5 de mai. de 2013

Capítulo 10- Isto é LEGAL para você?



Passo algum tempo sentado e depois de um bom banho me seco. Saio do banheiro e percebo que já anoiteceu e nem me dei conta. Preciso preparar o roteiro da semana. Amanhã eu e Ros teremos um encontro para a compra de uma corporação que está em crise. Taylor entra e carrega consigo o MacBook que eu pedi que trouxesse.
— Aqui está o MacBook Pro que o Senhor pediu.
— Ah, sim Taylor! Era esse mesmo. Bem vou configurar uma conta de e-mail e depois preciso que você arrume um mensageiro que entenda de informática.
Ele me olha com seu olhar firme, mas interrogativo.
—Sim, Taylor. Vou mandar este aparelho para Anastasia Steele e, além de ser entregue logo pela manhã, quero que fique instalado e pronto para ser usado.
—Pois não, providenciarei o que o Senhor deseja. Algo mais?
—Bom, depois de configurar algumas coisas nesta máquina, vou jantar, falar com Ros e aí passarei as informações para os dias seguintes. Já se alimentou Taylor?
—Ainda não Senhor Grey, primeiro vou encontrar o mensageiro adequado.
—Peça o jantar para mim aqui no quarto mesmo. Algo leve, que eu goste.
—Sim Senhor, com licença.
Ele se retira e eu abro a caixa do notebook, bem, se é que eu posso chamar esta máquina deste jeito. A cor é prateada, bem brilhante, tela grande e com a famosa maçã reluzente da Apple no dorso. Tem o mais recente sistema operacional e um conjunto completo de programas, além de um disco rígido de 1,5 terabytes e 32 gigas de memória RAM. É sensacional, tecnologia de última geração. Ainda não está à venda no mercado. Na verdade fui um dos poucos privilegiados no mundo a receber este presentinho para testar. Foi uma gentileza dos representantes da Apple. —Ah, Grey! Que bobagem, gentileza neste mundo corporativo? Business, meu caro! Business!
É uma praxe muito interessante dos distribuidores me “presentearem” com estas máquinas que ainda nem chegaram ao mercado, pois toda vez que compro insumos, novos maquinários ou resolvo fazer upgrade, a compra é substancial. Tenho feito muitos negócios com a Apple e até agora não me decepcionei.
Gosto muito de tecnologia, por isso optei em trabalhar e investir pesado neste ramo e nas telecomunicações. Já fazia alguns dias que tinha recebido o MacBook, pretendia utilizar, mas nem tinha tido tempo para abrir a caixa. Depois dos comentários de Anastasia esta manhã, de que não tinha um notebook, decidi pela maneira mais eficaz e rápida de resolver este problema.
Rapidamente configuro um e-mail para ela, confirmo os dados de segurança, instalo um programa sobre dados de localização... Checo e percebo que está tudo perfeito. Enfim, tudo sob o meu controle, do jeitinho que eu gosto. —Sim Srta Steele, vamos preparar tudo para estar sob meu controle e proteção!
A campainha toca e eu recebo o maitre que me serve com exclusividade na ampla mesa da suíte. Vinho, sopa de aspargos como entrada, salmão ao molho de alcaparras e batatas sauté. Uma refeição deliciosa e leve para a noite de sono revigorante que pretendo ter. Mas não tem como deixar de pensar em Anastasia. Será que ela se alimentou? Será que já leu o conteúdo do envelope? Tentarei não ficar tão ansioso até nosso encontro de quarta- feira, mas sei o quanto vai ser difícil.


Já são nove horas e preciso fazer a vídeo chamada que combinei com Ros, minha funcionária e amiga na empresa. Ela é uma das poucas pessoas da qual desfruto, além de um excelente relacionamento profissional, amizade fora da empresa. Damos-nos muito bem. Ela é loira, pequena, inteligente, vivaz e muito bem humorada. Mora muito perto do Escala, praticamente em frente. Assim, ficou fácil mantermos contato e amizade fora do trabalho. Confio nela, pois assim como eu, apesar de ser bem sucedida nos negócios, também foi vítima de preconceito. Teve que lutar muito por seu lugar ao sol porque é considerada diferente para os padrões desta sociedade hipócrita de merda.
Resolvo usar o MacBook para testar a qualidade de uma vídeo conferência, assim se um dia precisar usar com Anastasia, já saberei como funciona. —Que bonito hein, Grey? Sempre planejando controlar. —Mas de onde veio esta porra de voz interior? Isto não me pertence! Não sou dado a culpas, nem a regras banais. Eu mesmo faço minhas regras e os demais cumprem, matemática simples.
Teclo os procedimentos necessários e quase que instantaneamente Ros atende com seu sorriso amigo.
—Hello, Grey!
—Hello, Ros! Quais as novidades?
De repente uma cabeça ruiva aparece atrás de Ros e me cumprimenta.
—E aí Grey, querido. Tudo bem? Saudades de você. Cuida bem da minha princesa estes dias longe de mim , hein?
É Gwen, companheira de Ros que aparece para me cumprimentar. Elas formam um casal adorável. São cúmplices e apaixonadas. Já saímos juntos algumas vezes, já nos visitamos para tomar vinho em nossos apartamentos.
— Olá, Gwen! Claro que cuido, como sempre. Ela voltará sã e salva para você. Trará alguns dólares a mais para as próximas viagens, que tal?
—Eu sei querido que você vai cuidar. Oba! Quero viajar para o Caribe no próximo verão. Bons negócios amanhã. Beijo...
—Beijo...
Enquanto ela se afasta da tela e Ros se ajeita diante da câmera, fico maravilhado com a qualidade das imagens do MacBook, que máquina! Ela seria para meu uso pessoal, mas depois providencio outro para mim. Anastasia ficará impressionada com esta tecnologia toda. —Sim Srta Máquina Mortífera, este brinquedinho será todo seu... depois poderemos brincar à vontade de jogos de adultos.
Ros interrompe meus pensamentos:
—Bom Grey, em primeiro lugar quero informar que a operação Darfur está concretizada, mas foi um processo terrível. Tive que intervir com precisão.
—A situação lá está tão ruim assim, Ros?
—Muito. As guerrilhas internas estão fazendo muitas vítimas.
—Civis?
—Sim crianças, idosos, mulheres...
Odeio este tipo de situação. Não entendo a razão desta mortandade por razões políticas.
—É complicado, mas se a tripulação está fora de perigo, ok!
—Sim, tudo sob controle agora. Lucros diminuídos, mas segurança garantida.
—Veja alguma doação para a Cruz Vermelha, eles devem estar precisando de colaboração.
—Ok, entrarei em contato com a Grey Foundation e verei como colaborar.
—Muito bem, de acordo. E o que temos para amanhã?
—Chequei todos os dados. A empresa é familiar, de distribuição de ramais de telecomunicação, mas há dois anos quando o dono morreu e deixou para o filho, os negócios foram comprometidos. A falência foi aberta há três meses.
—Por que exatamente?
—Má gestão. O rapaz é um playboy, adora uma noitada e maltrata os funcionários não pagando os salários devidos.
Isso para mim é imperdoável. Uma empresa séria nunca desonra seus compromissos e jamais deixa de pagar seus funcionários. Exijo muito dos meus colaboradores, mas pago salários dignos para que eles se sintam bem e produzam como eu exijo. O gasto, na verdade, é investimento em qualidade e crescimento da empresa.
— Certo, mas para nós o negócio é viável, lucrativo?
—Eu diria que estratégico e imperdível, Grey! Mais uma daquelas que a gente adora pegar e botar para funcionar.
—Muito bem então, às dez horas em ponto na porta do prédio.
—Combinado. Boa noite e... a propósito você está com uma aparência revigorada e tranquila para a ocasião, alguma novidade? Talvez... de cunho pessoal?
— A novidade Ros é que se você não parar de bisbilhotar minha vida neste exato momento, esta aparência de tranquilidade mudará por completo!
Faço cara de bravo, ela abre seu sorriso agradável e se despede.
—Entendido chefe, boa noite!
—Boa noite! — e desligamos.
Estou realmente encantado com este brinquedinho que vou mandar para Anastasia. Fico esperançoso que ela aprecie. Aproveito e deixo um ícone na tela para fácil acesso aos e-mails. Mando imediatamente um para sua caixa de entrada.


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De: Christian Grey
22 de maio de 2011 23:15
Para: Anastasia Steele
Assunto: Seu novo ordenador

Querida senhorita Steele:


Confio que tenha dormido bem. Espero que faça bom uso deste notebook, como comentamos.

Estou impaciente pelo jantar com você, na quarta-feira.
Até então, estarei encantado de responder a qualquer pergunta via e-mail, se o desejar.

Christian Grey

CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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Ligo para Taylor que em minutos aprece na minha suíte.


—Pois não, Senhor Grey.
—Taylor, embrulhe este notebook que já está preparado e envie para a Srta Steele. O mensageiro deve instalar a máquina e ensiná-la a usar adequadamente, de manhã bem cedo.
—Sim Senhor, ele está à espera do pacote e das instruções.
—Encontrarei Ros naquela empresa às dez horas, por isso sairemos daqui às nove e meia.
—Entendido, mais algum pedido Senhor?
—Não pode se retirar. Boa noite!
Já é quase meia noite e eu me recolho na imensa cama macia do Heathman. De repente sinto a cama grande demais, incômoda. Caberia perfeitamente o corpo cheiroso dela aqui comigo, dividindo o espaço e compartilhando carícias. Relembro o cheiro doce de seus cabelos e caio num sono profundo.
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O chão está frio, faz horas que estou sentado aqui. Minha barriga dói, porque faz tempo que eu comi. A mamãe pediu para eu ficar brincando com meu aviãozinho em silêncio enquanto ela atende o “amigo”. Acho esquisito o que o “amigo” faz com ela, mas sempre depois que ele vai embora aparece alguma coisa para comer. Já ouvi os gritos da mamãe várias vezes e cada vez que isto acontece eu tapo os ouvidos. Depois pego meu avião e voo pelo céu, livre como um pássaro. A mamãe vai ficar com o olho roxo novamente e vai dizer que não foi nada, mas eu sei que aquilo dói. Eu não gosto de vê-la assim. Seu olho é tão bonito, mas quando fica roxo eu não gosto.
Ela sai do quarto. Está andando com dificuldade, segurando pelas paredes. Estou achando ela muito magra ultimamente. Olha para mim e começa a dizer.
—Chris, come alguma coisa aí da geladeira e ...
Aquele monstro gigante e fedido aparece e a agarra pelos cabelos.
—Puta, vadia, volta pra cama. Eu não dei permissão para você sair.
Ela responde com medo.
—Eu vim aqui dar uma olhadinha no Chris e...
—Cala a boca! Não quero ouvir esta voz de merda. Vem pra cama me satisfazer, agora.
Ele a pega pelos cabelos e arrasta até a cama. Ela olha para mim e seu rosto se cobre de lágrimas. Fico em pé, quero dar um chute neste filho da puta, mas ele é mais forte e muito maior do que eu. De repente ele reaparece, me junta pelos cabelos e grita comigo:
—Seu merdinha, sempre atrapalhando. Eu ainda acabo com você.
Eu fico com medo dele e derrubo meu aviãozinho no seu pé. Ele se abaixa com raiva, pega meu avião, e joga com força na parede.
—Esta merda machucou meu pé. Tinha que ser filho desta puta mesmo, seu imprestável.
Eu corro para resgatar meu avião. É meu brinquedo preferido. É pequeno, branco, tem hélices. Mamãe disse que o nome é heli... helicó..., sei lá heli alguma coisa, mas eu prefiro chamar de avião porque é mais fácil.
Antes que eu alcance meu brinquedo ele chega primeiro. Agarra com força os destroços do meu querido avião e me dá um sorriso horroroso com dentes sujos, amarelados.
—Ah, é isto o que você quer, merdinha? Olha o que eu faço com esta porcaria.
Ele atira meu avião no chão, pisa com força e eu vejo pedaços por todos os lados da cozinha fedorenta e fria. Agora não tem mais conserto. Ficou terrivelmente destruído.
Começo a chorar e a juntar os pedaços, mas ele me dá um tapa e grita.
—Para o castigo. Vai aprender a não atrapalhar a minha vida.
Ele me tranca dentro do armário do castigo. Sempre faz isto comigo quando fica nervoso. Mamãe já me ensinou a não deixá-lo nervoso, mas acho que eu não aprendi como é que faz. Eu não gosto de ficar no armário do castigo. É frio, tem cheiro ruim e é muito escuro. Fico chorando, ouvindo os gritos de mamãe e os socos que ele dá nela. Cada vez que ele me joga no castigo eu fico com ódio do sorriso de poder que ele dá para mim. Eu me sinto ainda mais pequenino.
Tapo os ouvidos para não ouvir mais nada e fecho os olhos para não enxergar a escuridão. Imagino que grito bem alto, mas sei que minha voz engasgou e não sai da minha boca. Mesmo assim eu suplico:
—Mamãe, socorro mamãe!!!
Ela não está me ouvindo e eu estou com muito medo do escuro. Começo a sufocar, não consigo respirar.
—Mamãe, socoooo....
Acordo num sobressalto, sufocado, molhado de suor. Olho ao meu redor. Estou na confortável cama do hotel.
É mais um pesadelo que me assombra...

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Dormi muito mal depois do pesadelo. Meu BlackBerry desperta às seis horas e eu levanto para malhar. Meu humor está péssimo depois desta noite. Faço esteira, bicicleta e puxo uns bons ferros, como se puxasse e arrancasse os bagos do desgraçado que perturbou meus sonhos nesta noite.
A única coisa que me anima é lembrar de Anastasia. Fico imaginando se ela leu a papelada e a cara que vai fazer ao receber o MacBook esta manhã. Preciso deixar todo o meu passado no passado e ter foco no presente e futuro. O Flynn sempre me diz isso, mas às vezes esqueço.
Volto para a suíte, tomo um bom banho e me delicio com a fartura do café da manhã. —Barriga doendo de fome, nunca mais Grey!
De repente, ouço o som de chegada de e-mail e corro para checar meu BlackBerry. E, para minha felicidade ela respondeu.


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De: Anastasia Steele
23 de maio de 2011 08:20
Para: Christian Grey
Assunto: Seu novo computador (em empréstimo)

Dormi muito bem, obrigado... por alguma estranha razão... Senhor.

Acreditei entender que o computador era em empréstimo, quer dizer, não é meu.

Ana

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Pelo tom da resposta é evidente que ela leu os papéis. —Oh, oh... sinal amarelo, Grey! O tom da resposta está bem desbotado!


Qual é o problema de Anastasia Steele em aceitar presentes? Ela não deve ter nenhuma noção da minha fortuna. Respondo rapidamente:


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De: Christian Grey
23 de maio de 2011 08:22
Para: Anastasia Steele
Assunto: Seu novo computador (em empréstimo)

O computador é em empréstimo. Indefinidamente, Srta. Steele.

Observo, pelo seu tom, que andou lendo a documentação que lhe dei.
Tem alguma pergunta?

Christian Grey

CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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Fico olhando para a tela à espera da resposta como um adolescente ficaria espreitando se a garota popular, que ele quer beijar, muda de status de relacionamento. A tela brilha.



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De: Anastasia Steele
23 de maio de 2011 08:25
Para: Christian Grey
Assunto: Mentes inquisitivas

Tenho muitas perguntas, mas não me parece adequado fazer isso via e-mail, e alguns de nós tem que trabalhar para ganhar a vida.

Não quero, nem necessito, um computador indefinidamente.
Até mais tarde. Que tenha um bom dia... Senhor.
Ana
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Respondo instantaneamente achando graça na provocação dela.




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De: Christian Grey
23 de maio de 2011 08:26
Para: Anastasia Steele
Assunto: Seu novo computador (de novo em empréstimo)

Até mais tarde, Baby.

P.S.: Eu também trabalho para ganhar a vida.

Christian Grey

CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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Espero alguma resposta e nada. Estou sorrindo como um idiota para uma tela brilhante. Não posso resistir às provocações dela, que são deliciosas. —Sim Srta Mensageira da Luz, nosso primeiro e-mail, nosso primeiro contato por mensagem eletrônica!




Termino meu café da manhã. Dou o nó na gravata, ajeito os cabelos, confiro minha imagem no espelho. —Dá para o gasto, Grey! Hora de trabalhar. Pego minha pasta e saio do quarto. Taylor já está de prontidão e rapidamente chegamos ao local do encontro.
Ainda estou sob o efeito da adrenalina que estes pesadelos provocam em mim. Meu estado de humor fica totalmente alterado quando isso acontece. De certa forma é muito bom, pois assim fico mais agressivo no trabalho, sinal que obtenho bons lucros. Nunca mais implorarei por migalhas, como a Prostituta Viciada fazia sendo submissa a toda e qualquer situação humilhante. — Sim, Grey. Seu limite está onde não há limites. Você tem o domínio agora.
Ros está parada ao lado do carro, vestida de calça e casaco em tom bege, bastante discreto. Os cabelos presos num coque e a maquiagem muito leve, como sempre. Gosto do estilo dela: discreto, clean e poderoso. Só há um problema entre nós que ainda não conseguimos resolver. Assim que ela me vê vem ao meu encontro e apaga o cigarro com seus sapatos de salto agulha.
— Grey, querido! Bom Dia!
—Bom dia Ros, já inalando as doses diárias de veneno?
Ela sorri desconcertada e responde.
—Pois é, um dia vou me livrar deste maldito vicio de cigarros, mas por enquanto...
—Eu sei, querida! Mas prazer em te reencontrar. Só falo porque...
—Porque você e Gwen combinaram este mantra porque me amam, querem o meu bem e blá-blá-blá.
Ela é tão inteligente e vivaz, que me faz rir.
—Está bem você venceu, Ros! Vamos à batalha?
—Com certeza! Estou muito ansiosa. Esta empresa será um ganho imprescindível para nós.
Damos um sorriso e dou meu braço para ela. Chegamos à recepção e uma loura de seios muito fartos vem nos receber com voz melosa.
—Ah, Sr Grey... O Sr. Joseph Backer está à sua espera. Por aqui, por favor. — Ah, não! O cara é um babaca filho da puta mesmo, ainda se chama “Joseph”. Será que este nome me persegue?
É notável a atenção da secretária para mim e a forma como se insinua. Sai andando até uma porta enquanto aguardamos para entrar. Ros me abre seu franco sorriso.
—Não dá para competir com você mesmo hein, Grey? Ela está se derretendo toda por você. E aí curtiu?
—Não Ros, não curti. Estou compartilhando. É toda sua.
Dou uma piscada para ela que me abre um sorriso malicioso e pisca também. Gostamos de brincar antes de uma grande negociação para relaxar. Ainda mais depois da noite tensa que passei. A loura esguia volta e abre um sorriso imenso para nós.
—Por aqui, por favor.
Ros se volta para mim e diz baixinho.
— Em que modo operacional estaremos hoje, Grey? Compreensivo, agressivo?
Fecho levemente o semblante e meus olhos para ela respondendo:
—Hoje estou em modo... predador! —E entramos no escritório.


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Duas horas depois eu e Ros saímos para almoçar e comemorar mais uma aquisição de sucesso para minha empresa. Foi difícil negociar, mas estava realmente num dia especial, em que queria ganhar. E ganhei.
Durante o almoço tenho vontade de ligar para Anastasia, saber se ela se alimentou e se está bem. Às vezes penso na possibilidade do tal Babaca José se aproximar dela enquanto está sozinha e isso me enfurece. Ros interrompe meus pensamentos.
—Um contrato de dez milhões de dólares pelos seus pensamentos, bonitão!
Dou um sorriso murcho para ela.
—Melhor não pagar o preço, Ros!
—Não sei como dizer isso, mas você está diferente hoje. Notei desde que nos encontramos pela manhã. Está mais bonito, mais... um... deixe-me ver, mais iluminado.
Acho graça no seu comentário e fico intrigado se estou perdendo o controle da minha própria aparência. Inclino-me pra frente para dar ainda mais atenção a ela.
—Continue...
—Bem, vamos ser sinceros, meu amigo. Você está tão, tão... bem...
—Vamos lá, você consegue Ros!
—Ah, você está tão bipolar hoje!
Não resisto e solto uma tremenda gargalhada.
—Como assim? Explique exatamente o que isto significa.
—Você aparece lindo e loiro, com a aparência mais radiante que de costume. Durante a reunião foi implacável, mais que de costume. Aliás, assumiu mesmo o modo predador que deixou o tal do Backer trêmulo ao ponto de aceitar tudo.
—Ah, ele estava falido, não tinha muito como negociar. E você sabe o que eu penso de garotos inconsequentes que ferram com a herança da família.
—Não, não é isso não! Notei quantas divagadas você deu. Parece estar longe, distante. Ao mesmo tempo em que aparenta felicidade, também demonstra tristeza.
—Sério? Estou assim?
—Olha aqui, Grey. Isso para mim tem nome. Acho que você deve estar perdido em alguma Terra das Saias de Seda Esvoaçantes. Olho para ela intrigado e relutante. —Não Ros. Estou perdido no território da Srta Longas Madeixas Esvoaçantes.
Respondo com sinceridade.
—Digamos que estou perdido num turbilhão de emoções que nunca havia sentido. Que não sei decifrar...
Ela arregala os olhos para mim e me olha estática.
—E digamos também que não quero mais falar sobre isso. Controle sua curiosidade por enquanto.
Encerro a conversa e passamos a falar de negócios.


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Chego ao hotel às cinco e quinze. Cansado, mas contente com os negócios. Vou imediatamente para meu notebook e envio um e-mail para Anastasia. Estou curioso em saber como foi seu dia.
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De: Christian Grey
23 de maio de 2011 17:24
Para: Anastasia Steele
Assunto: Trabalhar para ganhar a vida

Querida Srta. Steele:


Espero que tenha tido um bom dia no trabalho.


Christian Grey

CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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Aperto "Enviar". Fico esperando por longos vinte e quatro minutos até chegar a resposta.




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De: Anastasia Steele
23 de maio de 2011 17:48
Para: Christian Grey
Assunto: Trabalhar para ganhar a vida

Senhor... Eu tive um dia excelente no trabalho.


Obrigada.

Ana
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Com certeza ela leu a papelada, está enfatizando muito a palavra que tanto quero ouvi-la dizer com voz rouca e excitada de tesão: Senhor!





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De: Christian Grey
23 de maio de 2011 17:50
Para: Anastasia Steele
Assunto: Ao trabalho!

Srta. Steele:


Alegro-me tanto que tenha tido um dia excelente.

Enquanto escreve e-mails, não está pesquisando.
Christian Grey
CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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De: Anastasia Steele
23 de maio de 2011 17:53
Para: Christian Grey
Assunto: Aborrecido

Senhor Grey, pare de me mandar e-mails e poderei começar a fazer minha tarefa.


Eu gostaria de tirar outro A.


Ana

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Nossa, isto sim é saber me provocar instantaneamente. Leio isto e meu pau já está duro preparado par fodê-la. Cenas das nossas trepadas deliciosas invadem minha mente. E eu respondo.




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De: Christian Grey
23 de maio de 2011 17:55
Para: Anastasia Steele
Assunto: Impaciente

Srta. Steele,


Deixe de me escrever e-mails... e faça a sua tarefa.

Eu gostaria de lhe dar outro A.
O primeiro foi muito bem merecido. ;)

Christian Grey

CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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Mando uma piscada maliciosa para ela e já imagino sua pele enrubescendo e sua encantadora mordida de lábios. Chega a resposta.





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De: Anastasia Steele
23 de maio de 2011 17:59
Para: Christian Grey
Assunto: Investigação na internet

Senhor Grey,


O que você sugere que eu coloque no buscador?

Ana
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De: Christian Grey
23 de maio de 2011 18:02
Para: Anastasia Steele
Assunto: Investigação na internet

Srta. Steele:


Comece sempre pela Wikipédia.

Não quero mais e-mails a menos que tenha perguntas.
Entendido?

Christian Grey

CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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Vamos Anastasia, comece logo a pesquisar assine estes malditos papéis e venha foder gostoso comigo! —Hey, Baby! Pesquise bastante sobre os caminhos que levam ao céu, porque é lá que vamos estar!




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De: Anastasia Steele
23 de maio de 2011 18:04
Para: Christian Grey
Assunto: Autoritário!

Sim... senhor.

É muito autoritário.

Ana

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Dou uma gargalhada sincera. Ela nem imagina o tamanho da minha autoridade, principalmente esta aqui que cresceu entre minhas pernas.





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De: Christian Grey
23 de maio de 2011 18:06
Para: Anastasia Steele
Assunto: Controlando

Anastasia, você não imagina quanto.

Bem, talvez agora faça uma ligeira ideia.
Faça o trabalho.


Christian Grey


CEO, Grey Participações e Empreendimentos Inc.
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Provavelmente ela foi cumprir a minha ordem porque não nos falamos mais. Aproveito o fim de tarde no hotel para descansar, responder e-mails e trabalhar em alguns projetos atrasados. Preciso de um bom banho porque ainda estou com a calça cinza e a camisa branca de linho que fui trabalhar. Estou concentrado na leitura e o som de chegada de e-mail me deixa curioso. Abro imediatamente o e-mail e quase infarto.




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De: Anastasia Steele
23 de maio de 2011 20:33
Para: Christian Grey
Assunto: Universitária escandalizada

Bem, já vi o bastante.

Foi legal conhecê-lo.

Ana

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Como assim, foi legal me conhecer? Dou um soco na mesa e um grito.


—Que porra é esta? O que está acontecendo aqui? Foi LEGAL me conhecer?
Não acredito na minha leitura. Será que de repente fiquei analfabeto? Pisco os olhos algumas vezes, mas as palavras estão lá: “Foi legal conhecê-lo
—Não Srta Steele, não gosto da forma do verbo “ser” no pretérito perfeito do indicativo. Nada ainda foi entre nós. Vamos conjugar este verbo na sua melhor forma: futuro do presente. Será, Srta Steele, será!
Quando levanto a cabeça percebo a presença de Taylor dentro da suíte.
—Sr Grey, ouvi o Senhor gritando, aconteceu alguma coisa?
—Aconteceu sim, Taylor. Vou sair imediatamente atrás de uma Srta. que não sabe conjugar verbos. Vou ensiná-la com se faz.
Ele me olha intrigado, mas apenas me segue. Saio do quarto pisando com fúria e esmurro o elevador que parece demorar horas para descer. Dispenso Taylor de me acompanhar, quero ir sozinho e rapidamente resolver esta situação.
Assim que tomo assento no carro, saio em disparada e já vou pensando no que fazer. Vou deixar aflorar meu alter ego dominante. Trouxe a gravata, quero deixá-la enlouquecida, precisando tanto de mim por perto que jamais vai pensar em me dispensar. Eu é que vou dispensá-la quando terminar o contrato. —Claro, Grey! Sempre foi assim, o comandante das missões impossíveis. Sempre foi, é, e sempre será: você!
—Não porra! Este pensamento não é meu. Não existe missão impossível no meu mundo. Fracasso nunca é uma possibilidade para mim. Você vai entender isso Anastasia Steele!
Chego a seu apartamento e sou recebido por uma boquiaberta Senhorita Kavanagh que me cumprimenta com cara de poucos amigos.
—Boa noite, bem não sabia que viria aqui hoje, Grey.
—Eu também não sabia, mas se me permite. —Nem espero permissão e já vou invadindo o apartamento a procura de Anastasia.
—Sei... ela está no quarto se é que quer a minha ajuda.
Antes dela terminar já encontrei o quarto onde a avisto sentada. Está com duas tranças nos cabelos, levemente suada, parece que ainda não tomou banho. Veste um moletom, pelo jeito estava se exercitando. Ao mesmo tempo em que ouve o iPod escreve em frente a alguns papéis. Observo que são nove e cinco, cheguei aqui em tempo recorde. Fico alguns minutos a obervando com muita raiva e... muita alegria. Como é bom estar na presença dela.
De repente levanta os olhos e se depara comigo ali, parado em sua porta. Lobo uivando em silêncio, enlouquecido com a possibilidade de não tê-la para mim e rodando as chaves do carro como se fossem um chicote de couro. —Ah, quando eu te pegar com meu chicote Anastasia Steele!
Ela percorre meu corpo com seus olhos reluzentes e, ao invés de corar, empalidece a medida que percebe minha presença. Eu digo com muita raiva.
— Boa noite, Anastasia. Eu senti que o seu e-mail merecia uma resposta em pessoa — explico em tom seco.
Ela abre a boca e volta a fechá-la, duas vezes. Não emite nenhuma resposta que eu possa ouvir, porque está em estado de choque. Eu nem acredito que estou em seu quarto.
— Posso me sentar? — pergunto agora com olhos divertidos porque sinto que a surpreendi.
Ela concorda com a cabeça me observando e eu sento em sua cama.
—Perguntava-me como seria seu quarto — digo.
Percebo que seu quarto é funcional, mas acolhedor, poucos móveis brancos de vime e uma cama de casal branca, de ferro, com uma colcha de patchwork azul e creme.
— É muito sereno e tranquilo - murmuro.
De repente a cor começa a voltar à sua face ao pronunciar uma única palavra.
—Como...?
Entendo que ela quer saber como cheguei tão rapidamente até aqui. Sorrio para ela.
—Ainda estou no Heathman. Mas acho que você já sabia, não?
—Sim, sabia. Quer tomar algo? — Ela mal consegue falar.
—Não, obrigado, Anastasia. —Esboço um meio sorriso com a cabeça ligeiramente inclinada para ela.
—Então, foi legal me conhecer?
Ela olha para baixo, para os seus dedos.
— Pensei que me responderia por e-mail. — diz em voz muito baixa, patética enquanto morde o lábio.
—Você está mordendo o lábio de propósito? — pergunto muito sério, porque temo que ela esteja brincando comigo sem saber do que sou capaz de fazer. —Ah, Srta Lábios Provocantes, não mexa com um lobo faminto em busca de carne macia!
Ela pisca os olhos, abre a boca e solta o lábio.
—Não estava consciente de que estava mordendo o lábio — murmura.
Meu coração está disparado. Sinto a tensão, essa deliciosa eletricidade estática que invade o espaço. Ela está sentada muito perto de mim, com sua timidez maravilhosa e sua beleza desconcertante. Estou com os cotovelos apoiados nos joelhos e as pernas separadas para abrigar meu pau latejante que já ameaça explodir meu zíper. Não resisto, inclino-me, desfaço uma trança muito devagar e separo seus cabelos com os dedos. Ela fica com a respiração presa e não se move, apenas observa hipnotizada minha mão movendo-se para a outra trança, tirando a borracha e desfazendo a trança com meus compridos e hábeis dedos.
— Vejo que você decidiu fazer um pouco de exercício — falo em voz baixa e melodiosa, colocando seu cabelo atrás da orelha. — Por que, Anastasia? — Rodeio sua orelha com os dedos e muito suavemente, ritmicamente, acaricio o lóbulo. Isso é muito sexual.
— Necessitava de um tempo para pensar —sussurra. Ela parece uma gatinha indefesa, tentando buscar a proteção contra o lobo que a assombra, mas excita. Sei exatamente o que estou fazendo. Vou enlouquecê-la de tesão.
— Pensar no que, Anastasia?
— Você.
—E você decidiu que foi legal me conhecer? Refere-se a me conhecer em sentido bíblico?
Ela ruboriza.
— Não pensava que fosse um perito na Bíblia.
— Eu ia à catequese aos domingos, Anastasia. Aprendi muito. —Vai me provocando, vai. Vou te colocar de joelhos à beira da morte por prazer, clamando por mim Monsenhor Grey, para te dar a extrema unção: meu pau nas suas entranhas.
Meus lábios se arqueiam desenhando um ligeiro sorriso por causa dos meus pensamentos infames. Ela dirige o olhar para minha boca.
—Bom, pensei que devia vir a lhe recordar quão legal foi me conhecer.
Ela fica olhando para mim de boca aberta, e meus dedos se movem da orelha para o seu queixo.
—O que lhe parece, Srta Steele?
Meus olhos cinzentos brilham para ela, há um desafio intrínseco em meu olhar. Meus lábios estão entreabertos, esperando, alerta para atacar. O desejo, agudo, líquido e fumegante - arde no mais profundo do meu ser.
Para minha surpresa ela adianta-se e se lança para mim. Movo-me, e em um abrir e fechar de olhos a imobilizo na cama sob mim. Mantenho-a com as mãos estendidas e indefesas por cima da cabeça, com minha mão livre agarro seu rosto e minha boca procura a dela.
Coloco a língua em sua boca, invado seu território úmido com sede voraz e me delicio com seu gosto. As mais deliciosas sensações se apoderam do meu corpo e sei que ela sente o mesmo, pois colabora e não oferece resistência. Eu tenho muitas ideias do que fazer com ela, pois preciso conquistá-la da maneira que mais sei fazer bem: fodendo! Sei que não tenho outras qualidades tão interessantes assim, a não ser muito dinheiro. Sou fodido em cinquenta tons...
Deixo de beijá-la e contemplo seu rosto excitado. Ela abre os olhos e me surpreende a olhando fixamente.
—Confia em mim? — pergunto.
Ela concorda, com os olhos muito abertos e com a respiração entrecortada de tesão. Estico o braço e tiro do bolso da calça a gravata de seda cinza. Sento-me rapidamente montando sobre ela e amarro suas mãos. Depois amarro o outro extremo da gravata ao canto da cama. Puxo o nó para comprovar que está seguro. Ela não vai a nenhuma parte. Está atada à sua própria cama, e muito excitada.
Levanto-me e fico em pé junto à cama, olhando-a com olhos turvos de desejo. Estou triunfante e aliviado.
— Melhor assim — murmuro e esboço um sorriso perverso de conhecimento da cena que vislumbro. Inclino-me e começo a lhe desamarrar um tênis.
—Não! — Ela protesta e empurra para que a solte.
Percebo que está envergonhada por não ter tomado banho, mas eu também ainda não tomei. — Calma Srta Suadinha, mesmo assim sua essência é deliciosa! A inexperiência dela é tamanha que não chega a pensar que, de vez em quando, um pouco de suor é uma possibilidade excitante. Eu me detenho e advirto.
—Se lutar, amarrarei também os pés, Anastasia. Se fizer o menor ruído, te amordaçarei. Fique quieta. Katherine provavelmente está aqui e poderá me escutar lá fora.
Ela fica quieta me observando com olhos azuis arregalados. Tiro os tênis e as meias, e baixo muito devagar sua calça de moletom. —Oh, aqui está a gruta que vou invadir!
Levanto-a, retiro a colcha e o edredom e a coloco de barriga para cima sobre os lençóis.
— Vejamos. —passo a língua lentamente pelo lábio inferior. — Está mordendo o lábio, Anastasia. Sabe o efeito que tem sobre mim. — Pressiono meu longo dedo indicador na sua boca como advertência.
Eu mal posso me conter. Vê-la ali indefesa, tombada é um afrodisíaco arrebatador. Movo-me tranquilamente pelo seu quarto. Lentamente, sem pressa, tiro os sapatos e as meias, desfaço-me da calça e tiro a camisa. Vou fazendo meu show particular para ela. Sei que não é indiferente ao meu corpo.
— Acredito que você viu muito — rio maliciosamente. Volto a sentar-me em cima dela, escarranchado, e levanto sua camiseta. Ela pensa que vou tirar, mas a enrolo à altura do pescoço e logo a subo de maneira que deixo descoberta sua boca e o nariz, mas cubro os olhos para que não veja nada. —Sou eu, o dominador te privando do maior sentido: a visão. Agora tenho total controle, Anastasia!
— Mmm — sussurro satisfeito. — Isto está cada vez melhor. Eu vou tomar uma bebida. Inclino-me, beijo-a brandamente nos lábios e saio de cima dela.
Faço barulho para que ela perceba que estou saindo do quarto. Quanto maior for a expectativa, maior será o prazer.
Antes de sair do quarto, tive o cuidado de recolocar minha calça e camisa, mas estou descalço. Não preciso fazer um show para esta chata, mas sei que Anastasia deve estar desesperada me imaginando seminu perante sua amiga.
Chego à sala e peço para uma Katherine embasbacada.
— Vocês tem algum tipo de bebida aqui? Pergunto.
Ela aponta para a geladeira e responde rapidamente.
—Geladeira ali. Armários ao lado. Sirva-se. —Apenas aponta o dedo e não se move do sofá.
Abro a geladeira como se estivesse na minha casa. Encontro um vinho branco, gelo e pego uma taça no armário. Não é bem o que eu tinha em mente, mas servirá. Volto pela sala e mostro o que peguei, erguendo a taça como se estivesse brindando. Katherine me fuzila com o olhar, mas não dou importância.
Retorno ao quarto e me dispo devagar para que ela não perceba. Faço barulho com a taça e as pedras de gelo. Ela está se retorcendo na cama me proporcionando uma visão incrível. Estou abusando das sensações auditivas para que ela se excite cada vez mais. Monto novamente sobre ela.
— Tem sede, Anastasia? — pergunto em tom zombador. — Sentiu como o dominador sabe causar expectativa e tensão pelo que está por vir, Anastasia?
— Sim, estou com a boca seca — ela responde. Faço barulho com o gelo no copo para que ela ouça. Passo gelo em meus lábios e encho a boca com o vinho. Inclino-me e, ao lhe beijar, derramo o vinho branco bem gelado em sua boca. Tudo para causar-lhe uma sensação diferente e inesperada. —Surpreendê-la é minha missão, Srta Boca Gostosa.
Ela geme de prazer e surpresa. Lambe várias vezes os lábios ofertando sua língua gostosa para ser apreciada.
—Mais? — sussurro.
Ela aceita e bebe outro gole de meus lábios... —Oh, meu Deus. Ela tão submissa assim e aceitando tudo o que eu faço é enlouquecedor.
— Não vamos muito longe, sabemos que sua tolerância ao álcool é limitada, Anastasia.
Ela começa a rir, e eu me inclino e derramo mais vinho em sua boca. Deito ao seu lado e deixo que sinta minha ereção.
—Isso parece legal para você? — pergunto com voz de extrema malícia.
Percebo sua tensão. Volto a mover o copo, beijo-a e, junto com o vinho, solto um pedaço de gelo, em sua boca. Muito devagar começo a descer com os lábios desde seu rosto, passando por seus seios, até seu torso e ventre. Coloco uma parte de gelo no seu umbigo, onde se forma um pequeno lago de vinho muito frio. Observo embevecido o arrepio que provoco em sua pele e o desespero que causo em seu corpo para explodir em prazer.
— Agora tem que ficar quieta —sussurro — Se você se mover, molhará a cama de vinho, Anastasia.
Seus quadris se flexionam automaticamente.
—Oh, não. Se derramar o vinho, vou te castigar, Srta. Steele.
Ela geme, mas tenta se controlar.
—Oh, não... por favor. —implora.
Baixo com um dedo as taças do sutiã e deixo seus seios no ar, expostos, durinhos e vulneráveis. Inclino-me, beijo e pego seus mamilos com os lábios frios, gelados. Ela luta contra seu corpo, que responde arqueando-se.
—Você acha isto legal? — pergunto apertando um mamilo.
Pego mais gelo e passo ao redor de seu mamilo direito, enquanto puxo de uma vez o esquerdo com os lábios. Ela geme e luta para não se mover numa desesperadora e doce tortura.
— Se derramar o vinho, não deixarei que goze.
— Oh... por favor... Christian... Senhor... por favor. — estou a deixando louca e abro um amplo sorriso de contentamento. Pena que ela não possa ver minha expressão de poder.
O gelo de seu mamilo está derretendo. Ela está muito quente... Quente, molhada e morta de desejo. Deslizo muito devagar os dedos gelados pelo seu ventre. Com a pele hipersensível, seus quadris se flexionam e o líquido do umbigo, agora menos frio, goteja-lhe pela barriga. Movo-me rapidamente e a lambo, beijo, mordo brandamente e chupo-lhe.
—Oh, Baby. Anastasia, você se moveu. O que vou fazer contigo? — Falo em voz ameaçadora.
Ela ofega em voz alta, mas a única coisa que pode se concentrar é em minha voz e meu tato. Deslizo os dedos por dentro da sua calcinha. Ela está tão molhadinha para mim. Deixo escapar um profundo suspiro.
—Oh, Baby. Viu como sou legal?— murmuro e introduzo-lhe dois dedos.
Ela sufoca um grito.
— Estará pronta para mim logo — digo movendo meus dedos devagar, dentro e fora, enquanto ela empurra e eleva os quadris para mim.
— Você é uma garota gulosa — a repreendo baixinho, enquanto meu polegar circunda o seu clitóris e em seguida, pressiono para baixo.
Ela ofega e seu corpo estremece sob seus peritos dedos. Estico um braço e retiro a camiseta dos seus olhos para que possa me ver. A tênue luz do abajur a faz piscar.
— Eu quero tocar você. — implora.
—Eu sei — murmuro. Inclino-me e a beijo sem deixar de mover os dedos ritmicamente dentro de seu corpo, riscando círculos e pressionando com o polegar. Com a outra mão recolho seu cabelo para cima e prendo a cabeça para que não se mova. Vou fazendo com a língua em sua boca os mesmos movimentos dos meus dedos em sua bocetinha apertada e quente. É tentador e delicioso fodê-la com os dedos. Ela se empurra e se oferece para minha mão. Quando percebo que está prestes a gozar retiro gentilmente minha mão. Ela está frustrada e impaciente. Repito isso uma e outra vez. Isso a deixa maluca.
—Oh, por favor, Christian! —ela implora por gozar.
— Este é seu castigo, tão perto e de repente tão longe. Você acha isso legal? — sussurro ao seu ouvido.
Ela choraminga, esgotada, e puxa seus braços amarrados. Está indefesa, perdida em uma tortura erótica. Certamente está entendendo que o motivo disto tudo é seu e-mail. E é, pois fiquei furioso. Por isso resolvi aplicar nela a técnica que nós dominadores adoramos: a privação de sentidos a fim de humilhar e castigar um submisso.
— Por favor— suplica-me, e eu finalmente tenho piedade dela, afinal sua inexperiência ainda requer muitos cuidados nas técnicas utilizadas.
—Como quer que lhe foda, Anastasia?
Seu corpo começa a tremer e volta a ficar imóvel.
— Por favor.
— O que você quer, Anastasia?
— Você... agora - ela grita.
— Como quer que eu lhe foda? Há uma variedade infinita de maneiras legais — respiro contra seus lábios. Retiro minha mão e pego a camisinha que deixei na mesa de cabeceira. Ajoelho-me entre suas pernas e, muito devagar, tiro sua calcinha sem deixar de lhe olhar com olhos brilhantes e devoradores. Coloco o preservativo. Ela observa fascinada, hipnotizada.
—Isto lhe parece legal? —digo enquanto me acaricio.
— Eu quis dizer isso no e-mail como uma brincadeira — choraminga. —Por favor, me foda Christian!
Eu levanto as sobrancelhas, deslizando a mão para cima e para baixo em meu pau que adquiriu um tamanho impressionante.
— Uma brincadeira? — pergunto com a voz ameaçadoramente suave.
— Sim. Por favor, Christian, agora! — implora.
— Você está rindo agora?
—Não — ela choraminga.
A tensão sexual entre nós está a ponto de explodir. Olho-a por um momento, avaliando seu desejo. Agarro-a e coloco-a de quatro de forma que se apoie nos cotovelos. Empurro seus joelhos para elevar o traseiro e lhe dou um forte tapa. Antes que possa reagir, penetro-a. Ela grita e goza imediatamente uma...outra... e outra vez, caindo exaurida debaixo de mim. Sigo dando fortes e deliciosas estocadas para dentro dela. Não me detenho, empurro uma e outra vez... e sinto que ela volta a se contorcer outra vez...
— Vamos, Anastasia, goze para mim mais uma vez — rosno por entre os dentes cerrados, e inacreditavelmente, seu corpo responde, convulsionando em torno do meu pau e gritando o meu nome. Eu também não aguento mais e me perco em gozo e satisfação. Caio em cima dela, ofegando. Mas, de repente, o medo de sua reação me apavora. Será que eu consegui mostrar o quanto posso ser importante na vida dela?
—Quanto você achou legal? — pergunto com os dentes apertados e com medo da resposta.
Ela está caída na cama, devastada, ofegando e com os olhos fechados. Não responde. Separo-me dela com cuidado, muito devagar. Levanto-me e começo a me vestir. Quando acabo, volto para a cama, desamarro-a e a livro da camiseta. Flexiona os dedos e esfrega as bochechas, sorrindo. Ajusta o sutiã enquanto eu atiro a colcha e o edredom para lhe tampar. Olha para mim aturdida e eu devolvo o sorriso.
— Foi realmente muito legal — sussurra timidamente.
— Não use esta palavra de novo.
— Você não gosta da palavra legal?
— Não. Não tem nada a ver comigo.
— Oh... Eu não sei... parece ter um efeito positivo para você. Depois disso tudo!
— Eu sou um efeito positivo? Isso é o que sou agora? Poderia ferir mais meu amor próprio, Srta Steele?
— Não acredito que tenha algum problema de amor próprio.
— Acha isso mesmo? — pergunto em tom amável. Estou deitado ao seu lado, vestido, com a cabeça apoiada no cotovelo e ela está apenas com o sutiã.
— Por que você não gosta que lhe toquem?
—Porque não. — Me inclino e a beijo suavemente na testa. — Então, esse e-mail que você mandou era uma brincadeira? —termino logo a conversa, pois não sei como explicar a ela sobre não gostar de ser tocado.
Ela sorri timidamente e encolhe de ombros.
— Estou vendo. Então ainda está pensando em minha proposta?
—Sua proposta é indecente... Sim, estou pensando nela. Mas, tenho algumas questões.
Agora sim estamos falando minha língua. Sorrio aliviado.
— Ficaria decepcionado se não tivesse algumas coisas para discutir.
— Eu ia mandar isso por e-mail, mas você me interrompeu.
— Coitus interruptus.
— Vê, eu sabia que tinha um pouco de senso de humor escondido por aí. — Ela me diz sorridente.
— Não é tão divertido, Anastasia. Pensei que estava me dizendo não, sem discussão. — Minha voz falha pela emoção.
— Ainda não sei. Não decidi nada. Você vai me colocar uma coleira?
Eu levanto as sobrancelhas, achando muita graça.
— Você esteve pesquisando. Eu não sei, Anastasia. Nunca dei uma coleira para alguém.
— Você já usou uma coleira? — pergunta, num sussurro.
— Sim.
— Da Senhora Robinson?
— Senhora Robinson? Por causa do filme “A Primeira Noite de um Homem”?
Ela faz que sim com a cabeça. Caio na gargalhada despreocupado, a ponto de jogar a cabeça para trás. Ela sempre me surpreende com criatividade e sorri para mim também.
— Vou contar como a chama, ela vai adorar.
— Você continua em contato com ela? — pergunta sem poder dissimular certo temor.
— Sim. — respondo muito sério e percebo que ela se incomoda com Elena.
— Entendi — diz em tom tenso. — Assim tem alguém com quem comentar seu estilo alternativo de vida, mas eu não posso.
Eu franzo as sobrancelhas em preocupação.
— Acredito que nunca pensei por este ponto de vista. A senhora Robinson fazia parte deste estilo de vida. Eu disse a você que agora é uma boa amiga. Se quiser, posso te apresentar a uma de minhas ex submissas. Poderia falar com elas.
— Esta sua ideia é uma piada?
— Não, Anastasia. — Confuso, balanço a cabeça seriamente.
— Não... eu vou fazer isso do meu jeito, muito obrigada — ela responde bruscamente, puxando o cobertor até seu queixo.
Eu a observo perdido, surpreso. Não tinha ideia que a ofenderia. Isso seria ciúmes? Não pode ser...
— Anastasia, eu... — não sei bem o que dizer. Outra novidade para lidar. — Não queria te ofender.
— Não estou ofendida. Estou consternada.
— Consternada?
— Não quero falar com nenhuma ex-namorada... escrava... sub... ou qualquer nome que você chama.
Ela está irritada e eu estou me divertindo com sua atitude.
— Anastasia Steele, está com ciúmes?
Ela fica vermelha e responde com outra pergunta.
— Você vai ficar... vai dormir aqui?
— Amanhã, no café da manhã, tenho uma reunião no Heathman. Além disso, já te disse que não durmo com minhas namoradas, escravas, submissas, com ninguém. Sexta-feira e sábado foram uma exceção. Não voltará a acontecer. — Falo com determinação atrás de uma doce voz rouca. —É isto o que eu tenho a oferecer e já fui além dos meus limites rígidos com a Srta...
Ela franze os lábios.
— Bem, estou cansada agora.
— Você está me chutando para fora, me dispensando? — Levanto as sobrancelhas, perplexo e um pouco aflito, pois é a primeira vez que uma mulher me dispensa desta forma. A maioria implora por minha companhia!
— Sim. —ela responde com naturalidade.
— Bem, outra novidade. — a encaro especulativamente, com muita curiosidade. — Não quer discutir nada agora? Sobre o contrato?
— Não. — responde de mau humor.
— Deus, eu gostaria de dar-lhe uma boa surra. Você se sentiria muito melhor, assim como eu.
— Você não pode dizer essas coisas... Ainda não assinei nada.
— Um homem pode sonhar, Anastasia. — Me inclino e a agarro pelo queixo. — Quarta-feira? — Murmuro e a beijo rapidamente nos lábios.
— Quarta-feira. — responde. — Eu acompanho você até lá fora. Só me dê um minuto. Ela senta, coloca a camiseta e me empurra para obter espaço na cama. Não faço relutância porque estou curtindo muito este momento de intimidade entre nós.
— Pegue a minha calça de moletom, por favor.
Eu pego a calça do chão e lhe entrego.
— Sim, senhora! — Tento ocultar meu sorriso, mas não consigo. É muito interessante receber ordens dela.
Olha-me de cara feia, enquanto põe as calças. Está toda descabelada, com cara de quem acabou de foder gostoso. Coloca um elástico no cabelo e sai do quarto espreitando alguma coisa. Claro, está à procura de Katherine que fala ao telefone. Deve estar pensando numa explicação para dar à chatinha de plantão. Reviro os olhos com este pensamento e a sigo até a saída.
Abre-me a porta e olha para as mãos. Está terrivelmente tímida novamente. Cruza os braços e bate com o pé no chão, sem olhar em meu rosto. Parei junto à porta, agarro-a pelo queixo e a obrigo a me olhar. Minha testa enruga ligeiramente, estou preocupado, pois algo está muito errado a tirando do eixo. — O que eu fiz de errado, que não foi LEGAL?
— Você está bem? — pergunto acariciando seu queixo com meu polegar. Tenho medo que ela ouça a arritmia do meu coração. —Não me dispense, não me diga não, Anastasia Steele
— Sim. — responde aparentando muita insegurança, como se quisesse dizer outra coisa. —Não diga que não me quer! Saia desta mente, pensamento aterrorizante!
— Quarta-feira, — confirmo, inclino-me e a beijo com ternura. De repente sinto aquela fome insaciável por ela. Meus lábios a sugam com urgência e necessidade, minha respiração se acelera. Seguro sua cabeça com uma mão de cada lado, como se a prendesse para não fugir dali, para não fugir... de mim!
Ela colocou as mãos em meus braços e, para minha surpresa, não as desliza, fica ali parada, contida. Pergunto-me se não sente o mesmo por mim, ou se entendeu que não posso ser tocado.
Encosto minha testa na dela, de olhos fechados, com a voz tensa. Tenho que ir embora, mas não quero. Entre nós é sempre assim, uma luta entre o querer e o poder, entre o vazio e o preenchimento, entre a entrega e a fuga, companhia e ... solidão.
— Anastasia — sussurro — o que você está fazendo comigo?
— O mesmo eu poderia dizer para você, Christian. — sussurra de volta.
Respiro profundamente, beijo sua testa e parto. Avanço em passo decidido para o carro passando a mão pelo cabelo. Se demorar mais um pouco não conseguirei partir. Enquanto abro a porta, levanto os olhos e enxergo ali a estrela que ilumina minha noite sem luar, minha escuridão. Lanço um sorriso para ela e sou retribuído. Vejo o momento que ela fecha a porta e saio em disparada com meu carro.
A rua está calma, sem trânsito, poucas estrelas no céu e uma lua tímida brilha para poucos expectadores.ligo meu iPod e a voz poderosa de Bono Vox e seu U2 ecoam gloriosamente pelo carro. A canção é “ With or without you”
♩♫ “Veja a pedra jogada em seus olhos
Veja o espinho torcido em seu lado
Eu espero por você
Truque de mão e capricho do destino
Em uma cama de pregos ela me faz esperar
E eu espero, sem você ou com ou sem você ou com você
Através da tempestade alcançamos a costa
Você dá tudo mas eu quero mais
E eu estou esperando por você
Com ou sem você Com ou sem você
Eu não posso viver Com ou sem você
E você se entrega E você dá E você dá E você se entrega
Minhas mãos estão amarradas
Meu corpo ferido, ela me tem com Nada para ganhar
E nada mais para perder
Com ou sem você Com ou sem você
Eu não posso viver Com ou sem você” ♩♫
Enxergo tudo de forma embaçada, apesar do vidro do R8 estar impecavelmente limpo. É uma maldita lágrima que teima em cair...

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