5 de mai. de 2013

Capítulo 3- Elena: dominação X submissão




— Oi , querido, tudo bem?
— Não, preciso falar com você.
—Agora? Onde você está?
—Em Portland, mas já estou voltando para casa. Te espero lá, às oito, pode ser?
—Claro! Hei, sou eu querido, Elena, te atendo quando precisar! Mas... tem algo estranho em sua voz, o que foi?
—Elena, te espero às oito.
—Sim, combinado, estarei lá.
Desligo o telefone, ainda meio zonzo. Que porra esquisita é esta que estou sentindo? Preciso falar com Elena, minha única amiga por todos estes anos. Sim, ela é a única capaz de me entender e orientar. Somente ela sabe de toda a escuridão que existe dentro de mim e tem minha total confiança.
Volto para o hotel para arrumar minhas coisas e decido voltar para Seattle. Taylor já está a minha espera e vamos embora no meu carro. A estrada parece não ter fim. Fico olhando para o telefone, quero ligar para ela, mas não consigo. Ela deve estar morrendo de raiva de mim. O que foi que você fez, Grey?
Ela queria ser beijada e eu queria ter dado aquele beijo, mas fui covarde... Tenho medo que ela seja diferente e não queira partilhar deste meu mundo sombrio e, se isto acontecer, acho que não terei forças para suportar. Ela é tão doce, tão suave, não quero machucá-la, quer dizer, só se for para dar prazer. Damos uma pequena parada para o almoço e depois vamos direto para meu apartamento.
Chegando em casa me enterro no escritório, leio e-mails, respondo alguns, despacho documentos e nem vejo a hora passar. Já é quase noite, lá fora o sol se despede tristemente do dia e parece acalentar este peso estranho do meu coração. Tomo um banho, coloco uma camiseta e calça de moletom, daqui a pouco Elena chegará e trará, como sempre, a solução para esta angústia.
Percebo que estou faminto. Decido esquentar um pouco de macarrão com queijo que Gail deixou na geladeira, abro uma garrafa de vinho e logo em seguida Elena chega.
—Olá, querido! Ela me cumprimenta junto a porta, com um abraço terno e um beijo no rosto. —Fiquei preocupada, você não me pareceu bem pela manhã, o que está acontecendo?
Retribuo seu abraço amigo e acolhedor, respondendo:
—Entre, precisamos conversar. Como sempre, preciso da sua opinião sincera. Quer jantar comigo?
—Não, My Boy. Não estou com fome, mas te acompanho numa taça deste vinho delicioso, enquanto você me conta tudo.
Sirvo Elena e termino meu jantar em silêncio. Olho para seus olhos desconfiados. Ela está como sempre: impecável. Bem maquiada, seus cabelos loiros reluzentes e escovados. Está vestindo saia lápis preta e uma blusa caramelo que lhe caem muito bem, além do sapato preto de saltos altíssimos. Seu inconfundível cheiro de mulher poderosa, graças ao Chanel 5, aroma que inalei por anos de minha vida, inundam a cozinha, a casa toda. Nosso relacionamento foi, bem digamos, foi diferente e já resolvemos acabar com tudo há uns 06 anos, com algumas esporádicas recaídas.
—Quero muito foder uma garota, mas não estou conseguindo ser muito objetivo com ela. — Não preciso de rodeios com Elena, entre nós tudo é mais fácil e já temos muita intimidade.
—E...
—Bem não estou entendendo direito o que aconteceu, hoje ela esteve em meus braços, submissa, entregando seus lábios para um beijo, eu lá de pau duro e... Não consegui beijá-la. —Elena arqueia a sobrancelha bem marcada, toma um gole do seu vinho e diz:
—My Boy, que tal começar do começo? Você está falando rápido demais, atroplendo as palavras e eu sinceramente não estou entendo nada!
Ela tem razão, estou muito excitado. Pego a garrafa de vinho e a encaminho para a sala. Nos acomodamos confortavelmente no sofá e eu, mais calmo, começo a narrar minha estranha história.
Digo que conheci a linda Anastasia Steele, que foi um deslumbre olhar em seus olhos azuis celestiais quando a acudi no chão do meu escritório, que sua inocência e timidez me fizeram vibrar, que já levantei todos os dados dela, que ela tem o perfil que eu gosto, os cabelos maravilhosos e castanhos... Conto da minha visita de aventura à Clayton, a sessão de fotos, o café da manhã e nossa despedida horrorosa. Elena me olha impassível e pergunta:
—Certo e você quer fazer o contrato com ela.
—É o que mais quero neste momento, mas...
—Ah sim, existe um mas. O que está te incomodando tanto? Não tem certeza se ela é aguenta o tranco?
— Não sei se ela pertence a este nosso mundo. Ela é uma incógnita, algo que desafia a minha compreensão. Às vezes tenho certeza que ela vai aceitar, outras vezes tenho a impressão...
—Impressão... Vamos querido, continue, você está muito indeciso.
—Impressão que ela é totalmente baunilha, quase virginal.
—Ora Grey, virginal. Onde neste planeta existirá uma virgem aos 21 anos de idade? Estudando na SWU? Nossa, você está muito alterado com esta história, nunca te vi assim. Tem algo mais que você não esteja dizendo?
— Alterado não é a palavra. Estou enfurecido, esta mulher está mexendo com os meus hormônios de um jeito que está me incomodando. Ela se fixou no meu cérebro,que merda! Bato com tanta força a taça na mesa que se quebra. Elena vem imediatamente ao meu auxilio.
—Oh, My Boy, por favor. O que foi isso? Você se feriu? Deixe-me ver.
Elena pega minha mão e a examina. Nada aconteceu, não fui atingido pelo vidro partido da taça. Ela então beija meus dedos e lambe meu indicador, me encara nos olhos e lambe meu dedo médio.
—Hum, que saudade do seu gosto, My Boy. Deixa-me cuidar de você, deixa? Se eu te levar para o quarto de jogos vou fazê-lo esquecer isso rapidinho. —Ah, isso nãoé uma boa ideia, ou é? Apesar de adorar o carinho dela, resisto.
— Não Elena, não vamos cair em tentação novamente. Já combinamos isso. Eu vou ficar bem, vou resolver esta situação em breve. Não vamos distorcer nossa amizade, esse elo bacana que existe entre nós.
—Querido, um pouco de diversão não faz mal a ninguém. Nós sabemos muito bem separar prazer e amizade. Só há uma solução: fale com ela! Abra o jogo, desde quando alguém é capaz de amedrontar você? Use teu charme, ela vai entrar na sua, sem dúvida.
—Não sei, Elena, não sei.
Ela fica de pé e parte para trás do sofá. Começa a massagear meus ombros, pescoço, minha nuca e cabelos. Ela sabe onde pode me tocar, não preciso dizer. O carinho é reconfortante, começo a me entregar e ela sussurra em meus ouvidos.
—Vamos querido, nós sabemos do que você precisa. Quanto tempo faz que você não fode com força? Desde a Leila?
Não respondo, mas ela tem razão. Já faz um tempinho que só me realizo no trabalho e disperso minhas energias na malhação. Ela me conhece muito bem, estou precisando disso.
—Vamos lá, vou deixar você totalmente relaxado.
—Não Elena, não vamos brincar com fogo. Eu chamei aqui a amiga e não a minha dominadora. Não, não quero isso, definitivamente.
—Espere aqui um pouquinho, querido. Vou ao toalete.
Ela sai, conhece este apartamento como a palma da mão, me ajudou a montar o quarto de jogos. Vou até a cozinha e pego outra taça, me sirvo de mais vinho. Estou mais relaxado, mas não menos preocupado.
Ah, Elena tem razão. Vou falar com Anastásia esta semana e resolver isso logo. Fico imaginado como ela está, o que estará fazendo neste momento. Devo ter causado nela um sentimento de rejeição e isto está acabando comigo. Não costumo me arrepender de quase nada do que faço, mas agora essa, me arrepender exatamente do que deixei de fazer. Que transtorno. De repente, uma música ecoa no apartamento. Ah, não, que merda é esta, Elena!
Esta música... de repente, ouço uma chicotada no ar e me viro. Elena está vestida com um macacão preto de couro, nas costas ele parece um corselete que deixa sua cintura fina bem marcada e a roupa se completa com um salto fino enorme. No rosto uma máscara também preta e um batom muito vermelho. Ela chicoteia novamente o ar segurando o chicote com a mão direita e vejo que ela traz algo na mão esquerda.
— Ah, não, Elena. Por favor, não quero isso... – ela responde energicamente:
— Calado! Psiu! Senhora Elena! Que ultraje é este? Venha cá, venha. Olha o que eu trouxe para você. - E chicoteia novamente, só que agora atingindo minha perna esquerda. Nossa esta esquentou minha pele, mas fez algo maior dentro de mim esquentar também. Resolvo me divertir um pouco e ver que merda vai dar isso. —
Vamos Grey, divirta-se um pouco salve este dia de merda!
Elena faz um gesto para que eu a acompanhe, eu vou. Ela me leva até o quarto de jogos. Na porta tira minha camisa e minha calça de moletom. Fico somente com minha cueca box preta. Ela sorri divertida e lambe os lábios. Sem me dizer nada entra no quarto de jogos. Eu a sigo e vou imediatamente para o meu lugar de costume. Ajoelho logo na entrada, coloco as mãos no joelho e fico esperando. Ela coloca a coleira em mim e também um venda, em seguida chicoteia minha coxa direita. Ai, ardeu, mas minha excitação já se faz mostrar.Ela lambe meu rosto e sussurra:
— Bom garoto, isso mesmo. My Boy! Meu, meu, meu. Entendeu?
—Sim, Senhora!
—Isso, vamos testar nossos limites e mandar as tristezas embora. Nós adoramos estes joguinhos, não é?
—Sim, senhora! E de novo ela usa o chicote, só que desta vez atinge minha bunda, minhas costas. Uma, duas, três vezes. Eu me recontorço e ela diz:
—Está vendo como você ainda se lembra? Viu como eu te treinei direitinho?Responda, senão vou apertar ainda mais esta coleira.
—Sim, sim, sim... Senhora!
—Bom garoto! Vamos venha comigo! Elena me pega pelas mãos, a música toma conta dos meus sentidos. Ela acendeu velas e o cheiro me embriaga. Eu realmente gosto disso, a volta aos velhos tempos. Minha mente agora está em outro nível, estou excitado à espera do que virá. Elena sabe como provocar expectativas em mim, afinal foi ela quem me apresentou este mundo e me treinou direitinho para usufruir do prazer desta dor.
Ela volta e começa a algemar minhas mãos. Quero relutar e percebo que apesar da excitação, não estou totalmente entregue a este momento, totalmente entregue a Elena. Com a experiência que só ela tem, me deita na cama e começa uma sessão interminável de lambidas. No rosto, pescoço, ombros, dedos das mãos, um por um. De vez em quando a ouço gemer, sim ela está sentindo muito prazer em ver minha submissão. Por vezes me dá uma chicotada, ora na perna, ora nos braços. E lambe generosamente todo o meu corpo. Não resisto mais e me entrego a este prazer, está muito bom.
Na escuridão que me encontro, sob a venda, vou enxergando lindos olhos azuis, cabelos castanhos, olhar tímido que me olha de forma excitada e lasciva. Sim, ela está aqui: Ana! Sinto a pele dela, o cheiro celestial dela, estou enlouquecido de tesão. E as lambidas continuam, só que agora no local que já não está mais sob a cueca box. Meu membro foi liberado e recebe lambidas, sugadas, carícias ávidas. Eu gemo
—Ah, não aguento mais... E gozo, gozo loucamente, deliciosamente. Um gozo generoso e libertador. Perco o ar e grito desesperado:
—Ah, que maravilha Anastasia, isso foi... foi DI-VI-NO!
Sem mais nem menos a música para. Rapidamente me vejo liberto das algemas, da coleira e a luz invade minha visão. As luzes foram acesas e minha venda é tirada rapidamente, com pressa e raiva.
Para minha surpresa é o rosto de Elena que aparece diante de mim e não o de Anastasia. Ela me olha com os olhos marejados, incrédula e não diz nada. Sai do quarto de jogos e desaparece pelos corredores. — Puta que Pariu, que porra você fez agora, Grey? Visto minha calça e camiseta rapidamente, nem vi onde ficou minha cueca, mas não devo desculpas a Elena. Que deselegância e estupidez a minha.
Ela está acabando de se arrumar no quarto de visitas. Está com os olhos vermelhos, chorou. —Que merda, grande merda, Grey!
— Elena, nem sei o que dizer, me, me desculpe, por favor! Eu sabia que a gente não devia ter recaído Elena, eu sabia.- Ela apenas me olha, seu silêncio me incomoda. Vai pegando suas coisas e se encaminha para a porta de saída. Eu a sigo.
—Elena, pelo amor de Deus, fale comigo. Não saia assim, você é... bem você é..
— Sua única e verdadeira amiga, Grey. Eu sei e continuarei sendo, para sempre. Amo você, do meu jeito, mas amo! E você também me ama. Nós dois entendemos este amor louco e pervertido que existe entre nós.
—Me desculpa a deselegância, Elena. Não sei o que aconteceu. Você me conhece, eu jamais faria isso se não tivesse perdido o controle. -Elena leva o dedo indicador aos meus lábios para que eu me cale. Obedeço. Ela acaricia meus cabelos, meu rosto e me olhando profundamente diz:
—Eu estarei sempre pronta para te ajudar, toda vez que você precisar, mesmo depois desta merda. Eu não sou seu problema. Mas tem uma coisa mais importante para você resolver agora, My Boy. Cuide disso, senão sua vida será um verdadeiro inferno.
— Do que Elena, do que exatamente você está falando? -Ela atinge o elevador. E de dentro dele, sorrindo, me encara e diz:
—Você se apaixonou, querido. Bem vindo ao mundo de flores, corações e jantares a luz de velas. Tomara que ela faça por te merecer.
E com um aceno de cabeça, desaparece dentro do elevador que a leva embora.
—Como assim, eu, Christian Grey, apaixonado?

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