5 de mai. de 2013

Capítulo 5- O que será que os elevadores têm?






—Vamos, Baby... vou cuidar de você!
Eu a carrego rapidamente para longe do bar. Taylor me acompanha, abre a porta do carro e pergunta:
—Tudo bem Sr.? O que aconteceu?
—Taylor, ela bebeu demais, vomitou e desmaiou. Estou preocupado, será que deveríamos levá-la para um hospital?
Taylor se aproxima, toma o pulso de Anastasia e fica olhando para o relógio, acompanhando a pulsação dela. Depois puxa um pouco suas pálpebras e a examina com cuidado. Ele sabe bem lições de primeiros socorros já que teve um excelente treinamento militar.
—Ela está bem Sr. Grey. Os batimentos cardíacos estão perfeitos, está somente dormindo. Não há necessidade de um médico hoje, mas amanhã... a ressaca poderá derrubá-la.
—Ah, garota maluca...
—Para ter apagado deste jeito, ou ela bebeu muito ou não tem o hábito de beber frequentemente.
—Provavelmente são as duas opções, Taylor. Vamos, vou levá-la para o Heathman e cuidar para que este porre passe logo, ou que pelo menos ela descanse e acorde melhor.
Acomodo-a no banco traseiro do carro e sento na frente com Taylor. Chegando ao hotel ele me diz:
—Aguarde um momento, Sr. Grey. Vou achar a melhor forma de não tornarmos isto um prato cheio para a imprensa.
—Tem razão, também não quero expô-la a nenhum constrangimento.
Em poucos minutos Taylor retorna com o gerente do hotel que, muito solícito, me indica uma entrada privativa, longe dos demais hóspedes.
—Esta é uma área reservada Sr. Grey, pode vir por aqui. O acesso é direto à sua suíte e ninguém o importunará. Deseja mais alguma coisa? —E se aproxima tentando me ajudar a levantá-la nos braços. Olho para ele e o fulmino com o olhar. —Ah, vai sonhando em por as mãos nela, vai... Mas Taylor interrompe rapidamente:
—Obrigado John, sua indicação foi de muita valia. Cuidaremos da senhorita e não se preocupe com mais nada. Ele apenas acena com a cabeça e desaparece imediatamente.
Carrego Anastasia em meus braços sem dificuldades. Seu corpo perfeito é muito leve, nada difícil para mim. Assim que adentramos a suíte eu a coloco na cama e digo a Taylor que mantém sua distância discreta:
—Providencie calçado e roupas novas, porque as dela estão imprestáveis. E claro Taylor, de qualidade decente porque estas aqui não sei onde adquire. Não combinam em nada com ela.
—Está bem! Se precisar de mais alguma coisa, Senhor, é só chamar.
Taylor se retira e eu olho para ela deitada ali, na nobre cama do Heathman. Seu corpo destaca-se na penumbra: tão lânguida, tão inocente, tão vulnerável, tão... submissa. Ajoelho-me ao lado da cama e afasto os cabelos que estão revoltos. Lentamente acaricio o contorno do seu rosto, os olhos, os lábios que eu quero tanto beijar. Ela dorme profundamente e não responde ao meu toque, está entregue, devastada e... com cheiro de vômito. Tenho que tomar uma atitude, não posso deixa-la dormir assim. Suas roupas estão péssimas, sujas. Terei que despi-la. —PorraControle-se, Grey!
Venho imaginando-a nua desde a primeira vez que a vi, mas não desta forma. Eu a quero acordada, vibrando de tesão. Caminho pelo quarto, relutante. Despi-la sem seu consentimento pode ser uma arma contra mim. Afinal, como ela vai reagir a isso? Não a beijei, mas a despi? O que fazer numa situação dessas?
O telefone vibra. É uma mensagem de Elliot.
Você salvou ou raptou a mocinha, irmãozinho? Onde vocês estão? Já procuramos em todos os lugares e ela não atende ao telefone. José disse que Ana estava passando mal quando você a encontrou e depois... evaporaram!”
Caramba, tinha me esquecido de avisar. —Claro, o José filho da puta e sua versão dos fatos. Digito a resposta rapidamente:
“Eu a salvei de vômitos e babacas. Está dormindo no hotel, sob minha proteção.”
Não vou entrar em detalhes, quero deixar o idiota do José curioso e preocupado, porque é óbvio que está ao lado de Elliot arrependido, tentando consertar a situação.Foda-se! Morra de inveja, maldito!
Elliot responde, claro que cheio de ironia:
“Cuide bem da Srta. Steele enquanto eu cuido da Srta. Kavanagh. Durma com os anjos DOUTOR Grey.”
Não perco a oportunidade e respondo:
“Vá à merda, DOUTOR Elliot.”
Desligo o telefone. Sempre assim, meu irmão adora me provocar em tudo, além de achar que sou gay, já que mantenho em segredo minha vida sexual, significativamente diferente da normalidade. Coloco o BlackBerry na mesa e me volto para a cama onde ela repousa tranquilamente. Sim, decisão tomada! —Vamos lá, Doutor Grey! Ative o modo coragem e parta para o ataque!
Chego perto da cama decidido a começar a livrá-la destas roupas, mas meu coração acelera e deflagra um batimento retumbante. Quero loucamente fazer isso e ao mesmo tempo tenho receio. —Vamos, Grey! Que demora! Começo pelos pés. Tiro seu tênis All Star que, sem dúvida, é a peça mais comprometida e em seguida as meias. Invisto na calça jeans e, por um instante, paro de respirar: lá estão as pernas que tanto desejei ver, totalmente expostas para mim. Ela usa uma calcinha de malha branca. Apesar de pequena não é sexy, mas aparenta ser bastante confortável. Bom indício, ela não deve ter saído para uma conquista, senão provavelmente deveria usar algo mais provocativo, eu acho... Posso vislumbrar o pequeno amontoado de pelos que se destaca sob a calcinha e entendo que ela não é adepta de depilação total. Ah, meu Deus. Levanto-me horrorizado olhando para minha ereção. —Ah, você está vivo e latejante, Grey! Não sei onde isto pode parar, como vou fazer para me controlar. Caminho pelo quarto coçando a cabeça, mas meus olhos estão grudados nela. Na minha cama, só de camiseta e calcinha. Já vi tantas mulheres assim, mas nunca numa situação desta, nunca causando este impacto em minhas emoções.
Vou até o banheiro e dou uma bela lavada no rosto. Preciso controlar este fogo que arde em mim. Apanho uma toalha de rosto macia e recolho água quente na jarra do quarto, pingo algumas gotas de sabonete líquido. Sem rodeios, mas com muita delicadeza para não acordá-la pego a água morna e embebo a toalha. Passo pelo seu rosto, seu pescoço, as mãos, depois os pés. Sim, ela gostaria de dormir limpinha, sem vestígios de vômito, sem mãos de... José! Logo ela que é tão cheirosa.
—Sim baby, um banho improvisado. Retiro o pouco de maquiagem que ela usa. Perfeito. Agora ela está totalmente pronta para dormir. Decido não tirar sua camiseta, não está suja e, sinceramente, tenho medo do que possa acontecer caso eu veja o que se esconde sob seu sutiã. Ela também pode achar que foi muita invasão de privacidade.
É inacreditável que esteja ali ressonando tranquilamente. Eu fico parado olhando para ela. Não há como não contemplá-la sob o grande sol da cabeceira da cama do Heathman. Sua presença compôs uma pintura perfeita, seu lindo rosto adornado de tons dourados e bege que fazem parte da decoração do sol, mas quem brilha mesmo é ela. É humanamente impossível não guardar esta visão na retina para a eternidade. Ela é linda! Uma pintura, uma obra de arte. E está ali, deitada, submissa ao meu olhar. Ao mesmo tempo é um mistério que eu quero e preciso desvendar.
Olho para o relógio, já é madrugada. Preciso me deitar, mas onde? Ao lado dela?—Agora já é demais, Grey! Você não dorme com ninguém! Sinceramente, se não fosse tão tarde eu ligaria para Jhon Flynn, e, além disso, ele está em férias. Devo estar em surto psicótico, porque nunca pensei numa situação destas nem com as mulheres que já fodi loucamente. Não entendo o porquê de ter estes pensamentos estranhos com ela.
Fico buscando alternativas, mas olho de novo para ela e, paro de pensar, simplesmente me deito. Seu calor e seu cheiro me reconfortam. É algo único, visceral. Enterro minhas narinas em seu cabelo e fico ali, inebriado, curtindo este momento ímpar. Pareço um garoto bobo em um parque de diversões, pela primeira vez. Fico apoiado nos cotovelos e passo um longo e delicioso período observando-a, decorando cada centímetro do seu rosto, vigiando seu sono.
De repente ela vira para o outro lado, resmunga alguma coisa e continua dormindo. Eu sinto sua bunda colada em mim. Entre ela e meu pau somente o tecido da calcinha e da cueca separam o louco desejo que, rapidamente, se transforma num aglomerado de músculos duros, louco para fodê-la. Nossa isso é doloroso, mas é também inspirador. Respiro fundo, me separo um pouco dela, e continuo inalando o doce perfume dos seus cabelos. Vou me acalmando e adormeço gloriosamente, deliciosamente, como há muito não acontecia.
Já é manhã ensolarada e eu desperto. Assim que minha retina se adapta ao clarão do dia, recupero a memória da noite anterior. Não acredito, mas ela ainda está ali, repousando confortavelmente ao meu lado. Sinto a forte ereção que se apodera novamente deste meu pau desesperado em busca da umidade dela. Levanto rapidamente para resolver esta situação: vou malhar.
Saio do quarto, mas antes providencio um suco de laranja reforçado e dois comprimidos de Advil. Ela vai precisar, assim que acordar. Antes de sair contemplo novamente esta cena que jamais esquecerei; Anastasia deitada e adornada pelo sol da cabeceira da cama. Ela é uma luz que brilha para mim. Foi uma das melhores noites da minha vida: ela, eu e sensações que ainda não consigo decifrar, mas que me fazem bem, porque fazem reviver.
Malho muito, preciso canalizar a energia depositada no meu pau para outros órgãos do meu corpo, antes que afete ainda mais o meu cérebro. Volto suado para o quarto, acho que ela já deve ter acordado.
Bato na porta, depois de acalmar meu coração. —Coragem, Grey, hora do show!Entro fingindo não admirá-la tanto e disparo com a voz mais calma que consigo encontrar:
— Bom dia, Anastásia. Como se sente?
— Melhor do que mereço — ela murmura.
Deposito numa poltrona a sacola com as roupas que Taylor providenciou enquanto seguro a toalha que está no meu ombro e que uso para os exercícios. Ela me ajuda a conter os movimentos e esconder o que penso e sinto neste momento.
— Como cheguei até aqui? — ela me pergunta em voz baixa e levemente constrangida enquanto senta-se na cama
— Depois que você desmaiou não quis pôr em perigo o tapete de pele de meu carro. Então, em vez de ir para sua casa, te trouxe até aqui. — Respondo fingindo estar calmo e já me preparando para as argumentações da Srta Steele.
— Você me colocou na cama?
— Sim. — Ops, luz amarela acesa, o que virá por aí? Calma, Grey.
— Voltei a vomitar? — Ela está realmente constrangida com a situação.
— Não.
 Foi você quem tirou a minha roupa? — De repente está ficando difícil respirar... Mas eu a encaro e levanto uma sobrancelha.
— Sim. — Ela cora mais do que nunca.
— Não fizemos...? — Ela olha para as mãos. Está tão encabulada que mal consegue terminar a frase.
— Anastasia, você estava quase em coma. Necrofilia não é a minha área. Eu gosto que minhas mulheres estejam conscientes e sejam receptivas. — respondo rapidamente, antes que perdesse a coragem. Acho que estas palavras a tranquilizarão.
— Sinto muito por tudo isso, Sr. Grey.
Ela está maravilhosa a esta hora da manhã, toda desgrenhada, tentando se mostrar forte para mim. Está deliciosa e eu não contenho um sorriso de alegria ao olhar para ela.
— Foi uma noite muito divertida. Jamais esquecerei.
Mas, como eu esperava, ela dispara:
— Não tinha por que seguir meu rastro, com algum equipamento pertencente ao James Bond, que está desenvolvendo em sua companhia. — Diz isso bruscamente e demonstrando irritação. Eu fico surpreso com a reação e um pouco irritado, mas já parto para a defensiva:
— Em primeiro lugar, a tecnologia para localizar celulares está disponível na internet. Em segundo lugar, minha empresa não investe em nenhum aparelho de vigilância, nem os fabrica. E em terceiro lugar, se não tivesse ido te buscar, certamente você teria despertado na cama do fotógrafo e, se não estou esquecido, você não estava muito entusiasmada com os métodos dele de te cortejar. — Agora estou realmente em modo operacional raivoso, mas busco conter as palavras para não provocar sérias discussões. Eu a encaro e, para minha surpresa, ela está mordendo os lábios e rindo.
— De que texto medieval você tirou isso? Parece um cavaleiro andante.— Ah, Srta Steele, sempre com uma surpresa para mim! Acabo achando graça nesta colocação e me divirto sorrindo para ela.
— Não acho, Anastasia. Um cavaleiro negro, possivelmente. Jantou ontem?
Ela nega com a cabeça, como se eu não soubesse a resposta. Mas logo a advirto:
— Tem que comer. Por isso você passou mal. De verdade, é a primeira norma quando se bebe. Passo a mão pelo cabelo, estou irritado lembrando da forma como ela agiu ontem e de tudo o que aconteceu até eu trazê-la para cá. Se expôs a um perigo que não consigo aceitar.
— Vai seguir brigando? Ela me olha com seus estonteantes olhos azuis.
— Estou brigando?
— Acredito que sim.
— Tem sorte que só estou falando.
— O que quer dizer?
— Bom, se fosse minha, depois do que fez ontem, não se sentaria durante uma semana. Não jantou, embebedou-se e se pôs em perigo.
Fecho os olhos. Por uma fração de segundo vários pensamentos aterrorizantes passam pela minha cabeça. Ela não tem noção da necessidade que tenho de protegê-la e muito menos dos monstros que habitam em mim. Abro os olhos e a encaro fixamente.
— Não quero nem pensar no que poderia ter acontecido com sua segurança.
Ela me encara com uma expressão séria, percebo que busca respostas para o que digo, pois não deve estar entendendo nada do que se passa neste meu mundo confuso e sombrio. Pelo seu rubor fica nítida esta impressão.
— Não teria me acontecido nada. Estava com Kate.
— E o fotógrafo? — Disparo com muita raiva.
— José, bem e- ele, simplesmente passou da conta. —Gaguejou, não é Srta Steele? Ela não está indiferente às atitudes daquele idiota.
— Bem, na próxima vez que ele passar da conta, alguém deveria lhe ensinar algumas maneiras de como agir com respeito e educação.
— Você é muito explosivo e maníaco por controle. — ela fala com muita severidade.
— Oh, Anastasia, não sabe o quanto sou controlador. Fecho um pouco os olhos e disparo o sorriso mais perverso que consigo produzir. Sim, quero desarmá-la, preciso exercer algum domínio sobre ela.
— Vou tomar banho. Se você quiser tomar banho comigo... Inclino a cabeça para ela ainda sorrindo. —Sim, estou te convidando para tomar banho comigo, Anastasia!
Delicio-me com o olhar que ela remete. Ponto! Ela está tentada, ou pelo menos está alterada, estou em modo sedução total e parece que ela começa a entrar no jogo. Amplio meu sorriso, pois sei que esta é uma arma que sempre conta a meu favor e vou me aproximando. Passo meu polegar pelo rosto e pelo lábio inferior dela, como fiz na noite anterior, ela treme. Fica estática me olhando, não sei se com medo ou com desejo.
— Respire, Anastasia, respire!— sussurro e me dirijo para o banheiro antes que ela perceba que há algo crescido e pulsante em meio ás minhas pernas. —Em quinze minutos trarão o café da manhã. Deve estar morta de fome.
Entro no banheiro e fecho a porta rapidamente. Nossa, nunca sofri tanto de tesão reprimido quanto sofro com ela. Ah, mas vou resolver esta situação assim que puder, quem sabe com muitas palmadas, algumas algemas, nossa minha imaginação flui rapidamente e eu a vejo em cenas que despertam ainda mais o meu corpo. Ligo a ducha fria. Sim, eu poderia resolver isto rapidamente e jorrar deliciosamente sob a água, mas não quero. Vou controlar este desejo mais um pouco, pois é nela que vou despejar tudo isso, com loucura, com força voraz!
Saio do banheiro ainda molhado e com a barba por fazer. Enrolo apenas uma toalha ao redor da cintura. Vou aproveitar este meu corpo trabalhado em tanta malhação para tentar exercer algum fascínio sobre ela. Neste momento estou usando todas as armas que tenho ao meu alcance, mas que vou acertar o alvo, ah isto eu vou.
Ela está em pé, só de calcinha e camiseta. —Porra, eu te comeria loucamente agora Srta Steele! Percebo que se incomoda com minha presença e fica tímida diante da situação. Tentando parecer total segurança, vou logo dizendo:
— Se está procurando seu jeans, mandei-o à lavanderia. Estava salpicado de vômito.
— Ah...
— Mandei Taylor comprar outra troca de roupa e tênis novos. Estão nessa sacola.
Ela realmente demonstra estar desconfortável e surpresa diante desta situação.
—Bom... Vou tomar banho, obrigada.
Ela pega a sacola e parte rapidamente para o banheiro. Antes percebo que corre os olhos pelo meu corpo inteiro. Sim, eu a afetei como queria. Não me parece que ela esteja habituada com este tipo de situação. —Tão doce, tão inocente, que porra! E eu louco por ela!
Assim que ouço a água caindo, corro para a porta do banheiro. Fico tentando ouvir sei lá o que. Imagino-a nua, o sabonete, a espuma espalhada pelo seu corpo. Nossa, que atitude mais adolescente e ridícula. Neste momento fico envergonhado comigo e ao mesmo tempo assustado com a direção que toma esta situação. Com as outras eu já teria invadido banheiro adentro e resolvido esta questão sem muitas firulas. Mas há algo nela que transforma e contém minhas atitudes.
Eu visto minha camisa branca de linho e deixo o punho e os botões do peito para abotoar depois. Gosto de ficar à vontade durante o café da manhã, já que passo o dia bem vestido, em escritórios e reuniões.
Algum tempo depois o café da manhã chega. Bato na porta do banheiro para avisá-la, pois quero que se alimente logo, depois de tudo o que passou ontem.
— Chegou o café da manhã.
— Va... valeu, já estou acabando.
Ela sai do banheiro vestida com a calça jeans, a camisa azul e os tênis novos que Taylor comprou. Está linda. O azul da blusa reflete ainda mais o azul magnífico de seus olhos. Fico imaginando o sutiã e a calcinha de renda e seda azul que devem ter ficados incrivelmente sensuais nela. Seus cabelos estão molhados e revoltos.
Eu acabo de me sentar à mesa, no outro extremo da sala, e finjo estar muito interessado na leitura do jornal. Ela nem pode imaginar que fiquei o tempo todo a espreitando e imaginando como estaria seu banho...
— Merda, Kate! — Ela diz apavorada e me tira do devaneio.
— Ela sabe que está aqui e que está viva. Mandei uma mensagem para o Elliot. Ela fica pensativa e eu imagino que esteja constrangida pensando na amiga, em como explicar o que aconteceu. Ah, como se ela precisasse dar explicações para a chata da Kate. Isto me deixa impaciente.
— Sente-se. — aponto para a mesa.
Ela vem caminhando calmamente e não reluta.
— Não sabia do que você gosta, assim pedi um pouco de tudo.
— É um esbanjador. — percebo que ela está observando o requinte da mesa.
— Eu sou mesmo. — respondo sem pudor.
Ela opta por panquecas, ovos mexidos e bacon. Isso me conforta, pois gosto de vê-la se alimentando. Continuo comendo, assim ela ficará mais tranquila e se alimentará melhor.
— Chá? — me apresso em servi-la.
— Sim, por favor.
Coloco a água quente do bule sobre o saquinho do Twinings English Breakfast, já sei que este é seu preferido. Mas estou incomodado com a umidade dos seus cabelos, não quero que adoeça.
—Porque deixou os cabelos tão molhados?
— Não encontrei o secador, na verdade não o procurei.
—Tem um secador na gaveta d acomoda. É só pegar.
— Obrigada pela roupa, serviram direitinho.
— É um prazer, Anastasia. Esta cor é a sua cor. Te deixa reluzente. —E deliciosa!Ela cora e percebo que tem dificuldades em receber elogios. Sua timidez é ao mesmo tempo charmosa e desafiadora.
— Sabe? Deveria aprender a receber elogios, se não merecesse eu não os faria. — ela continua ruborizada, de cabeça baixa e mexendo nas mãos.
— Quanto custaram estas roupas? Vou pagar. — agora ela me surpreendeu mesmo. E ofendeu também. Mas segue falando sem aparentar ter consciência disso.
— Outra coisa, bem... os livros. Sei que custaram uma fortuna, que não posso aceitar, é obvio, porque não tenho como pagar. Mas a roupa... Por favor, me deixe pagar. — Sinto uma tremenda vontade de virá-la de bruços e deixar aquela bunda gostosa que encostei ontem à noite vermelha de tapas, mais tapas, e mais tapas. Ela é difícil, mas eu adoro desafios difíceis, por isso sou Christian Grey!
— Anastasia, eu posso pagar por tudo isso, acredite.
— Não se trata disso. Por que teria que comprar esta roupa?
— Porque posso!
Não perco a oportunidade e abro um sorriso malicioso. Sei que isto a desarma por alguns instantes.
— O fato de poder não quer dizer que deva fazer. —Ela responde com uma tranquilamente aparente, mas claramente forçada. Eu mantenho minha pose, sei que estou no controle e isto me fortalece.
— Por que me mandou os livros, Christian? — o tom suave que me diz isso, demonstra que está mudando de postura.
Deixo os talheres e a olho fixamente, sei que este é o momento para reparar as merdas do último encontro. Preciso derrubar este muro que se ergueu entre nós e o momento é agora.
— Bom, quando eu te segurava em meus braços para não cair, depois do nosso café da manhã, senti seu olhar me dizendo: "me beije, me beije, Christian"...— Fico incomodado com esta lembrança e me ajeito na cadeira. — Bom, eu quis muito te beijar naquele momento, mas tive controle por nós dois. Acreditei que devia uma desculpa. Mas mais que uma desculpa, preciso te dar uma advertência. — passo a mão pelo cabelo, parece que estou incendiando — Anastasia, eu não sou um homem de flores e corações. Não me interessam as histórias de amor. Meus gostos são muito peculiares. Deveria manter-se afastada de mim. — Fecho os olhos, morrendo de dor em meu peito. Sei que é o melhor a fazer, não quero machucá-la e eu sou sinônimo de encrenca. — Mas há algo que impede que eu me afaste de você. Suponho que já o tinha imaginado, ou talvez também sentido...
Ela está incrédula, boquiaberta. De repente, afasta os talheres e me encara. —Ah, não, controle-se Grey. Este vai ser o maior fora da sua vida, sobreviva! Provavelmente ela deve estar ouvindo as batidas do meu coração que atua em modo escola de samba, não consigo controlar isso.
— Não se afaste porque eu não quero me afastar. — Hã, ouvi direito? Ela realmente disse isto? Fico boquiaberto encarando-a.
— Não Anastasia, você não sabe o que diz.
— Tente então, me explique o que isso significa.
Olhamo-nos fixamente. Nenhum dos dois toca na comida. São segundos tensos, ambos travando uma batalha interna e desafiadora. Ela quebra o silêncio.
— Então, sei que, bem... sei que seu lance é com mulheres...
Adorei esta colocação e me alegro.
— Sim, Anastasia, só com mulheres. — Faço uma pausa para que ela assimile a informação e se lembre da merda que me perguntou na entrevista: “—O Sr é gay?” Sinceramente, que coragem a dela. Mas está tão ruborizada que pergunto em tom suave.
— Tem compromissos para os próximos dias?
— Hoje trabalho, a partir do meio-dia. Que horas são? — Ela está preocupada.
— Pouco mais de dez horas. Tem tempo de sobra. E amanhã? Fico encarando seu rosto lindo segurando o queixo com as mãos e os cotovelos sobre a mesa. Imagino o que a doutora Grace diria ao ver esta cena, depois de tanto ensinar modos à mesa para mim.
— Bem, Kate e eu vamos começar a empacotar nossas coisas. Mudamos para Seattle no próximo fim de semana, e eu trabalho na Clayton's ainda esta semana.
— Já têm casa em Seattle? —como se eu não soubesse...
— Sim.
— Onde?
— Não recordo o endereço. No distrito de Pike Market.
— Não é longe de minha casa, — digo sorrindo, sabendo até a cor do prédio, mas disfarço com maestria. Claro que eu levantei todos os passos dela. — E no que vai trabalhar em Seattle?
Ela está surpresa com tantas perguntas, talvez se sinta invadida, vigiada?!?
— Mandei meu currículo para vários lugares para fazer estágio. Ainda espero resposta.
— E a minha empresa, não vai aceitar minha oferta?
Ela responde como se fosse uma ofensa.
— Bom... claro que não!
— O que tem de ruim com minha empresa?
— Sua empresa ou sua "companhia"? — neste momento ela dá uma gargalhada deliciosa.
— Está rindo de mim, Srta Steele? Inclino a cabeça achando tudo muito divertido e ela se retrai e repete o gesto que me enlouquece.
— Eu gostaria de morder este lábio — Ela não aparenta ter consciência que faz isso sempre, principalmente quando está incomodada. É sua marca registrada.
— Por que não o faz? — O quê? Ela está me desafiando? Gostei!
— Porque não vou te tocar Anastasia... não até que tenha seu consentimento por escrito — Abro um ligeiro sorriso e percebo que ela tenta decifrar minha fala.
— O que isso quer dizer?
— Exatamente o que falei. —Tenho que lhe mostrar o que isso significa. A que horas sai do trabalho hoje?
— Às oito.
— Bem, poderíamos ir jantar na minha casa em Seattle, esta noite ou no sábado que vem, onde lhe explicaria tudo isso, em detalhes. Você decide.
— Por que não pode me dizer isso agora?
— Porque estou desfrutando o meu café da manhã e de sua companhia. Quando você souber, certamente não vai querer voltar a me ver.
Ela está muito incomodada e pensativa. Com certeza está levantando uma gama de possibilidades para descobrir o que tenho a lhe propor. Mas tenho que ter cautela para não afugentá-la.
— Esta noite.
— Esta noite? Levanto uma sobrancelha surpreso que tenha aceitado.
— Como Eva, quer provar quanto antes o fruto da árvore proibida. —Vou te ofertar a maçã do pecado, Anastasia. Não contenho um sorriso de alegria
— Está rindo de mim, senhor Grey? — ela me pergunta com voz sexy. Sim ela é ousada, inteligente e tem senso de humor.
Saco meu BlackBerry e teclo a discagem rápida. Taylor atende.
— Taylor, vou necessitar do Charlie Tango.
Ela fica me observando confusa.
—Sim, que horário e rota, por favor, Sr. Grey?
— De Portland até Seattle. Ah... digamos às oito e meia...
— Sem problemas, o Sr. Vai querer retornar ainda hoje para cá?
— Não, ele ficará no Escala... Toda a noite.
—Quer o piloto substituto?
— Vou pilotar de Portland para Seattle. Quero o piloto substituto amanhã a partir das dez e meia da noite. —Desligo o telefone. Vejo que ela morde os lábios ao ouvir minhas falas ao telefone e está totalmente desconcertada. Será que eu a assustei? Deixo o telefone na mesa.
— As pessoas sempre fazem o que você manda?
—Eles devem fazê-lo, se não quiserem perder seu trabalho. — Ah, é isto, está incomodada com minhas ordens para Taylor.
— E se não fizerem o que você manda?
— Bom, posso ser muito convincente, Anastasia. Deveria terminar o café da manhã. Logo a levarei para casa. Passarei para te buscar na Clayton's às oito, quando sair. Voaremos à Seattle.
— Voaremos?
— Sim. Tenho um helicóptero.
Ela engole em seco.
— Iremos a Seattle de helicóptero?
— Sim.
— Por quê?
Adoro vê-la assim tão perturbada e tão perturbadora. Não há como não sorrir perversamente. Aliás, ela tem conseguido muitos sorrisos de mim. Respondo sarcasticamente:
— Porque posso!
Ela abandona o prato de comida.
— Coma, Anastasia, não suporto jogar comida fora... Coma.
— Não posso comer tudo isto.
— Coma o que há em seu prato. Se ontem tivesse comido como deveria, não estaria aqui e eu não teria que mostrar meu jogo tão cedo. —Aparento estar zangado, mas na verdade a noite de ontem será inesquecível, foi um presente não programado. Ela começa a sorrir, será que quer me provocar?
— O que parece tão engraçado, Srta Steele?
Ela não responde, mas finaliza seu café.
— Boa garota. Vou te levar para casa assim que secar o cabelo. Não quero que fique doente. — Como vou fazer tudo o que quero com ela se estiver fraca e doente?
Já a caminho do quarto, ela para de repente e pergunta:
— Onde você dormiu? Não vejo mantas, nem lençóis pela sala...
— Em minha cama. — Pronto, agora a coisa vai ficar feia.
— Hã, dormimos juntos, nesta cama?
—Sim, para mim também foi uma novidade. Dormir com uma mulher... sem sexo.
— Sem, "sexo". — ela enfatiza a palavra mágica.
—Não, sinceramente, a novidade para mim foi o fato de dormir com uma mulher. — Ah, se ela soubesse da minha tortura mental.Pego o jornal e tento ler. Não quero aparentar minha vulnerabilidade, nem minhas angústias. Tenho que me proteger.
Ela pega o secador na cômoda e passa a se arrumar. Finjo não observá-la. Estou morrendo de vontade de retirar aquela roupa e jogá-la na cama. Estou fazendo um exercício incomum à espera do nosso encontro no meu apartamento. Meu sistema de autocontrole está cansado, devastado e em guerra com meu sistema parta para o ataque. — Calma, Grey. Apenas mais algumas horas.
Ela prende os cabelos que acaba de secar com um elástico. Enquanto isso falo com Ros ao telefone.
— Querem dois?
— Sim, penso que será mais seguro para a operação.
— Quanto vai custar?
— Calculamos trinta por cento a mais...
—Bem, e que medidas de segurança temos ali?
—Adotamos a rota que passará por Suez até Darfur, com certeza a segurança dos navios é mais garantida. Só preciso do seu aval.
— De acordo, Ros, adiante. Mantenha-me informado de como vão as coisas. Desligo o telefone, confio em Ros, ela sabe o que é melhor nesta negociação.
Anastasia está me olhando parada, com a sacola na mão a minha espera. Atraente e convidativa.
— Está pronta?
Ela confirma com a cabeça. Pego meu paletó azul marinho, as chaves do carro e nos dirigimos à porta.
— Você primeiro, senhorita Steele — deixo que ela passe a minha frente e vou admirando seu visual traseiro glorioso. Como será que a calcinha nova de renda azul ficou nesta bunda gostosa? Este pensamento desencadeia mais uma ereção, é inevitável. —Contenha-se, Grey!
Vamos em silêncio constrangedor até o elevador. Ela levanta a cabeça e me surpreende olhando-a com admiração. Esboça um sorriso tímido e encantador.
Chega o elevador, entramos e providencialmente estamos sozinhos. A excitação no meio das minhas pernas está fora de controle. O cheiro dela invade minhas narinas, sua boca está ali, tão perto... Uma corrente elétrica entre nós provoca choques em minha resistência. Estamos muito próximos e conscientes desta tensão. Minha respiração está acelerada e percebo que a dela também está. Sim, ela sente esta adrenalina, como eu sinto. Olho para seus lábios e algo mais forte que eu me domina:
— Ah, foda-se a papelada.
Atiro-me sobre ela e a empurro contra a parede do elevador. Seguro seus pulsos para o alto, não posso permitir que ela me toque, minha reação poderia assustá-la. Levanto-os acima da sua cabeça e a imobilizo contra a parede com os quadris. Com a outra mão agarro seus cabelos, puxo-os para que seus lábios sejam levantados na posição perfeita para mim. Ela não resiste. Somos só nós, nossas respirações e a boca de Anastásia Stelle à minha frente. Eu a beijo. É um beijo feroz, voraz, de necessidade e de entrega. Ela corresponde e abre os lábios para que minha língua invada sua boca e a explore. Eu pareço flutuar. Ela está com gosto fresco de creme dental. Nossas línguas se acariciam e embalam uma dança erótica. Eu aproveito para explorá-la com sede e depravação. Estou embriagado nesta fonte. Minha cabeça gira e meu pau lateja, parece que está ao ponto de uma explosão. Aperto-o contra seu ventre, quero invadi-la, gozar para ela muitas e muitas vezes. Estou sem fôlego e num lampejo de lucidez eu a solto.
— G.O.S.T.O.S.A! Digo sem fôlego. O elevador para e a porta se abre. Sou obrigado a soltá-la porque três homens vestidos de ternos entram no elevador e nos olham sorridentes. —Ah, desmancham prazeres!
Ela me olha toda envergonhada e eu mantenho minha aparente tranquilidade. Por dentro estou incendiado. Eles descem no segundo andar e esperamos chegar ao nosso, mas quero matar um curiosidade:
— Você escovou os dentes?
—Claro, usei sua escova. —O quê? É muita ousadia! Que surpresa deliciosa, ela tem atitude! Digo para ela com lábios sorridentes:
— Ai, Anastasia Steele, o que vou fazer contigo?
Chegamos ao nosso destino. Eu a pego pelas mãos, saímos do elevador e eu murmuro.
— O que será que os elevadores têm?

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