5 de mai. de 2013

Capítulo 12 - Formatura




Acordo cedo e tomo meu café da manhã depois de um bom treino na academia do hotel. Apesar da noite mal dormida, recebo bem o dia, pois sei que hoje vou encontrá-la e colocá-la em seu devido lugar. —De preferência deitada na sua cama, não é Grey?Ah, maldita voz interior. Meu BlackBerry, toca. É Andréa.
— Grey.
— Bom dia Sr. Grey, já recebeu o texto revisado do seu discurso de hoje?
— Ainda não olhei Andréa. Vou verificar. Espero não terem feito nenhuma mudança, apenas as revisões necessárias para que não haja nenhum tipo de erro.
—Sim, Sr. Grey, apenas revisamos e mantivemos suas palavras. Foram pouquíssimas adequações, como sempre.
—Muito bem. Alguma novidade?
—Sim, Ros pediu para avisar que já entrou em contato com a Cruz Vermelha como o Senhor solicitou e que a doação está sendo providenciada.
—Ótimo.
—Agendei a consulta com o Dr Flynn para a próxima semana.
—Ah, finalmente a viagem acabou!
—Sim Senhor e também a Sra. Elena solicitou que enviássemos alguns técnicos para o salão de beleza.
—O que aconteceu?
—O sistema operacional de dados das clientes estava falhando. Os técnicos em segurança eletrônica já resolveram.
—Certo e o que mais?
—Por enquanto é somente isto, Sr Grey.
—Muito bem, logo estarei de volta. Se precisar entre em contato.
—Sim Senhor, tenha um ótimo dia.
—Você também, Andréa. —Desligo.
Logo em seguida Taylor entra na suíte.
—Sr Grey, bom dia!
—Bom dia Taylor, a Srta Steele deu trabalho extra para você ontem, não?
—Mas foi importante sabermos que estava bem. Ela dirigindo aquele carro é preocupante Sr. Grey.
—Certo, mas vamos resolver isto hoje, Taylor.
—É sobre isto que desejo falar. Precisamos das suas assinaturas nestes documentos.
Assino os documentos e confiro se estão todos em ordem. Costumo fazer isso pessoalmente, pois não exponho minhas submissas a nenhum tipo de risco. Meu controle, nestes casos, é pessoal.


—Muito bem Taylor, os documentos estão perfeitos. Também quero checar o carro pessoalmente.
—Podemos fazer isto agora Sr Grey. Já está no estacionamento do Hotel.
—Agora não posso. Vou me preparar para a formatura, tenho que chegar à Universidade as dez em ponto. No período da tarde faremos isto.
—Muito bem, Sr Grey, como preferir.
Taylor me deixa sozinho. Confiro o discurso. Ficou perfeito. Quero incentivar estes formandos a despregarem suas bundas com calças de grife das carteiras universitárias, a fim de transformarem este mundo de merda. Vou abordar o tema da fome, algo que conheço muito bem. Falarei para todos eles e especialmente para uma formanda irritante de olhos azuis sensacionais.
Depois de um banho caprichado começo a me arrumar. Checo novamente os e-mails e ela não responde, nem minhas mensagens. Deve estar querendo mesmo me aborrecer. Apesar de estar ruminando raiva desde ontem, não tem como não me lembrar dela e querer sentir seu gosto delicioso. Enquanto minha cabeça raciocina no que fazer para puni-la, ela me pune com sua lembrança que deixa meu pau latejante, em modo operacional foda fantástica. —Ah, Srta Nota A, vou te entregar este canudo duro aqui, como presente de formatura!
Invisto num belo terno cinza, feito sob medida é claro. Giorgio Armani, para ter um caimento perfeito. Coloco a gravata cinza, aquela que deixou marcas nos pulsos dela e que passou a ser minha gravata preferida, depois do bom uso que me proporcionou. —Mais um recadinho Srta Steele, espero que compreenda.
Ajeito meu cabelo, a barba está meticulosamente aparada. Algo no espelho ainda não me satisfaz. Ah, sim, faltam as duas leves borrifadas de essência Animale. —É isto Grey! Pronto para o combate!
*************************
Chego a Universidade as dez em ponto. Não suporto atrasos. Sou recebido pela secretária que imediatamente me conduz à sala do reitor. Mostro-me cordial e receptivo aos cumprimentos e palavras dos presentes, mas na verdade meu coração está acelerado à espera de revê-la.
Assim que nos encaminhamos para o local da formatura, encontro com a Srta Katherine Kavanagh. Ela me cumprimenta secamente e analisa de cima a baixo.
—Christian Grey.
—Srta Kavanagh.
—Espero que nossos discursos sejam decentes e verdadeiros. —Noto claramente a indireta e respondo:
—Tudo em mim é sempre decente e verdadeiro, Srta Kavanagh. Inclusive os discursos.
Ela me fuzila com o olhar, mas somos levados para o palco. As onze exatamente o Reitor adentra o palco, seguido pelos três Vices Reitores e pelos professores seniores, todos vestidos com seus trajes pretos e vermelhos. Eu e Katherine somos os últimos a entrar.
Encenando uma calma profunda, me assento e abro o único botão preso do paletó, dando espaço para que a gravata apareça por inteiro. Há um número razoável de formandos, familiares e convidados aplaudindo nossa entrada. O clima é de alegria em uma manhã clara e ensolarada. Discretamente começo a procurar por ela, mas até agora só avisto uma multidão de mulheres em suas becas e capelos idênticos. Meu radar localizador de Srta Formanda Steele está ligado e em pleno funcionamento.
Assim que nos sentamos os aplausos se encerram e todos também sentam. O reitor se levanta e começa a fazer seu discurso. Sutilmente percorro o ambiente à sua procura. Fico irritado imaginando que ela já deve ter me visto e está me observando com seus olhos perspicazes, enquanto eu estou aqui- lobo raivoso a espreita da caça que não aparece.
Olho. Vasculho tudo calmamente como se estivesse apenas observando todos os presentes, mas na verdade estou... Aha, o radar localizador de Srta Steele apita fervorosamente. Lá está ela sentada desconfortavelmente na cadeira. Está de ombros curvados, claramente tentando se fazer imperceptível para mim, como se fosse capaz disso. Mesmo que esteja recoberta com os trajes de formatura, ainda assim está linda.
Ela se destaca na multidão de formandas. Nenhuma brilha como ela. Olho fixamente em seus olhos a espreita de alguma resposta por sua falta de notícias. Encontro somente seu tom ruborizado que toma conta rapidamente de suas lindas feições. Enquanto a encaro com raiva e sedução, corro os dedos pela gravata, mantendo o campo de visão. Ela fica absurdamente ruborizada, arfa o peito e eu sei que entendeu meu recado, que parou de respirar por alguns momentos. Esboço um meio sorriso de contentamento para ela e fecho os olhos sentindo meus dedos deslizarem pela gravata como se deslizassem por sua bunda deliciosa e macia. Este pensamento e a visão dela ali, sentada e submissa ao meu olhar desencadeiam uma ereção súbita. —Oh, não Greyzinho, não é momento par isto garoto!
Abro os olhos rapidamente e decido fixar o olhar à minha frente, sem olhar novamente para ela. Não posso e não devo deixá-la comandar esta situação. Aliás, ela já tem comandado muitas horas da minha vida, coisa que nenhuma mulher foi capaz de fazer, simplesmente porque não deixo.
Tento prestar atenção ao que o Reitor fala, mas só ouço meus batimentos cardíacos e sinto o calor de sua presença. Sei que ela está me olhando. Isto me irrita. Mais uma vez o comando é dela. Então, finjo uma indiferença letal a fim de que ela pense que não exerce nenhum fascínio sobre mim. Lembro-me da raiva da noite anterior e minha encenação fica ainda mais convincente. Ela tem que sentir a mesma indiferença que eu. O Reitor continua a falar sem parar, mas não consigo prestar muita atenção a sua fala. O ar está rarefeito para mim.
Saio de meus pensamentos conturbados ao ouvir muitos aplausos para Katherine Kavanagh que ajeita sua longa cabeleira loira sobre os ombros e começa a discursar. Ela é eloquente e faz um discurso interessante, cheio de piadas e boas tiradas. A plateia ri muitas vezes e a menina chata alcança o sucesso. Devo admitir que realmente fez um belo discurso intitulado “ O que vem depois da faculdade?”, acabou por me surpreender. É ovacionada e abre um imenso sorriso. Neste momento imagino o que teria acontecido se ela tivesse ido me entrevistar. Seria esta mesma animosidade entre nós? Com certeza não teria tido nenhum interesse sexual por ela, apesar de ser uma bela mulher.
O Reitor se levanta e, cheio de pompa, faz uma breve descrição dos meus feitos como CEO de minha própria empresa, extraordinariamente bem sucedida. Enfatiza que construí meu próprio caminho, como se motivasse os jovens formandos com meu exemplo bem sucedido. Em seguida anuncia:
— E também um benfeitor importante da nossa Universidade, por favor, boas-vindas para o Sr. Christian Grey.
Dirijo-me até ele e trocamos um acalorado aperto de mãos enquanto os presentes me aplaudem educadamente. Apesar de estar nervoso com a situação que me expõe a todos, aparento calma buscando uma voz suave e na medida para a ocasião.
— Eu estou profundamente agradecido e tocado pelos grandes elogios concedidos a mim pelas autoridades da WSU hoje. Ofereceram a mim uma rara oportunidade para conversar sobre o trabalho impressionante do departamento de ciência ambiental aqui na Universidade. Nossa meta é desenvolver métodos viáveis e ecologicamente sustentáveis de agricultura para países do terceiro mundo; nossa última meta é ajudar a erradicar a fome e a pobreza através do globo. Mais de um bilhão de pessoas, principalmente na África Subsaariana, Sul da Ásia e América Latina, vivem em uma pobreza miserável. A deficiência agrícola é predominante dentro destas partes do mundo e o resultado é destruição ecológica e social. Eu sei o que é estar profundamente faminto. Isto é uma jornada muito pessoal para mim…
Digo isso olhando firmemente para ela. Acho que entendeu parte de meus porquês sobre o desperdício de comida. A fome é algo lastimável, lamentável, desumano e vivi isto intensamente, na própria pele. Concluo meu discurso e ela fica o tempo todo olhando para mim, atônita. Deve estar ligando as informações e começando a entender algumas das minhas posturas.
Assim que acabo o discurso recebo calorosos aplausos e volto para minha cadeira. Até Katherine está me aplaudindo e me abre um ligeiro sorriso. O Vice Reitor inicia a longa cerimônia de entrega dos mais de quatrocentos diplomas. Eu me mantenho impávido, sem dirigir novamente meu olhar em sua direção, até que ouço seu nome ser chamado.
Ela entra na fila e desfila pelo palco chegando muito tímida e ruborizada até mim. Aperto levemente sua mão e digo entre os dentes, entregando-lhe o canudo:
— Parabéns, Srta Steele! Você teve um problema com seu laptop?
Sinto a famosa adrenalina que seu toque e seu cheiro provocam em meu corpo. Ela me encara com olhos límpidos e aparenta verdadeira surpresa com minha pergunta, respondendo seriamente.
— Não.
— Então você está ignorando meus e-mails?
— Eu só vi o “hoje a noite”.
Eu a olho interrogativamente. Será que ela não leu os demais e-mails que enviei? Não posso interromper a fila e denunciar nosso relacionamento, por isso digo:
— Mais tarde conversamos. Acho que estou interrompendo a fila.
A cerimônia prossegue por uma hora ou mais. Parece interminável. Mas mantenho meu propósito de deixá-la intimidada e não dirijo mais meu olhar para ela. Faço como se ela não existisse. —Isso Grey. Quem sabe esta tática fará com que você exista dentro dela?
O Reitor encerra a cerimônia e os aplausos são efusivos. Assim que nos retiramos do palco sinto que alguém segura meu paletó para que eu me vire. É Katherine Kavanagh.
—Grey, eu quero falar com você a sós.
—Srta Kavanagh, estamos rodeados de pessoas. A sós seria difícil não? —Ela revira os olhos para mim e eu fico ainda mais irritado. Ela responde.
—Ok, então. O que tenho a dizer é muito simples e rápido. Levaremos no máximo três minutos.
Coloco as mãos nos bolsos da calça e olho fixamente para a loira produzida que está à minha frente.
—Diga então, já perdi trinta segundos de meu valioso tempo.
—Eu percebi a mudança brutal no comportamento da minha amiga Anastasia Steele.
—E... —Giro uma mão no ar como se pedisse para ela acelerar.
—E eu gostaria de saber quais são suas reais intenções com minha amiga.
—E... quem disse que eu diria para você algo sobre minhas intenções?
Ela para o que ia dizer e me olha profundamente. Seu olhar é puro, verdadeiro e inescrutável. Chega a dilacerar as entranhas. Então, para minha surpresa, baixa a guarda e fala com uma voz calma e amorosa.
—Eu só quero ver minha amiga feliz, Christian Grey. Sinto-me responsável por tê-la jogado diretamente em sua sala, e em seus braços... Eu não quero que ela perca a inocência, sua característica mais peculiar.
Quando vou responder ela faz sinal para que eu me cale e continua.
—Eu amo Anastasia Steele e não vou permitir que você a machuque. Antes disso eu chuto seu saco com tanta força que você não vai encontrar nenhum cirurgião neste mundo que coloque suas bolas no lugar. Mesmo com todo seu dinheiro.
Ela cruza os braços e fica olhando para um Christian Grey boquiaberto. Muitos pontos para a Srta Kavanagh! Com estas palavras parte do muro construído entre nós sofre algumas rachaduras. Devo admitir que gostei da sua coragem e postura. Gosto de pessoas fortes e gosto mais ainda de quem ama e defenda Anastasia Steele, com verdade. —E sem interesse sexual, obviamente, não é Grey?
Passo as mãos pelos cabelos e repondo calmamente, encarando-a com os olhos semicerrados.
—Muito bem Katherine! Recado dado, recado assimilado. Minhas bolas exercem papel fundamental em minha vida, então, fique tranquila, você não precisará chutá-las.
Ela ameaça responder e eu faço o mesmo gesto que fez quando me interrompeu. Recua e me ouve.
— Quem deve decidir se quer ou não perder a inocência é a própria Srta Steele e, antes de mais nada, quero agradecer por tê-la enviado para meus braços. Vou proporcionar a Srta Steele, se ela quiser, alegrias e não dor. —Ops, foi uma mentirinha aí, hein Grey? Uma dor bem conduzida causa prazer inexplicável.
Tusso levemente para limpar a garganta. Falar de dor e prazer me deixa meio sem jeito diante dos olhos sagazes de Katherine Kavanagh.
—E, para finalizar, você está bebendo da mesma fonte que ela. Sei que está experimentando das delícias da família Grey.
—Isto não é da sua conta. Mas saiba que estou de olho em você. —Ela me diz firmemente.
—Muito bem, façamos uma trégua. Você fica de olho em mim e eu em você. Vamos ver quem faz mais feliz os seres que amamos: eu torço pelo meu irmão e você por sua amiga. Que tal?
Ela se desarma, baixa os ombros e olha para baixo. Considera a situação antes de responder.
—Muito bem, então. Já que teremos que conviver, vamos nos adaptando à situação. Trato feito Christian Grey. —E me estende a mão como se selássemos um pacto.
—Ótimo! Para começar você poderia me auxiliar. Pode pedir par Anastasia Steele me encontrar aqui? —Antes de responder, já que me olha com altivez, continuo meu pedido. —Preciso começar a mostrar como tenho as melhores intenções, falar com ela é o primeiro passo.
Abro um sorriso maroto e ela somente me encara. Com os dois dedos em forma de “V” aponta para seus olhos e depois para mim, como se dissesse: —Estou de olho em você! E desaparece na multidão com seu andar elegante.
O Reitor e dois professores me agradecem pelo discurso e pelas doações para a universidade. Estamos ali neste assunto quando vejo Anastasia Steele se aproximando por trás do palco. Rapidamente me despeço dos senhores.
— Com licença, cavalheiros — digo observando ela vir em minha direção enquanto sorri brevemente para Kate que me encara franzindo o cenho.
— Obrigado — digo, e antes que ela possa responder, tomo seu cotovelo e a guio para o que parece ser uma sala de armários masculinos. Verifico se está vazio e então fecho a porta. Ela pisca algumas vezes quando me volto para ela, está incrédula.
— Por que você não mandou um email para mim? Ou mandou uma mensagem de volta? — Eu a encaro resoluto.
— Eu não olhei para meu computador hoje, ou meu telefone. —Dá uma engasgada e continua — Você fez um grande discurso.
— Obrigado.
— Explique seus assuntos de comida para mim.
Eu corro uma mão por meu cabelo, exasperado.
— Anastasia, não quero falar sobre isto agora. — Fecho meus olhos, para disfarçar a aflição que este assunto me desperta.
— Eu fiquei preocupado com você.
— Preocupado, por quê?
— Porque você foi para casa naquela armadilha que você chama de carro.
— O que? Não é uma armadilha. É bom. José faz a manutenção, regularmente, para mim.
— José, o fotógrafo? — meus olhos estão apertados, meu rosto está congelado. —Oh, merda! O que o Babaca Filho da Puta tem a ver com isto?
— Sim, o Fusca era da mãe dele.
— Sim, provavelmente da mãe e da avó, antes de ser dela. Não é seguro.
— Eu o dirijo por mais de três anos. Eu sinto muito que você esteja preocupado. Por que você não me chamou?
Respiro fundo pra administrar a situação sem perder totalmente a calma. Neste momento reflito que o problema maior é que ela ainda não aceitou minha proposta. Por isso não consigo controlá-la.
— Anastasia, eu preciso de uma resposta sua. Esta espera está me deixando louco.
— Christian, eu… olhe, eu deixei meu padrasto sozinho.
— Amanhã. Eu quero uma resposta, amanhã.
— Certo. Amanhã, eu direi a você então. — Ela pisca para mim.
Eu olho para seus lindos olhos e meus ombros relaxam. Aquela boca bem ali à minha frente traz um desejo enorme de beijá-la. Ela possui armas secretas muito poderosas contra mim e isto a coloca em situação de vantagem.
— Você vai ficar para beber? — Pergunto.
— Eu não sei o que Ray quer fazer.
— Seu pai? Eu gostaria de encontrá-lo.
Ela me olha assustada.
— Eu não estou certa que isto é uma boa ideia.
Destranco a porta e a encaro com horror explícito.
— Você tem vergonha de mim?
— Não! — Ela diz exasperada. —Apresentar você para meu pai como o que? ‘Este é o homem que me deflorou e quer que nós comecemos uma relação de BDSM'. Você não está usando tênis.
Eu caio numa gostosa gargalhada. Minha menina inteligente e suas tiradas sarcásticas. Ela também se mostra relaxada e retribui o sorriso.
— Só assim eu poderia correr bastante rápido. Diga a ele que eu sou seu amigo, Anastasia. Somente isso.
Abro a porta e deixo-a sair, seguindo-a. O Reitor, os três Vice-Reitores, quatro professores e Kate olham fixamente para nós enquanto ela caminha apressadamente, passando por eles e me deixando para trás.
Faço cara de paisagem e caminho pelo recinto como se estivesse admirando o vai e vem frenético dos formandos. Sirvo-me de uma bebida oferecida pelo garçom e fico ali, perambulando com a mão no bolso a espera de seu retorno. A marquise é imensa e cheia de alunos, pais, professores e amigos, todos tagarelando alegremente.
Passados alguns minutos começo a desconfiar que ela não volte, mas assim que me viro vislumbro com uma cena que me tira do eixo. Ela tirou as paramentas da formatura e está lindamente vestida com um vestido de chiffon cinza com decote. A seu lado está um senhor, mas há também um rapaz louro de cabelos desgrenhados que a agarra e gira em seus braços. Ela segura uma taça de bebida e ambos conversam animadamente enquanto sorriem. —Oh, não! Quem será que é o idiota que deseja perder os dentes numa formatura?
Agarro minha tacão com tamanha força que só não trinco quando ouço a voz da Srta Kavanagh que se aproximou sorrateiramente de mim.
— Vou dar um voto de confiança para você. Estou gostando da forma intensa como você a olha. Espero que seja olhar de falcão e não de abutre. Na verdade, se confiasse nas suas intenções diria que está apaixonado.
—Me provocando Srta Kavanagh? Pensei que tínhamos combinado uma trégua.
—Sim e para mostrar que estou disposta a cumprir minha parte quero que me acompanhe, venha.
A única reação que esboço é a de acompanhá-la em silêncio. Quero ver quem ousa tocar em minha mulher durante sua formatura. —Quem ousa manter os braços ao redor da cintura da MINHA mulher?
Assim que Anastasia percebe minha presença fica lívida. Eu a encaro com olhos frios enquanto ouço a Srta Kavanagh falando enquanto beija o Sr. Steele.
— Oi, Ray! Você conhece o namorado da Ana? Christian Grey. —Nossa, isso sim é uma grande ajuda!
Fico incomodado com a falta de sutileza da apresentação, mas no fundo adoro a forma direta e rápida com que fomos apresentados. Dá para poupar muitos rapapés. Estendo a mão e digo calorosamente.
— Sr. Steele, é um prazer conhecê-lo.
O Sr Steele não mostra surpresa, apenas toma minha mão e a aperta fortemente dizendo.
— Sr. Grey! — O Sr Steele murmura.
Sua expressão é indecifrável, exceto talvez, pelo leve arregalar de seus grandes olhos marrons. Eles deslizaram para o rosto de Anastasia numa comunicação secreta entre os dois. Ela morde o lábio.
— E este é meu irmão, Ethan Kavanagh. — Katherine me diz rapidamente.
Eu lhe lanço um olhar ártico, já que ainda tem seu braço ao redor dela.
— Sr. Kavanagh.
Apertamos as mãos, mas eu queria mesmo era mostrar a força da minha direita no seu queixo. Rapidamente me desvencilho dele e estendo minha mão para ela.
— Ana, querida! — Murmuro.
Ela sai do aperto de Ethan Kavanagh, gesto ao qual eu libero um sorriso frio. Se posiciona ao meu lado e eu observo a troca de olhares entre as duas amigas. Katherine sorri para Anastasia que não retribui, demonstra estar irritada com a atitude da amiga. Katherine sabia exatamente o que estava fazendo, a raposa! Se queria me intimidar, não conseguiu. Pelo contrário me prestou uma grande ajuda.
— Ethan, Mamãe e papai querem uma palavra. — Katherine arrasta Ethan para longe.
—Então, crianças, a quanto tempo vocês se conhecem? — Ray olha impassivelmente de Anastasia para mim.
O poder da fala parece ter fugido dela. Estou com meu braço ao seu redor, deslizando meu polegar em suas deliciosas costas nuas, em uma carícia, antes de minha mão apertar o seu ombro.
— Um par de semanas. — digo suavemente. —Nós nos conhecemos quando Anastasia veio me entrevistar para a revista dos alunos.
— Não sabia que você trabalhou na revista dos alunos, Ana. — A voz do Sr Steele tem uma repreensão silenciosa, revelando sua irritação pela revelação inesperada.
— Kate estava doente — ela murmura.
— Belo discurso o seu, Sr. Grey.
— Obrigado, Sr. Eu entendi que o Sr. é um grande pescador.
O Sr. Ray levanta suas sobrancelhas e sorri. Pronto, encontrei um ponto de conexão entre nós para começarmos uma boa relação. Afasto-me de Anastasia que segue para cumprimentar os pais de seus amigos. Eu tenho que falar em particular com o Sr Steele, ela não pode saber das minhas intenções.
Fico conversando com o Sr Ray, enquanto mantenho minha vigilância constante com o olhar. Percebo que Anastasia e Katherine trocam algumas informações, pois ambas olham para nós enquanto conversam. —Porra, será que estão falando sobre a trégua?
Volto minha atenção para o Sr Steele. Após trocarmos algumas informações sobre pescaria e peixes, pretendo ir direto ao assunto, mas sou surpreendido pelo o Sr Ray que fala em primeiro lugar.
—Então você é o namorado da minha filha?
—Sr Steele, estou encantado com sua filha. Serei o que ela quiser daqui por diante. Quero conhecê-la melhor.
—Eu já conheço bem minha querida filha. Posso assegurar que ela está diferente. Só não sabia que o motivo da diferença era o Senhor.
—Eu quero muito que nossa relação dê certo, Sr. Steele. Vou fazer o possível.
—Não Sr. Grey, faça o impossível. Não quero minha Annie sofrendo por ninguém. Adoro pescar tainhas, mas se for preciso, pela felicidade dela pesco até tubarões...
—Concordo plenamente Sr Steele. Temos aqui o “Team Anastasia”. Jogaremos juntos para que ela sempre alcance o sucesso e a felicidade.
Ele me olha com olhos escrutinadores. Percebo que está sondando o território. E ele está correto. É mesmo um pai amoroso e responsável. Eu continuo falando.
—A propósito gostaria de falar sobre a segurança de Anastasia.
—Segurança de Annie? Do que se trata exatamente. Está acontecendo algo que eu não saiba?
—Creio que o Senhor saiba sim. Estou falando daquela sucata que ela dirige por aí e que chama de carro.
Ele abre um amplo sorriso.
—Ah, sim. Está falando do Wanda!
—Pois é. Ainda tem nome. Aquilo é uma armadilha, e não um carro. Não suporto saber que ela dirige aquilo por este trânsito maluco.
—Eu sei Sr Grey. Também não gosto daquele carro, apesar da minha filha ter o maior carinho por ele. Mas realmente não sei como dizer para que ela ande nos coletivos por aí. Não tenho condições financeiras de lhe comprar um carro melhor.
—É exatamente este o ponto. Quero informar ao Senhor que darei de presente para Anastasia um carro zero quilômetro, equipado, testado e seguro para ela. Será meu presente de formatura.
Percebo que ele arregala os olhos e engole em seco. Eu continuo.
—Por favor, Sr Ray. Não me impeça de presenteá-la. Preciso da sua ajuda, pois sei que ela reluta em ganhar presentes.
—Deve ser um presente carro, provavelmente um carro que jamais conseguiríamos pagar. Entendo que minha filha ficará constrangida. Ela não se vende Sr. Grey!
—Sr Ray, não estou tentando comprar Anastasia. Entenda também que para mim este valor não representa nada. É para isso que trabalho como um maluco. Para ter uma vida decente e para proporcionar o melhor àqueles que... —dou uma pigarreada para limpar a garganta —... bem, àqueles que tanto aprecio e que tornam minha vida mais feliz. —Oh, não, Grey! Você ia dizer “àqueles que tanto amo” e não é amor que você sente por ela, é apenas desejo de domá-la!
Ele me encara com olhos sagazes.
—Muito bem. Não serei eu a impedir que minha menina seja protegida por seu namorado milionário. Concordo com uma condição: a palavra final será dela.
—Fico feliz que dê sua permissão. Isto é muito importante para mim. Só espero que me auxilie nesta empreitada de convencer aquela garota linda e teimosa que está se despedindo de Katherine e vindo para cá.
—Realmente. Minha menina é linda, mas é muito teimosa mesmo. Isso é excesso de responsabilidade. Mas vamos continuar nesta pescaria, ou melhor, parceria.
Começamos a rir do trocadilho enquanto observamos Anastasia se aproximando. Ela diz:
—Oi! E sorri para nós em seu retorno.
O Sr Ray está bem relaxado e sorridente. Fico feliz que tenhamos nos dado bem. Ele indaga.
—Ana, onde estão os banheiros?
— Atrás da marquise, à esquerda.
— Vejo você em um momento. Vocês, crianças, se divirtam.
Ele se retira e Anastasia olha nervosamente para mim. Em seguida nós posamos brevemente para um fotógrafo.
— Obrigada, Sr. Grey. — O fotógrafo vai embora. Ela fica piscando por causa do flash e me diz:
— Então você encantou meu pai também?
—Também? — Meus olhos se alegram com esta palavra e levanto uma sobrancelha interrogativa. Ela cora.
Eu ergo a mão e traço o contorno do seu rosto com os dedos. —A Srta Beleza Rara! Que vontade de fodê-la agora e deixar este seu corpo perfeito todinho em tom escarlate!
— Oh, eu gostaria de saber o que você estava pensando, Anastasia, — sussurro sombriamente, acariciando seu queixo e levantando sua cabeça de forma que nos olhamos atentamente, um nos olhos do outro.
Sua respiração fica arfante. A química dos nossos corpos se mistura e entra em combustão novamente.
— Agora mesmo, eu estou pensando, que gravata bonita. — Ela diz e respira.
Eu rio deste comentário delicioso.
— Esta, recentemente, se tornou a minha favorita.
Ela fica escarlate de rubor. Eu adoro perceber o efeito Grey sobre ela.
— Você parece adorável, Anastasia, o decote deste vestido se adapta bem a você e eu posso atacar suas costas, sentir sua bonita pele.
De repente, tudo fica como se nós estivéssemos sozinhos num quarto. Apenas nós dois, meu corpo inteiro fica vivo, cada terminação nervosa está perigosamente em alerta, pronta para entrar em ação. A eletricidade me puxando para ela, carregada entre nós, fazendo minha ereção despontar num ápice de desejo.
— Você sabe que vai ser bom, não é, Baby? — Eu sussurro para ela que está de olhos fechados.
— Mas eu quero mais! — Me responde suavemente.
— Mais? — Olho para ela perplexo, meus olhos escurecem. Sacudo a cabeça e engulo em seco. —Eu sou fodido em cinqüenta tons, não consigo entregar o “mais” que ela merece.
— Mais! — Digo novamente, suavemente. Testando a palavra, uma palavra pequena, simples, mas tão cheia de promessas. Meu dedo polegar faz uma trilha para baixo até o seu lábio. —Você quer corações e flores, não é, Baby?
Ela movimenta a cabeça concordando. Eu pisco para ela em minha eterna luta interna. — Anastasia. — Minha voz é mais uma súplica — Isto não é algo que eu saiba fazer, que saiba conceder.
— Nem eu.
Eu sorrio ligeiramente.
— Você não sabe muito — murmuro.
— E você sabe todas as coisas erradas.
— Erradas? Como assim erradas? — agito a cabeça. — Tente ficar comigo e interpretar melhor a dualidade: certo X errado.
Eu a desafio, ousando levantar a cabeça para um lado e oferecer-lhe meu sorriso torto. O mais deslumbrante sorriso que consigo produzir e sei que tem efeito letal sobre ela.
— Certo. — Ela sussurra ofegante.
— Certo, o que? — Meu coração bate rapidamente a espera da resposta que venho em busca há dias.
— Certo. Eu tentarei.
—Você está concordando? — Minha descrença é evidente, estou em modo insegurança total.
— Dentro dos limites toleráveis, sim. Eu tentarei. — Fala numa voz muito baixa. Fico emocionado com a resposta. Estou soltando fogos de artifício por dentro do meu peito. Fecho os olhos e a puxo para mim em um abraço carinhoso.
— Jesus, Ana, você é tão inesperada. Você toma a minha respiração.
Observo que o Sr Ray vem em nossa direção. Recuo e solto minha nova submissa. —Sim Grey, ela disse sim, ela é sua nova submissa. Mil pontos para você!
Sorrio para o Sr. Ray e meus olhos estão dançando de alegria.
— Annie, nós não devíamos ir almoçar?
— Certo. — Ela pisca para Ray.
— Você gostaria de juntar-se a nós, Christian? — Ray pergunta-me.
Ela olha fixamente para mim, ainda voltando de seu rubor. Está tão ansiosa com a nova situação quanto a mim.
— Obrigado, Sr. Steele, mas eu tenho planos. Foi um prazer conhecê-lo.
— Igualmente, — Ele responde. — Cuide de minha menininha.
— Oh, é só o que eu pretendo, Sr. Steele.
Apertamos as mãos. Tomo as mãos dela e as levanto até os meus lábios. Beijo-as juntas ternamente, seus olhos ardentes ficam grudados nos meus, descortinando minha alma. Ela tem este poder sobre mim.
— Até mais tarde, Srta Steele. — Respiro e minha voz é uma promessa total. Ela só não sabe das surpresas que estou preparando.
O Sr Ray toma seu cotovelo e a leva em direção à entrada da barraca.
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Logo mais, no hotel, estou feliz como há muito tempo não me sentia.
Arrumo-me informalmente e juntamente com Taylor saímos para dar uma volta com o carro de Anastasia. Vou dirigindo e Taylor me acompanha no banco do passageiro. Vamos para uma rua mais deserta. Aumento a velocidade, freio bruscamente e o carro responde como eu espero. Taylor se mostra impassível, mesmo vendo eu cometer estas loucuras para testar o carro.
— Está perfeito, Taylor. Como eu gosto.
—Sim Senhor, tudo milimetricamente conferido para não colocar a Srta Steele em perigo.
—Ótimo e o rastreador? Quero monitorá-la 24 horas e garantir sua segurança.
—Já está instalado e em uso, Sr. Grey. É o mais moderno sistema de segurança. Permite a localização do veículo em tempo real, via internet.
—Que tipo de tecnologia é usada?
—O mais moderno tanto GPS, quanto GPRS.
— Sei, que significa...
—Significa que adquirimos um serviço sempre ativo, com capacidade incrível de enviar e receber dados em alta velocidade. O Senhor pode acompanhar o movimento deste carro em tempo real. Para onde se desloca, onde estaciona, o perímetro percorrido.
—Espetacular Taylor, era isso. Vou exigir que ela aposente aquela máquina mortífera. Será que serve para sucata?
—Bem Sr Grey, observei que ainda há muitas peças originais. Ainda é possível que algum colecionador se interesse.
—Sério? Para mim isto é inacreditável, Taylor. Tenho certeza que aquilo não serve para Anastasia em hipótese nenhuma.
Enquanto conversamos já estamos de volta ao hotel. Entrego as chaves para Taylor.
—Bem Taylor, estacione o carro por aqui e assim que precisar aviso como vamos entregar este presente.
—Sim Sr. Estou a postos.
Vou para a suíte. Enquanto o elevador sobe minha mente se reporta ao nosso beijo quente e delicioso aqui dentro. Agora que ela aceitou vou foder aquela boca gostosa muitas vezes, de várias maneiras, com muitos sabores e gosto de quero mais.
Eu tinha razão, a espera pode ter sido angustiante, mas a alegria pela vitória é incontestável.
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Já é entardecer de um dia glorioso. Valeu a pena levantar da cama hoje. Vai ser difícil esperar até amanhã par nos encontrarmos novamente. Todo meu corpo se encontra em chamas, louco para abraçá-la e possuí-la. Nossa primeira vez como Dominador e submissa.
Resolvo escrever um e-mail.
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De: Christian Grey
Assunto: Limites suaves
Data: 26 de maio 2011 17:22
Para: Anastasia Steele
O que eu posso dizer que já não tenho dito?
Estarei feliz em conversar sobre isso a qualquer hora.
Você estava bonita hoje.
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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Fico pelo hotel trabalhando em alguns projetos atrasados. Meu tempo anda muito dedicado a um corpo pequeno, cheiroso e gostoso. Isso tem afetado minha produtividade. A hora passa e nem percebo. Até que meu coração dispara com um alerta de e-mail. Leio imediatamente e meu sorriso se abre de orelha a orelha. É uma resposta dela.
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De: Anastasia Steele
Assunto: Limites suaves
Data: 26 de maio 2011 19:23
Para: Christian Grey
Eu posso sair esta noite para discutir se você quiser.
Ana
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Isto chega a ser mais do que eu esperava. Dou um grito de alegria e respondo imediatamente, antes que ela se arrependa:
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De: Christian Grey
Assunto: Limites toleráveis
Data: 26 de maio 2011 19:27
Para: Anastasia Steele
Eu vou a sua casa. Quando eu disse que não gostava que você dirigisse esse carro, eu estava falando sério.
Chegarei brevemente.
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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