é uma boa amiga.
E é mesmo. Minha melhor amiga. Tenho duas loiras que salvaram minha vida. Dra Grace na infância e Elena na adolescência. Não fossem as duas, em momentos diferentes, talvez não estivesse aqui neste momento. Não vou contar a ela sobre meu último encontro com Elena, pois causaria muitos problemas. Não fui eu que causei aquela situação, na verdade foi meu medo e insegurança que me fizeram agir daquela maneira desesperada. Ainda devo um bom pedido de desculpas à Elena. Ela tentou me ajudar novamente, da maneira que sabe fazer melhor e eu a tratei de um jeito infame, que ela não merecia.
Meus pensamentos são interrompidos por Anastasia.
—Oh. Sua mãe sabe?
Eu a olho surpreso. O tamanho de sua inocência às vezes me surpreende e até... incomoda.
— Claro que não! Nunca contaria isso a ela!
A garçonete retorna com carne de veado. Percebo que ela está incomodada diante de tanta revelação. Deve estar processando a informação de que um dia fui submisso. Pois é, mas eu fui e gostava muito. Elena foi uma mentora excepcional. Devo tudo o que sei a ela.
Anastasia dá um comprido gole no Pinot Grigio e continua pensativa...
— Mas não pode ter sido em tempo integral, foi? — Está confusa.
— Bem, era, apesar de não vê-la o tempo todo. Era... difícil. Afinal, eu ainda estava na escola e mais tarde, na faculdade. Coma, Anastasia. —Percebo que ela não está tocando na comida.
— Não tenho fome, Christian, de verdade. Eu estou me recuperando da revelação.
— Coma, — digo-lhe em tom tranquilo, muito tranquilo.
Ela olha para mim e seu olhar endurece.
— Espere um momento, — ela murmura. Ela pisca um par de vezes.
— Ok, — respondo e sigo comendo.
—Assim será a coisa se assinar. Terei que cumprir suas ordens? —Franze o cenho e me olha de boca aberta. Pega o garfo e a faca, e começa a cortar o veado que está realmente delicioso.
— Assim será a nossa... nossa relação? — sussurra. — Estará me dando ordens a todo momento? — pergunta-me em um sussurro, sem me olhar.
— Sim - murmuro.
— Já vejo como será...
— E o que mais que eu queira que faça — acrescento em voz baixa.
Ela corta mais um pedaço de veado e aproxima dos lábios.
— É um grande passo — ela murmura e come.
— Sim, é. Fecho os olhos por um segundo. Quando os abro, a encaro seriamente sabendo do grande passo e da mudança de vida que isto significa.
— Anastasia, tem que seguir seu instinto. Pesquise um pouco, leia o contrato... Não tenho problema em comentar qualquer detalhe. Estarei em Portland até na sexta-feira, se por acaso quiser que falemos sobre isso antes do fim de semana. Ligue-me ... talvez, pudéssemos jantar... digamos na quarta-feira? Na verdade, quero que isto funcione. Nunca quis tanto. — Transmito a ela minha ardente sinceridade e desejo no olhar.
— O que aconteceu com as outras quinze? - pergunta-me, de repente.
Eu suspendo as sobrancelhas surpreso e movo a cabeça com expressão resignada. Tão difícil esta resposta.
— Coisas distintas, mas ao fim e ao cabo se reduz a... — detenho-me tentando encontrar palavra adequada.— Incompatibilidade. — E encolho os ombros.
— E acredita que eu poderia ser compatível contigo?
— Sim.
— Então, já não vê nenhuma das ex?
— Não, Anastasia. Eu não. Sou monógamo em meus relacionamentos.
Ela se mostra surpresa. O que ela realmente pensa sobre mim?
— Entendo...
— Pesquise um pouco, Anastasia.
Ela abaixa o garfo e a faca e para de comer.
— Só isso? Isso é tudo o que vai comer?
Ela concorda. Não gosto disso, mas decido não dizer nada e percebo que ela suspira aliviada. Ela me observa devorando tudo o que tem no prato. Eu como muito por causa dos exercícios que pratico para manter a boa forma. Ela se movimenta desconfortavelmente e eu a noto toda ruborizada.
— Eu daria tudo para saber o que está pensando neste exato momento.
Ela ruboriza ainda mais e eu imagino que esteja pensando no que fizemos por horas em minha cama. Sorrio perversamente e a provoco.
— Eu posso imaginar.
— Alegro-me de que não possa ler meus pensamentos.
— Seus pensamentos não, Anastasia, mas seu corpo... conheço bastante bem desde ontem. — Falo com voz sugestiva e sentindo a excitação que começa a despertar. Lembro dos peitinhos duros que ela tem e que ficam tão arrepiados quando sugo seus mamilos. Nossa, um calor se apodera das minhas entranhas.
Chamo a garçonete e peço a conta antes que todos percebam que estou morrendo de tesão. Depois de pagar, levanto e lhe estendo a mão.
— Vamos. — Agarro-a pela mão e voltamos para carro.
É muito gostoso e confortável segurar em sua mão num momento tão terno e simples como este. Tenho a sensação de estar vivendo como qualquer homem normal que simplesmente pega sua garota e passeia por aí, sem traumas, sem questionamentos, apenas curtindo a vida e a juventude.
Fazemos a viagem de Olympia para Vancouver em silêncio, cada um afundado em seus pensamentos. Quando estaciono em frente à porta de sua casa, são cinco horas da tarde. As luzes estão acesas, desligo o motor, então me dou conta que tenho que me separar dela.
— Quer entrar? — ela me pergunta com voz terna.
— Não. Tenho trabalho para fazer — digo simplesmente, tão triste por vê-la partir.
Ela olha para baixo, para as mãos e entrelaça os dedos. Aproximo-me, pego uma de suas mãos, lentamente a levo à boca e beijo suavemente a palma, bem à moda antiga.
— Obrigado por este fim de semana, Anastasia. Foi... estupendo. Quarta-feira? Passarei para lhe pegar no trabalho ou onde você quiser. — digo suavemente.
— Quarta-feira, — sussurra.
Eu beijo sua mão de novo e a coloco de volta em seu colo. Saio do carro, aproximo-me da porta e abro. Vejo-me extremamente desolado, não queria deixá-la longe de mim por nenhum segundo, mas não tenho outra opção no momento. Ela sai do carro com um leve sorriso no rosto e se dirige para a porta. No meio do caminho, gira, olha para mim e abre um amplo sorriso.
— Oh... a propósito, vesti uma de suas cuecas. — e puxa o elástico para que eu veja o cós. — Como assim, colocar uma cueca minha? Fico surpreso e boquiaberto enquanto ela desaparece para dentro da casa.
Mais uma das suas surpresas deliciosas e ousadas. Corro até a porta pensando em chamá-la de volta e tascar-lhe um beijo à queima roupa a fim de surpreendê-la também, mas me detenho. Caminho um pouco em frente à calçada para lá e para cá, tentando arrumar um argumento para não me separar dela, mas decido ir embora. Ela precisa de um tempo para pensar.
Entro no carro e dirijo de volta ao hotel, sentindo a brisa nos meus cabelos e um fogo no meio das pernas. Fogo não, um incêndio. — Ah Srta Espalha Brasa, vai ter troco!
Chego ao Hotel e sou cumprimentado pelo manobrista:
—Sr, Grey.
Aceno com a cabeça e entrego as chaves para ele. Subo imediatamente para meu quarto para adiantar alguns documentos importantes da semana. Enquanto o elevador sobe, algo também sobe entre minhas pernas e eu fico sorrindo como um adolescente idiota, imaginando a mulher mais cheirosa, mais gostosa, mais atrevida do universo vestida apenas com... minha cueca.
Assim que chego a minha suíte, Taylor aparece, já chegou também.
—Sr Grey, seus pertences já estão instalados na suíte.
—Obrigado Taylor. Vou tomar um banho agora e depois nos reunimos para as coordenadas da semana.
—Como quiser, Senhor. —Ele se retira e eu vou imediatamente para o banheiro. Preciso me refrescar, acalmar a ideias, botar ordem neste misterioso oceano de emoções em que estou me afogando.
A ducha é maravilhosa e regulo para que saia muita água, numa temperatura morna, agradável. Ligo meu iPod e começa a tocar “Jump Into My Fire” cantada por Etta James. Eu relaxo enquanto a água cai pelos meus cabelos, meus ombros, mas a imagem dela mostrando o cós da cueca não sai da minha cabeça.
Fecho os olhos sentindo a massagem da água quente e fico imaginando-a fazendo um Streep Tease para mim ao som desta música. Primeiro, ela dança pelo banheiro como dançou esta manhã, com minha camisa branca. Depois entra comigo no chuveiro, lambe meu rosto de cima a baixo e me dá um beijo de tirar o fôlego. Sinto sua língua macia rodopiando por meus lábios bem devagar e quando quero possuir sua boca, ela se afasta e morde os lábios. Observa-me com seus olhos de safira brilhantes enquanto a água escorre por seus cabelos soltos. E a música diz: “Ela tem olhos que queimam, direto para a minha alma, toque sobrenatural, que faz meu sangue ferver.”
Continuo nesta viagem de pensamentos. Agora vejo a camisa branca molhada que cola em seu corpo e os seios durinhos ficam empinados, apontados para mim, como se pedissem para eu chupá-los. —Ah, chupo sim, chupo, lambo, mordo, tudo para satisfazer Srta Corpo Perfeito.
Etta James continua com sua voz maravilhosa: “Forno, porta aberta, falhas, trovão. Minha febre sobe, relâmpagos. Ela vem à noite. Ela se foi, em uma nuvem de fumaça.” Então minha imaginação faz com que ela vire de costas e tire a camisa molhada. Uma autêntica escultura renascentista intitulada “A Bunda Maravilhosa de Anastasia Steele” aparece para mim, exposta somente nos porões da minha imaginação, muito bem guardada e protegida. Sim lá está ela, bem feita, durinha, sustentadas por um par de pernas excepcionais, bem tornadas e adornadas por uma... cueca box. A transparência da cueca branca molhada mostra perfeitamente a pele macia que se abriga debaixo dela, num bailado sensual e contagiante.
Estou maluquinho de tesão e a água não colabora para baixar minha temperatura, meu pau se alonga em sua magistral curvatura louco para foder a bunda que dança para mim, protegida por minha cueca! Aproximo-me neste devaneio e agarro seus cabelos pelas costas. Ela se segura na bancada da pia e empina a bunda para trás assim que retiro a cueca que lhe protege. Encosto meu pau ao lado de sua cintura enquanto faço um desenho que desce por toda a sua coluna. Vejo o caminho arrepiado que se mostra por conta dos meus dedos. Acaricio toda a parte macia da sua bunda escultural e, sem pensar, começo minha sessão de tapas ritmados. Um, dois, três... Ela se retorce e eu vejo que sua pele vai ficando rosada enquanto eu gemo de satisfação.
Então, Etta James repete com sua voz sexy: “I said jump into my fire” (eu digo, pule em meu fogo), não resisto e imaginando suas mãos em meu pau, faço o que tenho que fazer e encontro um alívio quente e brutal. Gozo deliciosamente enquanto a água lava o líquido grosso e espesso que sai das minhas entranhas e acalma os batimentos cardíacos.
Sento no chão do banheiro, tentando entender este comportamento adolescente e fora de controle que passei a ter desde que a conheci. Isto me apavora. O que realmente me encanta nela? Não sei se é a beleza, a inteligência, o sexo espetacular, a rebeldia...
A música para. O silêncio e a penumbra da incerteza invadem meu coração.
—Ah, o que você está fazendo comigo, Anastasia Steele?

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